Cresce menos

O lançamento da 42ª edição da Revista Panorama Socioecônomico de Bento Gonçalves pelo CIC esta semana apresentou dados que, se não preocupam, acendem um sinal de alerta sobre o cenário da economia local. Interrompendo uma sequência de crescimento relevante registrada na última década, o ano passado mostrou um resultado bem mais modesto: o Produto Interno Bruto (PIB) de Bento registrou um crescimento tímido de 0,8%, contra os 4,7% apontados na pesquisa anterior, relativa ao ano de 2011. O desempenho da economia de Bento equivale ao verificado no país, que viu seu PIB crescer 0,9%, e é maior que o do estado, que sofreu com uma retração de 1,8%, ocasionada principalmente pela forte estiagem. O problema é a queda em relação a si mesma, o que projeta um cenário bem menos otimista, confirma que a economia sente com mais força os reflexos das mazelas nacionais que reduzem a competitividade e mostra que Bento não está imune às crises.

O mais preocupante é que o resultado global da economia foi puxado para baixo exatamente pelo setor produtivo mais importante do município, a indústria. Os números de 2012 mostram uma queda de 0,3% nas riquezas produzidas pela atividade industrial, setor que gera mais empregos em Bento e é responsável por 66% do faturamento entre as empresas locais. Mesmo assim, o bolo do setor cresceu 5% em 2012, passando de R$ 4,9 bilhões em 2011 para R$ 5,1 bilhões ano passado. O ritmo também é menor: de 2010 para 2011, o aumento do faturamento era de dois dígitos. A diminuição da produção também pode ser comprovada pela performance da balança comercial, com uma queda das exportações em 4,6%. O resultado tem reflexos também na geração de empregos: as mais de mil indústrias da cidade abriram apenas 491 empregos formais em 2012.

Na promessa

O deputado estadual Alexandre Postal (PMDB) abriu o verbo na Assembleia Legislativa contra o que chamou de “descaso” e “vergonha” do governo estadual com a situação de abandono da ERS-431, em Bento. Ele se referiu à promessa ainda não cumprida de construir as cabeceiras da ponte erguida há quatro anos e que, até agora, liga nada a lugar nenhum. Para ele, o governo se omite e decreta um “monumento ao desperdício”. Postal (foto) garantiu que tem solicitado constantemente uma posição da Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seinfra) do estado e do Daer para a continuidade das obras. Em agosto, a coluna cobrava uma posição da autarquia sobre a necessidade de corrigir a erosão provocada no local e a promessa de que a empresa contratada iniciaria as obras em julho. Mais de um mês depois, as promessas seguem no papel e a ponte continua ligando nada a lugar nenhum.

Oito em 500

Oito empresas de Bento Gonçalves ocupam posição de destaque entre as 500 maiores do sul do país, de acordo com uma pesquisa realizada há 23 anos que revela indicadores de mil empresas, apontando as maiores do Rio Grande do Sul, e que incluiu nesta edição os estados de Santa Catarina e do Paraná, utilizando como única fonte os balanços oficiais publicados pelas companhias. A Todeschini é a principal empresa da cidade, ocupa a 70ª colocação no ranking geral, é líder no segmento de móveis e a única empresa de Bento a fazer parte do grupo das 100 maiores do sul do país. A lista local é completada pela Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), em 114º, duas moveleiras – a Unicasa, em 173º, e a Bertolini, em 229º –, duas vinícolas – a Salton, em 243º, e a Aurora, em 260º –, a automotiva Farina, em 439º, e a indústria do setor de plásticos Newsul, em 447º lugar.

Chapéu federal

O prefeito Guilherme Pasin esteve em Brasília esta semana para uma série de compromissos nos ministérios do Turismo e das Cidades, na Câmara dos Deputados e no Senado. Na pauta, o prefeito busca agilizar a liberação de recursos para projetos já cadastrados no PAC e convencer os parlamentares a destinarem emendas para a cidade. Pasin sabe que precisa com urgência liberar recursos para retomar obras paradas e iniciar outras, para que o ano termine de forma positiva. Até agora, o governo não conseguiu imprimir uma marca positiva, e precisa iniciar o segundo ano de mandato ao menos com melhores perspectivas.

Os CCs e a controvérsia

Mesmo que o governo insista em afirmar que o projeto aprovado na Câmara de Vereadores de Bento esta semana não cria novos Cargos em Comissão (CCs), a repercussão é negativa. Isso porque, ao criar um novo padrão nos CCs, com salário de R$ 7,9 mil, no qual se enquadra o diretor do CTEC, o município verá aumentar suas despesas. Serão R$ 17 mil este ano, R$ 51 mil em 2015 e R$ 56 mil em 2015. A indignação não é pelo valor, mas pelo que representa. Para um governo que acaba de anunciar uma perda de recursos que pode chegar a quase R$ 2 milhões anuais por conta do rateio das receitas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que afirma a intenção de cortar gastos para não fechar o ano no vermelho, que desde que assumiu alardeia a crise financeira e um rombo de milhões de reais e que, por conta disso, ofereceu míseros 3% ao funcionalismo e até agora não cumpriu a promessa de revisões trimestrais, qualquer aumento de despesa gera, no mínimo, controvérsia.

Bento quer mais ICMS

O secretário de Finanças, Marcos Fracalossi, afirmou que já entrou em contato com o governo estadual para solicitar mudanças no percentual indicado para o rateio das receitas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Uma equipe está trabalhando para revisar os dados utilizados pela Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul para compor o índice da cidade. Ele acredita que existem erros nos cálculos sobre o valor adicionado das empresas e deve solicitar a revisão do índice até o dia 24, data que encerra o prazo para recursos. Caso o percentual seja mantido, Bento terá uma redução de 2,7% nos repasses, o que representa quase R$ 2 milhões.

Ponto

  • O presidente do CIC, Jordano Zanesco, acredita que há espaço para Bento investir na formação de uma nova feira, voltada ao setor de tecnologia da informação, na cidade.
  • As três maiores empresas do setor moveleiro do sul do país são de Bento Gonçalves, segundo o ranking das 500 maiores empresas do Sul realizado pela consultoria PWC.
  • Na ordem, a Todeschini, a Unicasa e a Bertolini ocupam as primeiras posições entre as empresas do estado, de Santa Catarina e do Paraná. Entre as 10 maiores, só uma não é da Serra Gaúcha.
  • Com um faturamento de R$ 280 milhões em 2012, a Vinícola Salton ocupa a primeira posição do setor no ranking das 500 maiores do Sul do país.
  • Até o final da década, a Salton deve crescer mais: nos próximos seis anos, a vinícola deve investir R$ 45 milhões na expansão dos negócios em Santana do Livramento.
  • 35 empresas das 500 destacadas pela pesquisa são da Serra Gaúcha. Entre as cinco maiores, dois municípios se destacam: caxias e Farroupilha.
  • As duas maiores empresas serranas são as caxienses Randon e Marcopolo. Depois, seguem a Grendene, a Tramontina e a Colombo, todas de Farroupilha.
  • A Todeschini, primeira de Bento no ranking, aparece como a sexta maior empresa da Serra.
  • A Embrapa Uva e Vinho promove na próxima semana o Seminário do Programa Alimentos Seguros (PAS) Uva para Processamento, que vai apresentar os primeiros resultados do projeto piloto para qualificação da produção da fruta e dos processos para elaboração de sucos, vinhos, espumantes e outros derivados.
  • A programação inclui debates técnicos sobre segurança na produção vitícola e sobre gestão da segurança e da qualidade nas vinícolas. O lançamento nacional do PAS Uva para Processamento encerra o seminário.