A intensa entrada de italianos no Rio Grande do Sul e em outros estados do Brasil ocorreu dentro das grandes transformações socioeconômicas que o sistema capitalista de produção provocou no ocidente durante o século XIX. A abundância de mão de obra na Europa e a carência crônica no novo continente fizeram com que entre 1815 e 1914, mais de 40 milhões de europeus deixassem o velho continente em busca de trabalho no outro lado do oceano.

Na Itália, o fator social da emigração encontra-se ligado ao fato político da unificação, concluído em 1870, com a tomada de Roma. Em termos econômicos, for a vitória do capitalismo sobre as antigas instituições. Os pequenos reinos e principados deram lugar a um único país, a fim de que a produção capitalista, derrubando fronteiras e alfandegas, encontrasse um mercado consumidor.

Essas mudanças atingiram em cheio a estrutura agrária, fazendo com que a miséria se intensificasse. A crescente oferta de produtos industrializados afetou fortemente o modelo artesanal de produção, deixando o agricultor depender exclusivamente do trabalho da terra.

Vivendo em minifúndios (por exemplo, de 10 mil proprietários de terra, um terço possuía menos que um quarto de hectare, e a metade devia contentar-se com menos de 2,5 hectares), incapazes de garantir o sustento de uma família, a grande maioria dos agricultores da região do Vêneto não era proprietária de terras e os que tinham, precisavam arrendar. Porém, os sistemas de arrendamento regiam-se por contratos abusivos, desde quantias exorbitantes de dinheiro até gêneros alimentícios e dias de trabalho para o locador. Como consequência, os agricultores enfrentavam o empobrecimento da dieta alimentar, a subnutrição; a falta crônica de fontes de renda… Fatores que contribuíram para colocar milhares de italianos numa situação quase extrema de “partir ou morrer”.

A solução foi a emigração em massa, fator que acabou aliviando a Itália de uma grave crise e até de uma possível revolução.

Em 1913, às vésperas da I guerra Mundial, registros do governo italiano afirmam que 872.598 emigrantes deixaram o país, sendo que a média anual da década, de pessoas que partiram em direção à América, ficou e 213 mil, baixando para 119 mil na década de 20. Cerca de 10 milhões de italianos emigraram para a América entre 1861 e 1930. E entre 1875 e 1935, entraram no Brasil cerca de 1,5 milhão de italianos.

“Hoje, 140 anos depois, a nossa Região é rica e desenvolvida, graças a estes que tiveram coragem de partir para um novo mundo”.