A Copa distante

Caxias, Bento, Farroupilha e Gramado só terão certeza se serão subsedes ou não a partir de dezembro, quando as delegações escolherem seus centros de treinamento. Até lá, são apenas candidatas a participar da Copa do Mundo, querendo acomodar delegações de futebol, imprensa e turistas. Mas todas as quatro cidades apresentam problemas, e pouco estão fazendo para resolvê-los de forma permanente. Há carências na área dos transportes e da infraestrutura que não devem receber grandes investimentos até o próximo ano, e isso pode ser um forte impedimento para que a aspiração serrana se transforme em realidade.

É preciso pensar rapidamente em questões ligadas a infraestrutura, ao desenvolvimento de atrativos e em uma estratégia que unifique o interesse regional. Mas como fazer, se não há recursos, e, para o Estado, as duplicações das rodovias serranas e o novo aeroporto regional, por exemplo, não são prioridades para 2014? Ser escolhido como subsede é o objetivo principal das candidatas e, inclusive, das demais cidades próximas às sedes, mas é possível que isso não ocorra, mas ainda assim a Copa pode trazer benefícios à Serra. Mesmo que não venha uma seleção, os turistas podem vir em maior número. Porto Alegre vai receber jogos de pelo menos quatro seleções, e a Serra precisa se preparar para atender esses visitantes. Mas, apesar dos recursos que serão investidos pelo governo federal para qualificar os campos de treinamento, o que as candidatas da Serra estão fazendo para qualificar suas precárias estruturas urbanas?

Com prédio, sem prédio

Pois enquanto o governo do Estado anuncia o repasse de R$ 8 milhões para a construção de um novo prédio no Hospital Geral, em Caxias, abrigar 40 leitos de UTI, sendo 20 para atendimento adulto, 10 para atendimento pediátrico e 10 para atendimento neonatal – uma necessidade incontestável para atender a demanda local e regional –, além de 96 leitos para internação, o serviço de radioterapia para atender os pacientes da Serra segue estrangulado, com o Hospital Tacchini trabalhando em quatro turnos com toda sua capacidade e deslocamentos para Lajeado em uma parceria que ainda precisa ser ampliada para dar conta da necessidade serrana. O que tem uma coisa a ver com a outra? É que o hospital caxiense tem, há alguns anos, um acelerador linear, intacto e encaixotado, à espera de recursos para construir um espaço para abrigar o serviço.

Desintegra

Mesmo que seja uma das principais reivindicações do setor moveleiro, o governo não tem espaço fiscal para prorrogar o Reintegra. Ao menos isso é o que garantem fontes ligadas ao Ministério da Fazenda. O programa, que devolve às empresas 3% do valor exportado em manufaturados, perderá a validade no fim deste ano, conforme prevê o decreto 8.073 publicado no Diário Oficial da União da quinta-feira, 16. O Congresso Nacional havia prorrogado o Reintegra para o final de 2014, mas a medida foi vetada pela presidente Dilma Rousseff. Para o governo, o programa, que resultará em um impacto de R$ 2,2 bilhões nas contas da União este ano, é caro. Nas contas do Planalto, os números devem chegar a atingir R$ 4,5 bilhões em cinco anos, porque as empresas têm esse prazo para solicitarem o crédito tributário gerado com as exportações de manufaturados realizadas este ano. Se o Congresso derrubar o veto, o governo terá que fazer novos cortes no orçamento, e não tem de onde tirar.

À espera do TCE

Nos últimos tempos, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) tem participado mais ativamente da vida da cidade. Só atualmente, pelo menos duas questões importantes passam por definições do tribunal: a licitação para regularizar as concessões do transporte coletivo urbano, que ainda depende de uma decisão sobre uma medida cautelar que interrompe o processo desde o ano passado, e as suspeitas que páiram sobre a administração anterior. Pois, quase um ano depois que as primeiras denúncias começaram a aparecer, o TCE deve apresentar em no máximo 30 dias o relatório final sobre as investigações acerca dos supostos desvios de recursos da secretaria de Finanças de Bento denunciado no ano passado e que envolve a ex-contadora Luana Marcon. Com o relatório, três ações devem ter prosseguimento: uma delas é do Ministério Público de Contas (MPC), o primeiro órgão a receber cópia do documento; outra é a ação do Ministério Público local, a cargo do promotor Alécio Nogueira, que trata de eventuais responsabilidades por improbidade administrativa; a terceira é no âmbito da promotoria criminal. O relatório do TCE é o instrumento mais esperado para conseguir desvendar os caminhos do eventual golpe, o tamanho do desvio suspeito e quem, efetivamente, estava envolvido no esquema.

O MP e os vereadores

A investigação do Ministério Público sobre a denúncia de que vereadores ficavam com parte dos salários de assessores deverá ser desmembrada para tratar caso a caso. Pouco ainda se sabe sobre os caminhos do MP, por força do segredo de justiça que impede uma divulgação mais precisa das denúncias, mesmo depois que, em maio, um vazamento de informações tornou pública parte dos depoimentos sobre o caso e da possibilidade levantada à época para descartar o sigilo ou até mesmo encerrar as investigações. Nenhuma coisa, nem outra. O MP segue ouvindo testemunhas no inquérito civil que iniciou em 2010 com escassas denúncias contra um vereador e, ao longo de 2011, se ampliou para envolver outros edis depois de diligências feitas pelo próprio MP.

A CASA BRASIL É DAQUI

O Sindmóveis resolveru estancar de vez o boato que afirmava que esta seria a última edição da Casa Brasil em Bento. A feira vai mudar para acompanhar as tendências e as sinalizações do mercado nacional e internacional, garante a presidente Cátia Scarton, mas será realizada em Bento Gonçalves em 2015. Mais que isso, ela assegurou que o Sindmóveis já está estudando o novo modelo. Na edição que encerrou ontem, visitantes de 15 nacionalidades passaram pelo parque de eventos, e o levantamento inicial de público indica que a expectativa de 20 mil visitantes foi alcançada.

Ponto

  • A Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL/BG) começa a articular ações para garantir a realização da 45ª Convenção Estadual Lojista na cidade no próximo ano.
  • Bento já sediou duas edições do evento e quer ser a sede no ano da Copa do Mundo no Brasil, quando a entidade também comemora seus 45 anos.
  • A criação de um Plano Municipal de Saúde começa a ser debatida pelo Conselho Municipal de Saúde e na Câmara de Vereadores.
  • A iniciativa é positiva, e pode significar a definição de políticas públicas para o setor acima dos interesses que, muitas vezes, variam de acordo com as cores partidárias e nada tem a ver com as reais necessidades da população.
  • Mesmo com a participação ridícula de Bento no processo da Consulta Popular, com uma votação pífia que ficou próxima dos 10% dos votantes de edições anteriores, a cidade vai sair ganhando.
  • São diversos projetos que beneficiam o município. Recursos para equipar as forças de segurança, por exemplo.
  • Mas um dos que chama mais a atenção é a destinação de R$ 150 mil para a construção do hospital público. É pouco, claro, mas, para quem não moveu palha para mobilizar a população, vem de graça.
  • Ontem, o presidente da Cics Serra, Ademar Petry, aproveitou a presença do governador em Caxias para entregar uma cópia do pré-projeto para o novo “Trevo da Telasul”.
  • Ele solicitou a Tarso Genro uma manifestação política e técnica do governo sobre o assunto.