Natural de Bento Gonçalves, o empresário tem um papel importante como liderança em entidades de Bento, principalmente levando adiante o projeto do Bento +20

uma pessoa precoce. Começou a trabalhar com 12 anos, completou o ensino médio com 16, a Faculdade com 20 e a dar aulas com 22. Formou-se em Economia, na antiga Fervi, fez pós graduação em Gestão Empresarial e Marketing e mestrado em Administração- Marketing na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Hoje, Adelgides tem uma empresa de consultoria em Estratégia de Marketing, a E30 Assessoria Empresarial e a Imobiliária Prestigie e Prestige Corporate. Além disso, participa ativamente em entidades empresariais da cidade, como o CIC-BG e a vice-presidência do Bento +20.

Atividades Profissionais

Sempre busquei o desenvolvimento pessoal e profissional e me dediquei muito aos estudos. Trabalhava e estudava, e ainda, na época dos juniores, jogava no Esportivo. Trabalhei no Senai, mas foi na Madecenter que comecei meu trabalho no setor moveleiro, isso em 1986. Um ano depois me formei em Economia, e logo iniciei a licenciatura, com 22 anos, dando aula para o quinto ano de Economia, na disciplina de Política Econômica e Macroeconomia. Depois do meu mestrado, dei aula de Marketing no curso de Administração da Fervi. Fiz minha tese sobre a indústria moveleira, um dos primeiros trabalhamos científicos sobre o assunto. Lecionei por 25 anos. Fui o primeiro coordenador do curso de Tecnologia em Produção, pioneiro a nível de Brasil, onde era dado formação aos profissionais do setor moveleiro, fazendo Bento crescer e se solidificar.
Depois de 10 anos na Madecenter saí e abri uma consultoria de Estratégia e Marketing, a E30 Assessoria Empresarial, que existe até hoje. Já são 23 anos de consultoria, trabalhando com mais de 220 empresas em mais de 20 países. E há 10 anos nasceu a Prestigie Imóveis e a Prestigie Corporate, primeira imobiliária temática Uva e Vinho do mundo. A Prestige Corporate é especializada na compra e venda de empresas realizando a intermediação comercial, avaliação, planos de negócios e coordenação jurídica de todos os procedimentos operacionais desde 2013. Também fundei o Instituto Brasileiro do Móvel (Ibramóvel).

O Ibramóvel

Iniciei o Instituto Brasileiro do Móvel -Ibramóvel- em 1998, onde se tinha poucos dados e estatísticas sobre a indústria moveleira. Ele teve o papel de estudar mais cientificamente o setor moveleiro, e com ele consegui fazer várias pesquisas, com dados muito interessantes para o setor, o que contribuiu muito para a Movergs, por exemplo. Com todo o conhecimento acadêmico e o meu papel no setor moveleiro sempre fui chamado por entidades para ajudar quando tinha algumas questões relacionadas às indústrias moveleira. Eu comecei a escrever muito cedo na revista Móbile, principal revista do setor moveleiro, do Brasil, também a revista Noi.

Atividades Comunitárias

Já em 1996 comecei a me inserir no mercado moveleiro, e instituições de Bento Gonçalves. Fiz parte do Sindmóveis e da Movergs, inclusive eles utilizaram minha tese sobre o estudo do setor moveleiro, e conseguiram trazer para o Estado uma empresa que fazia aglomerado e MDF, de fora do país. No Sindmóveis coordenei junto com Dorvalino Loveda, da Carraro e o Celso Pazza, o primeiro banco de dados da indústria moveleira do Brasil, no começo da década de 90 e coordenei um grupo de trabalho sobre exportação. Na Movergs fui diretor e presidente do 4º Congresso. Hoje atuo mais diretamente junto ao CIC-BG, ExpoBento e Fenavinho.

CIC, Fenavinho e ExpoBento

Sou Diretor do CIC, e a instituição tem uma responsabilidade e representatividade muito grande para todos os setores empresariais de Bento. Atuamos para auxiliar no desenvolvimento da indústria, comércio e serviço. Na ExpoBento sou diretor de projetos, na busca de patrocínios para a feira e o CIC incorporou também a Fenavinho. Com as feiras, que nada mais são que contribuições para o desenvolvimento industrial para a cidade, Bento cresce. Dentro da instituição também atuo como Coordenador do OECON, o observatório de economia. Somos uma equipe de seis pessoas, onde todo mês escrevemos um artigo sobre economia. Atuo também na vice presidência do Bento + 20, que conseguiu unir o setor público e privado, são 29 entidades envolvidas.

