Com o avanço dos métodos diagnósticos e terapêuticos na medicina, grande parte dos pacientes com diagnóstico de câncer sobreviverá por pelo menos cinco anos e, muitos dos pacientes com doença inicial, alcançará uma expectativa de vida similar a dos indivíduos sem câncer. Podemos dizer que o câncer hoje é considerado uma doença crônica, pois mesmo em caso de doença avançada, a manutenção de tratamentos por longos períodos de tempo de forma sequencial e a probabilidade de exposição a tratamentos interdisciplinares (como cirurgia oncológica, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia), têm resultado em maior e melhor sobrevida para os pacientes.

Frente a estas terapias prolongadas, que podem durar meses, anos ou até mesmo serem contínuas, podem surgir problemas de cunho anatômico, fisiológico, emocional, financeiro e social. Pesquisas mostram que a disfunção sexual acomete cerca de 50% das mulheres e 70% dos homens com diagnóstico de câncer que estejam sendo submetidos a algum tipo de tratamento oncológico. Denomina-se disfunção sexual qualquer dificuldade relacionada à pessoa ou ao casal durante qualquer estágio da atividade sexual, incluindo desejo, excitação ou orgasmo.

As mulheres com câncer de mama ou do trato ginecológico (colo uterino, corpo uterino, ovários) comumente são submetidas a tratamentos que diminuem a produção de estrógeno e progesterona (considerados os principais hormônios femininos) , o que causa diminuição da libido (vontade de manter relações sexuais). Tal alteração hormonal pode ser secundária à indução de uma menopausa precoce farmacológica (induzida por químio e hormonioterapia), cirurgia (retirada dos ovários) ou radioterápica. Nas pacientes que já estão na menopausa, tais sintomas pioram com a utilização de tratamentos que bloqueiam vias alternativas de produção de hormônios, como as glândulas adrenais e o tecido gorduroso.

A radioterapia pélvica está associada a um maior risco de desenvolver dispaurenia (dor durante o ato sexual) e vaginismo (contração involuntária da musculatura vaginal que impede a penetração peniana). Diminuição do desejo é comum em pacientes submetidas a cirurgias mamárias e ginecológicas, naquelas que ganham muito peso durante a quimioterapia e em outras portadoras de colostomia ou urostomia (após retirada do intestino ou bexiga). Transtornos de aceitação da nova imagem corporal geram sofrimento físico e psíquico, causando vergonha e medo de rejeição do parceiro.

Quase a totalidade dos pacientes em tratamento para câncer prostático apresenta algum grau de disfunção sexual, temporário ou permanente, leve ou grave. A prostatectomia e a radioterapia prostática podem causar disfunção erétil por lesão nas estruturas nervosas responsáveis pela ereção peniana. A utilização de drogas que suprimem a produção de testosterona e impedem a proliferação do tumor prostático causam a chamada andropausa masculina, com impotência sexual e fogachos. Uma boa qualidade de vida sexual antes do tratamento está relacionada a melhores possibilidades de manutenção de uma vida sexual ativa.

Fonte: Folha do Mate
Por:Sainr Gallen Instituto de Oncologia. Alexandra Petri Loureiro – Oncologista Clínica CRM 29103