Na ânsia de proteger as crianças, cada vez mais estamos criando adultos dependentes, sem iniciativa e com dificuldade de lidar com a frustração. Por mais difícil que possa ser para alguns pais, as crianças precisam vivenciar seus conflitos e desafios a fim de tentar encontrar suas próprias soluções.

Pais que resolvem problemas pelos filhos e interferem demais nas suas atividades sinalizam que o mundo é ameaçador e aumentam desnecessariamente seus níveis de ansiedade, alterando o bem estar emocional e a percepção que eles tem de si próprios e de suas capacidades. É importante que as crianças vivenciem seus conflitos e desafios para tentar encontrar suas próprias soluções. Às vezes, por medo ou receio, os adultos acabam fantasiando situações que podem ou não acontecer com a criança, e, a partir disso, antecipam medidas protetivas para evitar que ela passe por um momento difícil na vida. Na tentativa de protegê-las de um possível sofrimento, privam que exercitem sua resiliência e capacidade de resolver suas dificuldades.

Dar liberdade aos filhos significa tolerar um pouco de incerteza em troca de ensinar as habilidades que eles precisam para serem mais confiantes. Deixar a criança livre para acertar e errar, é uma forma de ensiná-la a ser capaz de resolver seus próprios conflitos. Enquanto que a criança tenta descobrir a resposta ou solucionar um desafio, pode ser que ela cometa alguns erros, por isso é importante não rir e não criticar, mas sim demonstrar respeito a essas tentativas de “erro e acerto”, desta forma, elas saberão que acreditamos em suas capacidades e não tiramos delas a esperança de conseguir resolver algo que pense ser difícil.

Um ambiente favorável ao desenvolvimento saudável é aquele que permite que a criança exerça suas competências explorando novas habilidades.

Certamente é papel do adulto oferecer segurança e proteção, mas é preciso diferenciar as situações e entender que existem contextos em que os pequenos podem e devem encarar algumas situações de uma maneira mais independente, onde os pais devem acompanhar atentos à tudo, porém apenas nos bastidores, a fim de abrir espaço e possibilidade para que os filhos desenvolvam suas habilidades, entre elas de enfrentamento, capacidade de escolha, resolução de problemas, autonomia, fortalecendo assim a construção da personalidade.

Encorajar os pequenos, oferecendo apoio e sustentação para avançar no seu desenvolvimento é muito mais saudável do que remover os obstáculos e entregar tudo pronto. Só assim as crianças poderão se desenvolver de maneira autoconfiante o suficiente para poder lidar com situações da vida cotidiana, sem um nível desregulado de ansiedade que o paralise diante de circunstâncias adversas.

É preciso passar por pequenas experiências desafiantes desde a infância para aprender a lidar com situações inesperadas, no entanto, uma educação superprotetora geralmente inviabiliza que a criança enfrente seus problemas.

Por isso, é importante chamar os pequenos para ajudar nas tarefas de casa, os filhos podem, por exemplo, ajudar a cuidar de plantas e animais de estimação, assim como a guardar objetos, claro que tudo dentro de suas limitações. Sempre que possível, deixe que as crianças experimentem fazer determinada tarefa sem a intervenção do adulto, assim estimulamos o sistema sensorial, a coordenação motora, a autonomia, a autoconfiança e até mesmo a autoestima, mostrando que elas são capazes!

Renata Rigon Cimadon – Psicóloga