A UFRGS E A SERRA GAÚCHA

O namoro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com a Serra Gaúcha pode ganhar emoção nos próximos capítulos. Depois de um certo esfriamento na relação, para aplacar a sanha dos municípios que pretendem conquistar a sede do campus serrano da universidade, o vice-reitor da universidade, Rui Vicente Oppermann (foto abaixo), garantiu esta semana ao novo presidente da Amesne, o prefeito de Santa Tereza, Diogo Segabinazzi Siqueira (foto acima), a implementação do campus na região. O encontro em Porto Alegre marca a posição da entidade municipalista em conduzir a história para garantir um final feliz. A “DR” confirmou que a decisão da cidade que abrigará o campus vai passar exclusivamente por critérios definidos pela instituição federal. Mesmo sem uma confirmação oficial, Siqueira acredita que há uma possibilidade de um novo encontro que pode esquentar de vez a relação: ele convidou Oppermann a participar da próxima reunião da Amesne, no dia 26, em Santa Tereza. À coluna, Siqueira garantiu que a entidade será protagonista no encaminhamento das principais demandas regionais, entre as quais se enquadra a conquista do campus da universidade pública. Para confirmar isso, ele assegurou a Oppermann o apoio irrestrito dos prefeitos à decisão da UFRGS, e garantiu que, para a Serra, o importante é a concretização do projeto.

TARSO AQUI

Está confirmada a presença do governador Tarso Genro na audiência pública sobre o novo modelo de pedágio que será realizada em Caxias do Sul na quinta-feira, 11. Além de apresentar o modelo de gestão da EGR, o governador terá que explicar as pendências judiciais e, claro, deve confirmar se o Estado irá ou não abrir as cancelas da praça de Farroupilha cinco dias depois.

Desonera, ma non troppo

Apesar da redução das tarifas da energia, da desoneração da cesta básica e do controle dos preços da gasolina, entre outras medidas governamentais para diminuir o peso dos impostos no bolso dos brasileiros, o primeiro trimestre não foi lá muito econômico nos aumentos. A tarifa da energia baixou, mas os impactos positivos são ameaçados pela grande variação nos preços da gasolina em Bento, o litro do combustível pode variar até 25% nos postos), pelo aumento dos impostos estaduais nos produtos de primeira necessidade (no fim das contas, apenas quatro produtos da cesta foram desonerados agora), e pelo já praticado aumento no preço dos medicamentos (em muitos lugares, até mais do que os 6,31% autorizados como teto pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos).

Ano sacrificado

O prefeito Guilherme Pasin revelou à coluna que, mesmo sem confirmar um número real para o orçamento anual da cidade, trabalha com um valor cerca de 20% menor que os mais de R$ 320 milhões que constam na Lei do Orçamento aprovada pela Câmara de Vereadores no final do ano passado. As estimativas dão conta de que as receitas devem ficar em torno dos R$ 250 milhões, o que impediria o município de realizar investimentos com recursos próprios. Pasin calcula que a dívida herdada por seu governo deve chegar a 22% do orçamento próprio de Bento – aquele que não leva em conta as transferências de outras esferas governamentais ou convênios, por exemplo. Para botar ordem na casa e recuperar a capacidade de investimento da prefeitura (em média de 8,8% do orçamento) para os próximos anos de seu mandato, a decisão do novo governo foi “sacrificar o ano”, revelou Pasin à coluna.

Casa desarrumada

Arrumar a casa é a prioridade entre as prioridades. A troca de governo revelou uma realidade assustadora: os graves problemas financeiros, aliados à precária sustentação da administração pública – alicerçada em serviços terceirizados em áreas cruciais como a Saúde e a Educação – e agravados pela imposição judicial de cessar gastos, criaram um efeito cascata de problemas que escancarou as carências dos serviços públicos. A falta de médicos fez as filas nos postos de saúde voltar com intensidade ao cotidiano dos bairros, a lista de espera por cirurgias enche páginas e mais páginas; não há professores em número suficiente para atender à demanda escolar ou perspectiva imediata para nomear os concursados. O quase desmonte do Samu amplia a tensão na Saúde, a morosidade e alguns desacertos nas obras de saneamento nos bairros exigem intervenção, as falhas da construção do transbordo mostram uma herança ainda mais nebulosa. Os problemas se repetem, se acumulam e se multiplicam perigosamente, e a resposta do governo ainda não alcança sua urgência.

Austeridade e pressão

Em 90 dias de governo, pouco pode ser feito; o povo sente os efeitos da crise e se ressente. Há compromissos inadiáveis, mais de R$ 4 milhões pagos em contas de água, luz, telefone e outros serviços; mais ou menos R$ 7 milhões para serviços terceirizados que precisam ser quitados com presteza. O prefeito cuida das despesas a ponto de checar empenhos e notas duas vezes, e comemora o resultado da linha dura: deve confirmar um superávit de R$ 18 milhões no trimestre, construído à base de um profundo corte nas despesas e, em março, do êxito no lançamento da campanha para o pagamento do IPTU. A necessária austeridade cobra custos elevados, e será preciso aliviar a pressão para normalizar os serviços. Em junho, a situação estará bem diferente, anuncia Pasin. Um longo caminho a percorrer, mas a intenção de fazer caixa para sustentar os serviços essenciais e garantir recursos para as contrapartidas é o maior trunfo deste início de governo.

Dever de casa

Resolver os problemas no atendimento às necessidades básicas das pessoas, retomar obras paradas, acelerar outras e refazer as malfeitas, pagar as contas e ainda guardar algum. Não é pouco. Pasin sabe que uma garantia de investimentos em obras estruturais na cidade neste primeiro ano do governo será a execução de projetos já aprovados e a conquista de novos recursos, federais ou estaduais. Estão assegurados, por exemplo, parte dos R$ 51 milhões do PAC2 para as obras de mobilidade, que serão fundamentais para atenuar problemas crônicos do sistema viário da cidade, e os recursos da Corsan para a implantação do sistema de tratamento de esgotos em Bento. Se puder oferecer a parte da prefeitura, há mais. Como se diz no futebol quando um time precisa ganhar em seus domínios, fazer o dever de casa é a tarefa do governo para passar de ano com boas notas diante da população.

Ponto

  • O Daer garantiu esta semana que as obras de construção das cabeceiras da ponte sobre o arroio Santa Bárbara, na ERS-431, devem ser iniciadas em breve.
  • O processo de licitação está concluído e apenas a assinatura do contrato com a Encopav afasta as máquinas da estrada. A intenção do Daer é iniciar as obras tão esperadas pela comunidade até maio, mas a afirmação não agradou.
  • Para o presidente do Sitracom, Itajiba Lopes Soares, a audiência não atendeu às expectativas. Nesta semana, deverá ser marcada uma reunião com o superintendente regional do Daer para encaminhar a manutenção dos trechos sem asfalto da rodovia.
  • Hoje, no STR de Farroupilha, o Coredes realiza uma reunião regional em preparação para ajustar a programação da concentração para celebrar o fechamento ou contestar a decisão judicial que prorroga os contratos de pedágio para o final do ano.
  • A Agas divulgou ontem que as vendas de Páscoa este ano cresceram 7% em relação ao mesmo período de 2012. Segundo o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, o crescimento superou em 5% as estimativas.
  • Na próxima sexta-feira à noite, o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC) estará em Bento cumprindo agenda religiosa.
  • Para quem não ligou o nome do santo ao milagre, Feliciano é o contestado presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
  • Haverá protestos pela presença do deputado, conhecido por suas declarações homofóbicas? A propósito: Feliciano representa você?