Uma dor inominável

Nada acalma a dor da perda dos filhos. Uma dor que não tem nome, que subverte a ordem natural das coisas. Perder um filho é como perder o futuro. A dor inominável dos Kasmiriski, que perderam, de uma só vez, seus três filhos, é uma tragédia incomparável, que não cicatriza. Mas, enquanto a Justiça não encerrar o caso com o julgamento dos réus e a punição dos responsáveis, essa dor é ainda mais lancinante, porque mantém a ferida aberta e sangrando. A cada pronunciamento judicial, a cada passo do processo, a cada representação, a cada linha do caso nos jornais, a cada nome pronunciado nas rádios, a cada imagem publicizada da dor, a dor é ainda mais incontida. Peço perdão por fazê-la doer ainda mais. Mas não há como condenar a decisão da juíza Fernanda Ghiringhelli de Azevedo que desqualificou a denúncia de homicídio doloso. São questões jurídicas, contextuais, baseadas nos autos. Ainda há muitas dúvidas sobre o caso, que precisam ser dirimidas. O que menos importa agora é como as dúvidas serão sanadas. O fundamental é que elas restem todas solucionadas, o mais breve possível. para estancar a dor.

Desencontros e centralização

Depois de desencontros nas informações da prefeitura, o prefeito Guilherme Pasin decidiu centralizar as principais informações da administração pública. Mesmo que alguns secretários discordem, os anúncios importantes e as matérias polêmicas serão tratadas diretamente pelo prefeito, que espera com isso eliminar os ruídos que até agora têm caracterizado a comunicação do governo. Ontem mesmo, foi dele a tarefa de explicar ao Semanário a perda dos recursos para a construção da nova sede da biblioteca pública.

TRE mantém condenação

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) manteve a decisão em primeira instância e condenou o ex-vice-prefeito Gentil Santa Lúcia por crime eleitoral, sob a acusação de emitir declaração falsa à Justiça Eleitoral. Os advogados de Santa Lúcia já recorreram da decisão estadual que, se for mantida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode resultar em prisão e multa, além da perda dos direitos políticos.

Um jornalista no poder

Até o final do mês, um ex-repórter do Semanário estará no comando da prefeitura de Caxias do Sul. É que o vice-prefeito Antonio Feldmann (foto), o Toninho, assumiu esta semana o cargo máximo do município vizinho com a viagem do titular Alceu Barbosa Velho a Coréia do Sul. Toninho é jornalista, morou muitos anos por aqui e trabalhou em dois jornais da cidade, inclusive por aqui. Ele fica no cargo até o dia 30 de julho.

Hoje é dia de protesto

Hoje tem protesto no Trevo da Telasul. Às 14 horas, será a oportunidade para que a região demonstre que já passou do tempo para o Estado acenar com uma solução para um dos trechos mais perigosos de uma das rodovias mais perigosas da Serra Gaúcha. A rejeição da proposta de construir uma rotatória e não um viaduto no local é o estopim para a manifestação, mas a solicitação de reforço na sinalização, instalação de redutores de velocidade e o cumprimento da promessa de duplicar o trecho entre Bento e Carlos Barbosa estarão na pauta. Depois de manifestações ao longo da rodovia em Veranópolis, agora é a vez de Bento demonstrar que paciência tem limite.

O limite e o encanto quebrado

Atingimos esta semana o limite do suportável. Pelo menos três episódios mostram que o encanto das manifestações se quebrou e precisa ser resgatado para não destituir os movimentos de suas reivindicações importantes e plenamente jusitificadas.

O quebra-quebra promovido em bairros nobres da Zona Sul do Rio de Janeiro demonstra o mais elevado grau de desvirtuamento dos objetivos que ganharam amplo apoio da sociedade. O que se viu foi a prática indiscriminada de crimes comuns, que precisam ser tratados como tal. Não se pode admitir que o roubo e o vandalismo tomem conta da pauta do dia.

O segundo movimento é a inacreditável suspeita de que médicos em todo o país estejam se inscrevendo no programa Mais Médicos, que pretende levar profissionais da área para os grotões deste país-continente tão necessitado sem a real intenção de seguir o rumo do interior, apenas para boicotar a iniciativa do governo e evitar que médicos do exterior tomem essas vagas – prática muito usual em países do dito primeiro mundo. Não sabem os “doutores” que estão é boicotando o povo a quem deveriam servir. Um verdadeiro descalabro, uma prática inominável que joga por terra o que diz o juramento de Hipócrates.

No terceiro momento, o nudismo em plena Câmara de Vereadores de Porto Alegre gera controvérsias, repulsas e apoios, mas, sem entrar no campo do moralismo hipócrita, escancara a perda da referência do poder da representatividade popular. A nudez contra a obscenidade política praticada pelos vereadores ameaça a política pudica e a moral que se esconde no anonimato do voto secreto, no foro privilegiado e nos currais dos interesses eleitoreiros, mas se perde no rosto mascarado do mesmo anonimato, que esconde o vandalismo e macula o que poderia ter de simbólico e puro na jovem nudez cameral. Vivemos tempos perigosos, e precisamos, todos, estarmos alertas.

Esse é o momento da população e do Poder Público discernir quem luta por causas justas e quem está ali para destruir o patrimônio, roubar e vandalizar. Quando uma minoria passa a afrontar as instituições, desrespeitando qualquer limite legal ou do bom senso, cabe ao poder público assegurar os direitos do conjunto dos cidadãos.

Ponto

  • O prefeito Guilherme Pasin confirmou esta semana que a prefeitura irá conceder um auxílio financeiro a cinco associações de estudantes universitários de Bento Gonçalves.
  • Serão R$ 200 mil para o custeio do transporte para universidades fora do município, como Unisinos, Ulbra, Feevale e UCS. A medida vai beneficiar cerca de mil alunos.
  • O valor, válido para custear as despesas do segundo semestre, é rigorosamente o mesmo concedido pelo governo anterior. O problema é que, de acordo com os estudantes, desde 2011 as entidades não recebem o auxílio.
  • Fontes ligadas à administração anterior contestam a acusação de que houve superfaturamento no projeto de revitalização da Praça São Roque. Orçada em R$ 130 mil, ela acabou custando R$ 50 mil aos cofres públicos.
  • De acordo com a vereadora Neilene Lunelli (PT), o que aconteceu é que o projeto original foi modificado. Segundo ela, a construção de chafariz, calçada, diversos canteiros com flores e arbustos, playground com brinquedos para crianças, academia ao ar livre, bancos e iluminação e mesas de pedra, em um projeto similar ao realizado no Borgo, não foram efetivadas.
  • O jornalista santo-angelense Orestes de Andrade Jr, aceitou o convite do presidente da Famurs, Luís Valdir Andres, atual prefeito de Santo Ângelo, para assumir como Diretor de Comunicação no mês de agosto.
  • Andrade Jr ficou conhecido por aqui como assessor de imprensa do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) por quatro anos.