Pecado Capital

Ao reprovarem o aumento do número de sessões no Legislativo, os vereadores de Bento mais uma vez parecem não escutar os apelos da opinião pública da cidade, já um tanto contrariada com a ampliação do número de cadeiras neste mandato. Os 10 vereadores que derrotaram o projeto apresentado pelo vereador Moacir Camerini (PT) com a co-autoria de Moisés Scussel (PMDB) podem até ter razões plausíveis, mesmo que não as tenham apresentado em plenário, mas o recado para a sociedade é negativo (a lembrança dos pecados capitais dos cristãos é inevitável mas inaceitável) e pode custar prestígio político a cada um deles, reconhecidos pelo voto em aberto na sessão da segunda-feira, 25. As bancadas do PP (Adelino Cainelli, Ênio de Paris e Vanderlei Santos) e do PPS (Adriano Nunes e Marlen Pelicioli) votaram coesas contra as duas sessões, na companhia dos vereadores Gilmar Pessutto (PSDB), Marcos Barbosa (PRB) e Leopoldo “Raquete” Benatti (PTB). Além deles, o pedetista Clemente Mieznikowsi destoou da bancada ao votar contra o projeto, mesmo caminho seguido por Márcio Pilotti (PMDB), que votou contra ainda que seu companheiro de bancada seja um dos autores do projeto. Os 10 a seis não intimidam Camerini, que pretende aproveitar uma alternativa regimental para reapresentar o projeto em três meses. Cidades até mesmo menores já adotaram com sucesso a medida, que pode agilizar a administração pública e qualificar os trabalhos legislativos, além de ampliar o espaço de representação da sociedade. Tudo isso sem aumentar os subsídios dos vereadores, claro. Não aprovar o projeto é mesmo um pecado.

Preço & canetaço

Acreditar que o canetaço da presidente Dilma Rousseff ao desonerar os produtos da cesta básica iria significar uma redução dos preços nas prateleiras – uma média de 10%, como anunciou Dilma – parece mesmo ingenuidade. Até agora, o efeito prático da medida pouco foi notado nos mercados. Isso acontece porque, na terra campeã em impostos, os tributos federais não são os únicos a elevar os preços. Mesmo que o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, não canse de afirmar que as redes supermercadistas gaúchas estão comprometidas com o consumidor, há pressão de alta no mercado. Ou seja, se a maioria dos preços não subir, já será grande coisa. A carne apresentou redução quase imediata, e outros produtos devem seguir a receita, mas a lista não deverá ser extensa. No caso do café, por exemplo, ainda que a União tenha cortado cerca de 4% dos impostos, o governo gaúcho aumentou a cobrança em quase 9% no mês passado. Na conta, o consumidor deverá em breve ver o preço do cafezinho de todo dia aumentar em vez de cair. Para Longo, sem a desoneração da cesta básica, os alimentos teriam um aumento médio de 12%.

Pacote de bondades

Anunciado em junho do ano passado, o pacote de compras governamentais que estabeleceu investimentos de R$ 8,4 bilhões para reanimar a indústria nacional já está fazendo alguns empresários serranos respirarem mais aliviados neste final do primeiro trimestre de 2013. Com recursos do PAC Equipamentos, o pacote do governo beneficiou a cadeia da indústria de caminhões e ônibus e o setor moveleiro. Na conta da Movergs, pelo menos 15% dos mais de 3 mil itens de mobiliário licitados ainda no ano passado pelo programa veio para quatro indústrias da região. No setor metalúrgico, o incremento é ainda mais notável. Só o grupo Randon garantiu R$ 120 milhões depois que emplacou 643 de um total de 3.394 retroescavadeiras adquiridas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário para repassar aos municípios. Também de Caxias, a Marcopolo abocanhou quase a metade do bolo de mais de 15 mil veículos escolares comprados pelo governo. Se no ano passado o investimento do governo ajudou as indústrias a perder menos, em 2013 a expectativa é positiva, e já há quem fale em recordes de produção.

