Reflorestar é preciso

O prefeito de Santa Tereza, Diogo Segabinazzi Siqueira, será o anfitrião, na próxima terça-feira, 30, de uma reunião de trabalho do projeto Corredor Ecológico do Rio Taquari , que pretende recuperar 500 quilômetros de vegetação nativa em 13 municípios que recebem o rio. Iniciado em 2008, o projeto envolve inicialmente os municípios de Lajeado, Estrela, Taquari, Muçum, Roca Sales, Encantado, Arroio do Meio, Bom Retiro do Sul, Venâncio Aires, General Câmara, Colinas, Cruzeiro do Sul e Santa Tereza. Cada propriedade ribei¬rinha é vistoriada, e são analisadas a forma de ocupação do solo, as áreas de inundação, de erosão, e a geografia do terreno. O objetivo é replantar árvores e plantas nativas numa faixa de cinco a 30 metros de extensão.

A intenção, agora, a partir do encontro em Santa Tereza, é iniciar também a recuperação da mata ciliar nos principais afluentes do Taquari, incluindo o Rio das Antas, difundindo sua atuação para todos os 13 municípios vizinhos, entre eles Bento Gonçalves, revelou a promotora especial de Estrela e uma das responsáveis pelo projeto, Mônica Maranguelli de Ávila, que estará em Santa Tereza na próxima semana. O prazo para a consolidação do projeto, segundo ela, é de 20 anos. Apesar das dificuldades encontradas em outros municípios por falta de mudas e resistência dos produtores ribeirinhos, Siqueira está entusiasmado. Santa Tereza fará o projeto piloto para ser o primeiro município a reflorestar um afluente do Taquari.

Testes e comparações

O governo de Guilherme Pasin começa a enfrentar seu primeiro grande teste na relação com os servidores municipais quatro meses depois da posse. Em assembleia realizada na noite da quarta-feira, 24, os funcionários públicos rejeitaram a proposta de reajuste de 3% apresentada pela prefeitura, decretaram estado de greve e, depois da decisão, foram em caminhada até a prefeitura, onde protestaram contra a proposta, muito distante das reivindicações. Na assembleia, eles mantiveram a solicitação de reajuste de 21,75% para recompor as perdas salariais, mas acenaram com um cronograma para o pagamento: 11,75% agora e duas parcelas de 5% a serem pagas em agosto e novembro. Com isso, garante a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos (Sindiserp), Isaura Zandonai, todos os servidores passarão a ganhar pelo menos um salário mínimo, o que, de acordo com o sindicato, não ocorre hoje.

Pasin revelou à coluna que pretende criar mecanismos para eliminar distorções como essa, mas disse que os 3% é um índice que a atual situação da prefeitura poderá suportar. O prefeito sabe que não é o ideal, e justifica a proposta por conta dos alegados R$ 51 milhões a cobrir. Quer mesmo é fazer caixa para não fechar o ano no vermelho. Segundo ele, seria o terceiro déficit seguido, o que implicaria em bloqueios de recursos e programas governamentais e seria um golpe arrasador para o governo – e para toda a população.

O jovem prefeito não confia no orçamento que tem em mãos e teme correr riscos, mas mantém a promessa de reajustar trimestralmente o salário dos servidores – a partir do momento em que superar a “crise gigantesca”, disse –, afirma que está aberto ao diálogo e considera o movimento do sindicato “exagerado e desnecessário”. Além disso, Pasin reclama da data-base e comemora uma oferta maior que o reajuste dado no último ano do governo anterior, 1,86%.

Ok, o prefeito tem lá suas razões. Mas a comparação omite que, durante a gestão de Lunelli, o funcionalismo recuperou as perdas nos governos anteriores (mais de 15% de Pozza e pouco menos de 5% de Gabrieli) e recebeu um aumento de 12% acima da inflação. Nos quatro anos do PT, apesar do pífio reajuste concedido no ano passado, foram 32,59% de aumento, diante de uma inflação – em números oficiais, claro – de 20,56% no período.

