Interdição tardia?

Há uma semana, enquanto em Santa Maria a boate Kiss ardia em chamas e interrompia a vida de pelo menos 236 pessoas, na maioria jovens universitários, a noite bento-gonçalvense via gente lotando bares e boates nos principais endereços da capital do vinho. Poucos dias depois, no início das fiscalizações em casas noturnas da cidade, na noite da quinta-feira, por conta da tragédia que abalou o país, quase uma dezena delas não passou pelo crivo dos fiscais e foram interditadas. Ao todo, 30 estabelecimentos serão alvo da ação conjunta do Corpo de Bombeiros e do Ipurb. A lista deve aumentar.

Depois de analisar documentos e a concessão dos alvarás, a intenção é verificar se a legislação federal (no caso de Bento, não existe uma lei municipal) está sendo cumprida. As interdições – que fecharam as portas das principais casas da cidade, de clubes e até antigas casas de tolerância – foram causadas, na maioria, por falta de equipamentos de segurança nos locais, e só serão levantadas quando os proprietários apresentarem a solução para os problemas apontados. Ops, caiu aqui: a iniciativa é extremamente positiva e oportuna, mas, convenhamos, não deveria ter sido tomada há mais tempo? Ou alguém aí acredita que, em menos de uma semana, as casas noturnas perderam a condição de funcionar?

Bento no Listão

A Fifa confirmou Bento no catálogo de centros de treinamento de seleções para a Copa. É mais uma etapa na intenção de sediar uma seleção para a Copa de 2014 no Brasil. Mas, por aqui, não há comemoração. Ainda não se sabe se haverá recursos para fazer a reforma exigida pela Fifa no Montanha dos Vinhedos, não há mais notícias de atividades da consultoria outrora contratada para vender a cidade no exterior e pouco se sabe do que o Poder Público faz desde o início do ano para tornar a empreitada uma realidade ou se o time já saiu de campo.

Prioridade e descaso

A paciência dos empresários da região com o descaso com as rodovias serranas parece que esgotou. A Cics Serra vai ampliar a mobilização nas estradas e também os locais que poderão receber manifestantes. Para Ademar Petry, a falta de informações do governo sobre o Crema/Serra, por exemplo, é inadmissível. Outra questão que incomoda o Cics Serra é a manifestação do prefeito de Caxias, Alceu Barbosa Velho, que defende a construção do aeroporto em Vila Oliva antes da Rodovia da Serra, entre Portão e Nova Santa Rita. Ganhou também a indignação do empresário do setor hoteleiro Jayme Farina, um dos articuladores da extensão da rodovia que pode desafogar a BR-116. Para ele, não se pode negligenciar a estrada, que beneficiará toda a região. “Mesmo sendo prefeito de Caxias, ele deveria pensar em toda a Serra”, sentenciou ao colunista.

Linha direta com o empresariado

O presidente do CIC de Bento, Jordano Zanesco, está inaugurando um sistema de comunicação direta e informal com a direção das empresas associadas à entidade. A ideia do Fale com o Presidente, o nome inicialmente adotado para o modelo, consiste na troca sistemática de mensagens eletrônicas em que Zanesco divulgará, informalmente, as ações e programações da entidade, e debaterá questões ligadas aos mercados de atuação dos associados. A intenção do presidente é estabelecer um canal de mão dupla, estimulando a participação dos associados no dia-a-dia da entidade empresarial. “Vou mandar um e-mail curto e objetivo a cada 15 dias com as ações e demandas que estamos trabalhando para que eles possam opinar diretamente”, disse Zanesco à coluna.