A comunidade e o Consepro

A implantação do policiamento comunitário está mais perto com a aprovação, ainda em primeira votação, do Projeto de Lei que permite ao município conceder auxílio-aluguel aos 26 policiais que atuarão nos seis núcleos da Brigada Militar e um da Polícia Civil. A intenção é que o início das atividades tenha sinal verde até o final de abril. Na esteira, os vereadores aprovaram a volta dos repasses de recursos do estacionamento rotativo para o Consepro, apagando uma das heranças polêmicas do governo de Roberto Lunelli em uma votação interessante, que isolou o voto contrário da bancada petista e mostrou vereadores que, na legislatura anterior, votaram para retirar as verbas do Consepro e passar ao Consecom agora mudando de ideia. No final das contas, o novo formato pode ser positivo tanto para agilizar o auxílio às forças de segurança quanto para garantir a idoneidade das ações. A maior agilidade do Consepro é admitida mesmo por integrantes do Consecom, e a correção na aplicação dos recursos deve ser garantida pela fiscalização do próprio Consecom. Deixando as intricadas relações político-partidárias de lado, parece ser uma boa saída. Tomara não morder a língua.

MANDATO CORPORATIVISTA

O prefeito de Santa Tereza, Diogo Segabinazzi Siqueirab (foto), é o novo presidente da Associação dos Municípios da Encosta  Superior do Nordeste (Amesne) desde o fim da semana passada. Em segundo mandato, a eleição do único tucano entre os 32 prefeitos da associação para suceder o vizinho Adenir Dallé, ex-prefeito de Monte Belo do Sul, pode ser comemorada como um reconhecimento pela principal votação entre os 11 prefeitos da região que conquistaram a reeleição nas urnas de 2012. Siqueira foi reeleito com mais de 61% dos votos válidos. Entre os mais cotados para a presidência da associação municipalista, o também reeleito Fernando Xavier da Silva, de Carlos Barbosa, não entrou na disputa. Nos bastidores da Amesne, circulava que o pedetista quer voos maiores no universo municipalista. Siqueira iniciou o mandato assinando uma moção ao prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, citado no inquérito que apura as responsabilidades sobre o incêndio na boate Kiss, aprovada durante a reunião realizada em Bento. O documento afirma que responsabilizar criminalmente um prefeito em um caso como o da tragédia ocorrida em Santa Maria é “temerário” e “afeta a própria concepção de gestão pública”.

Ponto

  • Na terça-feira, o TCE realizou em Caxias um encontro para orientar prefeitos, vereadores e servidores sobre temas pertinentes ao controle externo, principalmente voltados ao início de mandato.
  • O encontro, realizado a cada dois anos, trouxe para a região o diretor geral Valtuir Pereira Nunes e um profissional que ficou bastante conhecido por aqui: o supervisor de auditoria municipal Leo Arno Richter, que comandou as investigações na prefeitura de Bento.
  • A intenção deles é evitar futuros erros que possam acarretar em desperdício do dinheiro público. Quanto ao caso de Bento, nem uma palavra até sair o relatório.
  • Confirmando as perspectivas de recuperação este ano, a indústria de transformação foi, pela segunda vez consecutiva no ano, o setor que mais gerou vagas de emprego formal em Bento.
  • No total, foram abertos 425 postos de trabalho na cidade, um aumento de 1,05% sobre o total de empregos formais registrado em janeiro. A indústria foi responsável pela abertura de 223 vagas, ou seja, mais da metade dos postos criados no mês anterior.
  • A audiência pública em caxias sobre os pedágios, marcada para o dia 5 de abril, foi transferida para o dia 11.
  • Prestes a completar 100 dias de governo, a prefeitura ainda mantém a real situação das finanças públicas guardadas a sete chaves.
  • Ainda não há indícios de quando a secretaria de Finanças fará à população uma apresentação do balanço final do ano passado.
  • Além disso, a população não tem mais acesso aos dados que, até o governo anterior, eram publicados no mural da prefeitura, como o saldo que a prefeitura tem em caixa.