Os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostram a disparidade da qualidade no Ensino Fundamental das escolas públicas de Bento Gonçalves. Enquanto nas séries iniciais melhoramos de forma considerável, seguimos a passos lentos e, em alguns casos, andando para trás, no que diz respeito à evolução da qualidade de ensino dos anos finais.

O problema é sério e acontece tanto na rede municipal, como na rede estadual de ensino. Para se ter uma ideia da situação, entre as 13 escolas municipais que participaram da avaliação nas séries finais, 11 não alcançaram a meta estabelecida ou tiveram pior desempenho em relação a 2011. Entre as escolas estaduais, oito dos 11 estabelecimentos educacionais avaliados ficaram abaixo da média exigida. Na contramão destes dados, 11 das 13 escolas municipais conseguiram alcançar ou superar os índices exigidos pelo Ministério da Educação. Na rede estadual, o desempenho foi um pouco pior, com oito das 13 avaliadas conseguindo alcançar ou superar a média estabelecida.

A preocupação maior é com os nossos adolescentes que, pelo que mostra o levantamento, estão cada vez mais desinteressados com a sala de aula. As facilidades do mundo digital e das redes sociais, somadas ao descaso da maioria dos pais, que pensa que a escola é capaz de fazer o papel de pai e mãe, além da falta de modernização e avanços no ensino da rede pública, resultam em aproveitamentos pífios e inexpressivos nas avaliações de desempenho.

As notas baixas do Ideb, aquém das metas estabelecidas, comprometem, na verdade, o futuro do país e servem como alerta para todas as autoridades públicas em todas as esferas – federal, estadual e municipal. Para garantir o crescimento econômico e o bem-estar social, sempre em pauta neste momento eleitoral, é fundamental investir pesadamente no ensino público: é a educação de qualidade que assegura a igualdade de oportunidades; é a educação de qualidade que melhora a produtividade da indústria e do agronegócio, que desenvolve o comércio e os serviços.

Apesar de muita propaganda sobre a criação de novas escolas técnicas, os governos vêm fracassando em melhorar efetivamente o ensino. O fracasso do Ensino Médio vem criando a chamada “Geração Nem-nem”, de jovens que nem estudam, nem trabalham, o que ameaça a competitividade da nossa economia e o próprio futuro do país. Durante as campanhas eleitorais, a educação vira sempre protagonista, com os candidatos caprichando nas promessas para o setor. No governo, entretanto, a maioria esquece os compromissos assumidos. O Brasil precisa de professores melhor formados e remunerados, de escolas com boa estrutura, que contemplem tecnologia na sala de aula, de acompanhamento e reforço para os alunos em dificuldades. Para esse avanço, a educação deve sair dos programas de campanha para se tornar real prioridade dos governos. Mas quando isso irá acontecer de fato?