Os médicos e o programa

Não se pode tirar a razão dos médicos em reclamar da falta de estrutura nas unidades básicas de saúde e nos hospitais que atendem pelo SUS no interior do país, mas essa razão não pode ser motivo para que a categoria que deveria zelar pela saúde da população faça o contrário, deflagrando greves, paralisando atendimentos e boicotando o programa federal que pretende dotar de mais profissionais cidades do interior que não conseguem, por suas próprias forças e atrativos, conquistar médicos. Como explicar a um paciente que sua consulta ou procedimento eletivo foi suspenso porque os profissionais paralisaram as atividades em protesto contra a intenção do governo de contratar estrangeiros para cidades onde os brasileiros não querem trabalhar?

Para tentar explicar o posicionamento, o Sindicato dos Médicos de Caxias do Sul, que abrange Bento Gonçalves, e a Associação Médica de Bento Gonçalves (Ameb) estão convocando uma coletiva de imprensa para a terça-feira, com a presença do presidente do sindicato regional da categoria, Marlonei dos Santos, e do vice da Ameb, André Moschetta. Ainda que os médicos tenham lá suas razões, será difícil convencer a população, que sofre com a carência de profissionais no serviço público, inclusive por aqui, de apoiar suas posições. Quem precisa dos serviços de saúde quer uma resposta do governo, independente de onde venha. Bento Gonçalves está entre os municípios contemplados na primeira fase do programa Mais Médicos, conforme divulgou o governo federal. Dois médicos deverão trabalhar na cidade pelo programa. Na Serra, Caxias, com quatro profissionais, e Garibaldi, com outros dois. Não é à toa que a maioria das prefeituras serranas aderiu ao programa, criado para tentar suprir a incapacidade histórica das prefeituras em contratar médicos por concurso, o que seria o ideal e garantiria estabilidade e plano de carreira, por conta da impossibilidade de pagar salários entre R$ 17 mil a R$ 24 mil para um exército de médicos com dedicação exclusiva ao setor público.

O túnel, os CCs e a terceirização

A julgar pelos números divulgados em julho pela Pesquisa de Informações Básicas Municipais, relativa ao ano passado, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há muito a fazer na administração de Bento para tirar o comboio municipal da contramão. Sem a capacidade de contratar mais profissionais através de concurso público, na área da Saúde, por exemplo, o governo segue refém dos terceirizados. Hoje, mais de 30% dos servidores públicos são contratados através de empresas prestadoras de mão de obra, e apenas 57% do funcionalismo é composto por estatutários. Os CCs, que sempre estão na vitrina das críticas por serem eminentemente cargos de indicação política mais que técnica, somam apenas 3,6% do total. Se o prefeito Guilherme Pasin acredita que o regime de terceirização é o mais oneroso à administração, estamos mesmo em um túnel onde a luz da saída parece bem longe.

RSC-470 e a federalização

Está na edição de ontem do Diário Oficial da União: “a incorporação à Rede Rodoviária sob jurisdição federal dos segmentos da rodovia estadual RST-470, existentes e coincidentes com a rodovia federal BR-470/RS, com extensão de 238,30 km”, foi aprovada. Entre eles, os 60,7 km serranos. Demorou, mas saiu. Agora, inicia a batalha para garantir recursos para as obras necessárias, como a duplicação, dentro do PAC 2.

Entre as mais caras

Nos últimos 10 anos, as tarifas de ônibus em Bento aumentaram 119,23%, mais que o dobro da inflação registrada no período pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 58,65%. Se os índices de inflação são a base para o consumidor saber se está pagando caro ou não por um serviço, a resposta por aqui está na cara. Mesmo que as tarifas tenham sido reduzidas este ano, o serviço ainda é caro. Entre 2003 e 2012, a tarifa saltou de R$ 1,30 para R$ 2,85, e hoje está R$ 0,15 mais barata. Enquanto isso, o município ainda aguarda as definições do TCE para garantir a licitação do serviço, realizado através de contratos prorrogados por décadas, e os passageiros sofrem com a alta demanda nos horários de pico e pagam um valor maior ou igual a outras cidades gaúchas com população acima dos 100 mil habitantes.

Na prateleira

Mesmo com o incremento nas vendas dos vinhos de mesa e dos sucos de uva, os resultados do primeiro semestre não agradaram o setor vitivinícola. O presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Alceu Dalle Molle, acredita que os números refletem um esfriamento da economia do país e frustraram as expectativas do setor. O desempenho ruim se compara a outros segmentos do mercado de bebidas, mas compromete as expectativas do setor, principalmente quanto ao mercado de vinhos finos e espumantes.

O nada e o lugar nenhum

Parece que não tem mesmo jeito. Já passou mais de um mês da assinatura do contrato, mas as obras nas cabeceiras da ponte sobre o arroio Santa Bárbara, na ERS-431, teimam em não sair do papel. Não custa lembrar que a ponte está lá, pronta e sem uso, há quatro anos. Isso que o colunista nem fala sobre a pavimentação dos trechos de chão batido.A ideia inicial era que a Encopav, que venceu a licitação, iniciasse os trabalhos em julho, mas o mês se foi e nada da obra. Antes que agosto encontre as obras, será preciso que o Daer corrija a erosão provocada no solo ao longo deste tempo sem a proteção das cabeceiras. E lá se vai, pelo menos, mais um mês. Enquanto isso, a ponte segue ligando nada a lugar nenhum.

Ponto

  • Depois que foi servido ao Papa Francisco, a produção de 58 mil garrafas da safra 2007 do Salton Talento sumiu do mercado.
  • A Cooperativa Vinícola Aurora registrou no primeiro semestre um crescimento de 33% nas vendas, segundo o superintendente Além Guerra.
  • A Aurora exportou 117.728 garrafas para a Ásia, Europa, América do Norte e América do Sul, iniciando embarques para a Alemanha.
  • Um ano. Este é o prazo para a conclusão da nova sede do Simmme, que está sendo construída ao lado do parque de eventos.
  • O Daer anunciou a colocação de novos pardais nas rodovias RSC-453 e RSC-470. Porém, o órgão, que ainda não tem um cronograma para a instalação, já avisou que não irá divulgar os trechos.
  • Será realizada nos dias 6 e 7 de agosto a votação deste ano da Consulta Popular. Este ano, o governo anuncia que R$ 9,4 milhões serão repassados a projetos da Serra Gaúcha.
  • Bento poderá ser contemplada com pelo menos R$ 600 mil em projetos específicos, além daqueles de cunho regional.
  • Entre eles estão R$ 150 mil para a construção do hospital público, R$ 100 mil para a aquisição de uma ambulância e R$ 120 mil para a compra de uma viatura para a Polícia Civil.
  • Em vigor desde a quinta-feira, a redução do ICMS para saídas de insumos do setor moveleiro de 17% para 12% beneficia as empresas consumidoras e fornecedoras de matérias primas dentro do estado e pode fortalecer a base de produção gaúcha.
  • Mas o presidente da Movergs, Ivo Cansan, afirma que a medida ainda está longe de um patamar ideal para ampliar a competitividade das empresas de móveis.