Quando me surpreendi positivamente com as pessoas em um movimento digital incrível para se ajudar na quarentena, logo pensei: quantos dias essa positividade e sanidade vão durar?
Absorvi algum conteúdo interessante nesse tempo e espero consumir mais. Livros, dicas, vídeos, filmes, lives – essas foi sem querer mesmo.
Como até já explanei por aqui, todos estamos (ou estávamos – pelo menos on-line, super engajados e ativos, mesmo isolados. Treinamento em casa, receitas novas, cursos gratuitos, compre e receba em casa. Teve shows, filmes, stories, treinos, ligação para a família, corrida on-line (com direito à vista da pista e premiação). Ah, e as lives também. Mas é fato que já não aguentamos mais. Deu oito dias e não queremos mais treinar coisa nenhuma, nem ler. O negócio é dormir o máximo de horas possíveis para ter menos tempo livre sozinho consigo mesmo.
Quando tudo isso começou, decidi que iria aproveitar bem meu tempo, da melhor forma possível. Decidi que não deixaria de treinar e de fazer dieta, que iria estudar e fazer coisas que eu normalmente não consigo fazer. Está dando certo.
Profissionais – e não tão profissionais assim, de diversas áreas, falam que esse é o momento de estudar e trabalhar, descobrir a cura do vírus, ter uma ideia genial, alavancar as vendas durante a quarentena, parar de escutar o noticiário e engolir livros.
Outros então dizem que esse é um momento para curtir a família, comer pipoca e assistir filmes, parar de assistir o noticiário – gente, de novo o noticiário. Ele NOTICIA o que está acontecendo pelo mundo, você surta porque quer. Por acaso lembra da última notícia boa que ouviu ou leu? Não, né? Sabe porque? Porque você não procurou ler uma notícia boa. Nessa situação inédita em que um vírus (que pode ser letal) está à solta pelo mundo e nós em isolamento social, ruas desertas e economia despencando, me conta aqui nos comentários que assunto você queria que abordássemos na próxima edição: crochê? Só se for para vencer a crise do CORONAVÍRUS fazendo crochê em casa. Fica fácil nem dormir para acompanhar as notícias e no outro dia culpar os meios de comunicação porque o terapeuta está dizendo que são prejudiciais à saúde mental. Desculpa, mas acho que o problema é você.
Vou me recompor.

Entendi que esse tempo que estamos sozinhos, sem poder socializar, abraçar e rir com nossa família e amigos, vai ter um significado diferente para cada um, reiterando a importância da individualidade e de não fazermos comparações.
Alguns vão alavancar seus negócios, outros vão ser melhores com a família, outros vão colocar o sono em dia. Mas se tem algo que tornaria universal, é que essa fenda no tempo serve para descobrir quem a gente é e descobrir como conviver sozinhos. Às vezes a gente é insuportável, né? Se quiser aprender, a oportunidade está aí.
Para provar que os dias de positividade e sanidade já acabaram, tá aí uma coluna sem pé nem cabeça, de alguém que não vai desistir de tirar uma lição disso tudo, mas que não tem paciência para seguir a manada.