O Bento + 20

Precisa-se conciliar o interesse da gestão pública com o empresariado, sem briga política. Bento tem que pensar para Bento, para frente. A Prefeitura e a Câmara de Vereadores participam do Bento +20. Precisamos fazer, colocar na prática. Todas as prioridades que tem lá, cada câmara temática, têm suas prioridades, algumas públicas, outra privadas. Fala-se bastante na estrutura do lago da Fasolo, para tornar-se um atrativo para a sociedade, e para isso, por exemplo, precisa da parte pública. Dentro do Bento +20 montamos uma equipe para pesquisar onde está a falta de mão de obra qualificada, quais as profissões que são necessárias para hoje, e quais vão precisar amanhã, para trabalharmos uma solução para essas demandas. O projeto está iniciando e falta muitas pessoas o conhecerem, assim faremos uma Bento melhor. Uma união em prol da cidade.

A UCS em Bento Gonçalves

Bento Gonçalves sempre teve a ideia de criar uma Universidade própria, a grande dificuldade, porém, foi a legislação para abrir novos cursos. Na época existiam apenas três cursos: economia, ciências e letras. Para abrir uma Universidade ou novos cursos precisa-se da aprovação do Ministério da Educação, o MEC, o que não se conseguiu. Com isso, já existente, a UCS veio para Bento. Eu sempre vi isso com bons olhos, não porque era a Universidade de Caxias, poderia ser qualquer situação, desde que gerasse crescimento educacional para a cidade. Independentemente do capital físico, temos que ter desenvolvimento de capital humano, intelectual e de conhecimento. Hoje têm inúmeros cursos e pós-graduações, que dificilmente seria possível de outra forma. Buscar fonte de conhecimentos onde elas existam, para que as pessoas possam se desenvolver.

Setor Imobiliário de Bento

Existem muitas oportunidades no setor, já que ele cresce muito mais em decorrência da atividade econômica, do que de situações específicas. Por exemplo, a pandemia foi um impacto muito grande, porém quando se trabalha no setor imobiliário não há como pensar um ano para frente, e sim em cinco anos. As atividades do setor imobiliário de Bento foram muito mais impactadas em 2015 e 2016, na época em que o PIB do Brasil caiu, do que agora. O setor oferece muitas oportunidades e está em expansão. O número de lançamentos que tivemos nos últimos dois anos foram muito maiores que nos anos anteriores, assim como o crescimento de loteamentos e também o projeto Minha Casa, Minha Vida. O setor é muito forte e temos que inserir Bento em um contexto microrregional, estadual e nacional. Não podemos mais pensar só no município, isolado, e sim em transformá-lo em um player mundial, com mais exportação e mercados maiores, por mais que a instabilidade econômica exista, teremos que enfrentá-la.

Oferta e procura de moradias

Existe mercado e existe oferta. As pessoas compram algo por necessidade e desejo, e se existe produto, é porque tem demanda. As pessoas estão procurando locais mais amplos, casas e apartamentos maiores, com mais espaço. O problema é que Bento é uma cidade muito pequena geograficamente, e não há mais espaços na cidade. Não há como fazer um crescimento, sem que haja uma densidade populacional, porque os locais ao redor da cidade, ao meu ver, deveriam ser para a construção de empresas. Bento ficou com apenas 30% do território que se tinha. Houve um movimento para buscar a descentralização do centro da cidade, mas ele ainda representa grande parte de investimento de construção. Morar no centro é algo cultural.

Plano Diretor

Temos que conseguir aliar o turismo com o desenvolvimento econômico. Não podemos trancar o setor, e sim deixar que ele se desenvolva e cresça. Por exemplo, Os Caminhos de Pedra não há como descaracterizar, mas também não se pode ficar proibindo tudo, não que isso aconteça. Tem que gerar renda e que as pessoas cresçam, com novos projetos, facilitando o desenvolvimento turístico. O novo Plano Diretor, pelo menos, já avançou no sentido de não proibir novas atividades. Há as que são incentivadas e outras que podem apresentar projetos e reduzir os efeitos adversos. O turismo, junto com a indústria, comércio e serviço, é uma das molas propulsoras da cidade. O que tem que haver mais são atividades de inovação, estudos voltados para o futuro e não tanto para o passado. Hoje já se pensa em Plano Diretor micro-regional. O pensamento evoluiu bastante nos últimos anos, agora é só agir.

Concentração Habitacional

Ainda não é caótica, mas é difícil. Há 30 anos fazia-se loteamentos onde não se pensava sobre as necessidades em volta, ou seja, deslocou-se as atividades empresariais sem pensar em uma infraestrutura necessária para o local. Hoje já se pensa nesses pontos, que poderiam ser mini- cidades, cidade inteligente. Um exemplo, nem todas as escolas precisariam sair ao meio dia, diminuiria o tráfego de veículos. Favorecer as pessoas, pensar no transporte urbano e alternativas para que se tenha mais qualidade de vida. Criar um escritório de Bento em Brasília para atividades políticas de construção de projetos e cenários que desenvolvam a região.