A proposta ao funcionalismo terá que ser revisada, o bom senso indica que sindicato e prefeitura terão que ceder. A ameaça de greve é real, mas ela seria uma catástrofe para a cidade, na delicada situação dos serviços públicos. O custo político seria alto, e dividido por ambas as partes. Não se pode chegar ao confronto. O prefeito terá que sentar à mesa e negociar.

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Os clientes da RGE na Serra Gaúcha deverão sentir os efeitos da    redução da conta da luz no segundo semestre. Nas contas residenciais, a redução tarifária pode chegar aos 10,5%, enquanto os consumidores industriais vão comemorar uma conta até 5,5% mais barata.

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O LAR…

Construir as condições para um entendimento sobre a utilização do prédio do Lar das Meninas e encerrar uma polêmica que se arrastava há quatro anos é talvez o primeiro grande feito de um governo que – pode soar como heresia aos ouvidos mais sensíveis –, até agora, vive mais de lucrar com o governo anterior. Restabelecer a proposição original de acolher crianças em situação de vulnerabilidade e criar um espaço multiuso para cursos profissionalizantes e atividades de contraturno não foi uma ideia fácil entre posições muitas vezes antagônicas e aparentemente irreconciliáveis. O mérito político do acordo é do atual governo. Além de acabar com o imbróglio sobre o Lar das Meninas, concretizar a proposta significará ao menos iniciar um processo para solucionar a contento o problema do acolhimento de menores em risco, hoje realizado num totalmente sem condições albergue municipal, repaginado para uma ainda sem condições Casa Azaleia.

…E A HERANÇA

Para os mais fanáticos, que coraram ao ler referências ao governo de Lunelli, dou exemplos: depois de apenas retirar postes, Pasin colhe os louros de uma remodelada Via del Vino livre do emaranhado de fios graças a um projeto executado em sua maioria pela administração passada, que sofreu o ônus dos buracos e transtornos intermináveis da obra. Ainda há as obras da Corsan para a implantação do saneamento, a implantação do policiamento comunitário, a construção da UPA e, ainda este ano, espera-se, o início das obras de modalidade urbana, todas conquistadas pelo governo que saiu sob a acusação de ter desordenado a prefeitura. Como se vê, para o bem ou para o mal, é a herança de Lunelli que dá o tom aos primeiros meses do governo de Pasin.

Ponto

  • Depois da palestra do narrador Pedro Ernesto sobre a Copa, no CIC, o secretário de Turismo, Gilberto Durante, confirmou a retomada das atividades do comitê local da Copa do Mundo de 2014 e a contratação da empresa de consultoria Cartan Global, agência de viagens fundada em 1899 nos Estados Unidos
  • Para quem não ligou o nome à coisa, a prefeitura agora conta com a experiência de Daniel Gamba, hoje vice-presidente executivo da companhia que possui os direitos de comercialização dos ingressos para as Olimpíadas e dos pacotes de hospitalidade com ingressos para as Copas do Mundo da Fifa em diversos países.
  • Gamba deve atuar pelo menos nos próximos quatro meses para vender a imagem da cidade que conhece muito bem: sua iniciação no ambiente do futebol começou dentro das quatro linhas do campo do São Paulo e passou ao Montanha, quando ele vestiu o manto alviazul do Esportivo nas categorias de base.
  • A Movergs voltou à carga para cobrar do governo federal um novo período de isenção do IPI para a cadeia dos móveis. O presidente da entidade que congrega as indústrias moveleiras gaúchas, Ivo Cansan, solicitou esta semana ao Ministério da Fazenda a reedição do benefício.
  • Cansan apresentou ao assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, Júlio Alexandre Menezes, números que justificariam a medida: segundo ele, a produção nacional de móveis recuou 18,7% em fevereiro, as exportações tiveram queda de 6%, o consumo de móveis apresentou queda de 22,7%, o que se reflete em uma queda de investimentos no setor. Até o final de junho, o setor paga uma alíquota de 2,5%.