Na bomba

O governo federal previa que o aumento da gasolina não passaria de 4% para o consumidor, mas a conta aqui em Bento passou um pouquinho desse ponto. O aumento máximo gira em torno dos 5% a 6%, o que já pesa no bolso do consumidor. Nada acima dos 6,6% concedidos pela Petrobrás às refinarias, mas também abaixo dos pedidos do governo para que os repasses não fossem integrais, uma vez que a gasolina recebe 20% de álcool, que não teve reajuste. De qualquer maneira, em todo o estado – e aqui não deve er diferente – o Procon está de olho para evitar aumentos abusivos. O importante é que também o consumidor faça sua parte, pesquisando os preços e boicotando quem abusa da boa vontade dos motoristas.

Pedágios na Justiça

Começou mal a tentativa do governo do estado em retomar as praças de pedágio nas rodovias gaúchas. Primeira praça a ter o contrato encerrado, no dia 6 de março, Carazinho já mostrou que a coisa não será tão simples. A concessionária Coviplan, que administra o polo, conseguiu uma liminar na Justiça para controlar as estradas até 28 de dezembro deste ano ou enquanto não for julgada a ação movida pela empresa contra o Estado cobrando suposto desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. O governo vai recorrer da decisão, mas o precedente assusta as autoridades e os motoristas. A intenção da Coviplan é receber R$ 23,5 milhões por quebra de contrato. As autoridades da Serra já abriram os olhos para o risco de que uma pendência judicial atrase a prometida extinção do pedágio de Farroupilha, marcada para o dia 16 de abril, quando encerra o contrato com a Univias.

Nas estradas da vindima

Hoje, o Vale dos Vinhedos realiza a abertura oficial da vindima 2013 comemorando a qualidade superior de uma safra que deverá consolidar a denominação de origem conquistada pela região vinífera e o crescente apelo turístico que gera mundo afora. Mesmo assim, nem tudo é celebração por lá. É que as péssimas condições das estradas podem afastar os turistas que, tradicionalmente, festejam a pisa das uvas e as atividades de degustação promovidas para celebrar a colheita na bem equipada rede de vinícolas, pousadas e restaurantes do local. O problema é que, para chegar ao roteiro, os visitantes tem que trafegar por estradas que sofrem o abandono e o descaso do governo estadual, onde há buracos e desníveis, mas não há placas e acostamentos. É inadmissível conviver com essa situação – que não atinge apenas o Vale dos Vinhedos. Os Caminhos de Pedra são outro exemplo – que afugenta os turistas, ainda mais com uma secretária estadual de Turismo que conhece, por ser da Serra, as vocações do lugar. É preciso cobrar.

Ponto

Desde a quinta-feira, o Comdica tem nova presidente: Isaura Bolesina Zandonai assumiu o cargo no lugar de Adriana Lazzarotto, presidente do Conselho Municipal de Saúde.

Mas ela deve ficar apenas até abril, porque foi eleita como presidente do Sindiserp.

Vigilantes de Bento paralisaram suas atividades na manhã de ontem como parte de um movimento nacional que busca pagamento do adicional de periculosidade de 30% sobre os salários.

O CIC de Bento deve formar a partir de março uma comissão para debater as propostas de construção da sede própria da entidade, resgatando um movimento antigo da associação e que estava adormecido há algumas gestões.

O problema é que não há unanimidade entre os empresários. A coluna apurou informalmente que há pelo menos três opiniões divergentes sobre o tema.

Há quem queira construir a sede no terreno da Herny Hugo Dreher, atualmente alugado para um empresário da noite.

Outros defendem a construção da sede própria em um terreno adquirido pelo CIC próximo ao parque de eventos.

Ainda há quem acredite que o melhor para a entidade é manter sua sede onde hoje está, dentro do parque de eventos do município.
Até agora, o debate está restrito ao conselho da entidade, mas Zanesco deve saber que construir um consenso será uma tarefa árdua, mas necessária.

50 dias depois, a operação da Receita Federal que investiga suspeitas de fraudes em três empresas de transporte da cidade ainda não concluiu a análise do material apreendido durante busca e apreensão nas empresas e na casa de dois empresários.

A suspeita do MP e da Receita Federal é de fraudes no processo de execução fiscal.