Casa própria

Através do programa Minha Casa, Minha Vida (hoje Verde e Amarelo) que foi um dos melhores programas criados pelo Governo Federal, o sonho da casa própria é muito possível. Com o programa, uma pessoa que ganham mil reais, por exemplo, pode financiar a casa própria. Os projetos estão cada vez melhores, com bons apartamentos, bem localizados e com entrada quase zero. Ajudando a parte de moradia, para que a população possa ter uma casa.

Necessidades da indústria

Precisa-se pensar mais fortemente os mercados. O nível de tecnologia é bom, ainda mais com investimento de mercados compradores. Deve-se entender os desenhos, necessidades e se posicionar. As indústrias de Bento dependem muito do Brasil ainda, de um consumo dentro do país, mas isso está cada vez mais uma corda bamba. Trabalhar no aspecto de mercado e inovação e isso se faz através de recursos humanos e tecnologia.

Necessidades do Comércio

Precisa de mais especialização, novas formas de venda e atendimento, como franquias, isso se faz com treinamento, recursos humanos, escola do comércio e inovação. Existe uma conversa mais tranquila entre marcas locais e nacionais, uma proximidade. O comércio local precisa se desenvolver, encontrar fontes de conhecimento dos produtos que estão sendo vendidos. O comércio está se desenvolvendo, mas precisa-se trabalhar cada vez mais a inovação e especialização.

A Prestação de serviços

É muito diversificada e será o futuro do país. Os países desenvolvidos já tem 80% da economia baseado nos serviços, e nós estamos caminhando para isso. Para os serviços, não precisa de tanto investimento para iniciar, e nós já estamos com um nível de serviços muito bom aqui em Bento. Quase tudo que se precisa, encontra.

Bento e os novos investimentos

Bento até consegue atrair bons investimentos, mas por ser uma cidade pequena, com baixo fluxo de pessoas, eles são mais difíceis de vir pra cá, mas o que se percebe é uma mudança, pois estão descobrindo Bento Gonçalves. Já estão vendo a região uva e vinho para investimentos turísticos, até fora da cidade, como Pinto Bandeira, que está crescendo muito devido aos espumantes. Bento e a BR 240 são um expoente para turismo e serviço. Os parques turísticos, como em Canela e Gramado, têm um futuro promissor na nossa região. Então, os investimentos estão acontecendo, Bento não está parada, está desenvolvendo. A Fundaparque vai ter um papel importante para o desenvolvimento de Bento, pela possibilidade de trazer muitos setores e ser um propulsor econômico.

Conceitos sobre a Fundaparque

A Fundaparque tem que viver, crescer, se desenvolver, com atividades públicas e privadas que se renovam. Ser um centro de inovação, serviços de desenvolvimento. Unir o lazer, quando possível, mas focar em atividade empresarial. A essência é as feiras, eventos e trazer pessoas do mundo inteiro para Bento. O município tem uma riqueza em suas mãos, com os pavilhões e vem se tornando um centro atrativo de desenvolvimento. A Fundaparque tem um desenvolvimento enorme, mas também tem dificuldades. Uma joia a ser cada vez mais lapidada para trazer qualidade de vida par a sociedade.

Dificuldades de mão de obra

Há dificuldades em quantidade e qualidade, em capacitação. Estamos fazendo uma pesquisa com o CIC para identificar quais as dificuldades presentes e futuras para a qualificação de mão de obra, ou seja, identificar o que precisa. Falta qualificação profissional, o que temos que fazer é identificar onde e como sanar as necessidades. A tecnologia não tira empregos, ela desloca o serviço e cria novas oportunidades.

Sugestão de investimentos

Eu aplicaria em inovação, em duas áreas, em mercado e qualificação profissional. O conhecimento move o mundo, não só o dinheiro. Investiria em serviços, e não em indústria e comércio.

Onde o vírus mais dói

O vírus dói na questão da saúde e na economia. Os hotéis, eventos, restaurantes, por exemplo, sofrem bastante. A tendência é que no segundo semestre a situação comece a se normalizar, a vacina já está aí e também já se fala que talvez a imunidade de quem já pegou seja mais duradoura. É realmente uma situação delicada, não dá para comprar a saúde, e se politizou bastante a pandemia, demorou para começar a vacinação, mas, efetivamente está se fazendo muito jogo político no Brasil. A pandemia vai passar e o segundo semestre será bem melhor a nível Brasil e mundo.

Varinha mágica

Se eu tivesse esse poder, acabaria com a fome no mundo e daria educação para todas as pessoas.