Quando se fala em mudança não há como se mencionar só uma, principalmente em se tratando de Brasil. Neste País, a cada dia surge alguma coisa errada, que necessita de mudança. Se começarmos com a Constituição de 1988, a necessidade de se aplicar mudanças profundas, radicais, extremas nela salta aos olhos de qualquer pessoa, mesmo de mediana inteligência, desde que com o domínio pleno de, no mínimo, dois neurônios. A nossa “Carta Magna” é um compêndio de direitos, privilégios para poucos e obrigações restritas a esses mesmos que usufruem os direitos e privilégios. Em síntese, ela fez com que os fora-da-lei obtivessem salvo conduto para seus malfeitos através de legislação dela advinda e da imensa possibilidade de recursos que são permitidos aos que são processados. Não sei até que ponto o desrespeito para com policiais, professores, autoridades em geral, pais, idosos, etc, pode ser atribuído a uma legislação pífia. Talvez a tal de “evolução”, “modernidade” tenha introduzido o vírus do desmantelamento no seio das famílias. Sim, a que era “a célula mater da sociedade” – a família – foi sofrendo um processo de aniquilação, notadamente nos últimos 30 ou 40 anos. Imaginem os cinquentões atuais se tivessem a ousadia de responder aos pais ou professores! E desrespeitar policiais ou autoridades, civis ou militares, era algo impensável. Hoje, o que se vê é tudo, menos respeito. A terceirização da educação dos filhos tem, certamente, grande parte do ônus de tudo o que se vê atualmente. As redes sociais são uma “terra sem lei”, onde não poucos se autoatribuem o direito de postar e repassar o que bem entendem, sem nenhuma preocupação com as consequências. A sociedade, como um todo, nada mais é do que o reflexo dessa família que foi sendo deteriorada pela “modernidade”. Chegamos ao cúmulo de diferenciar a corrupção, a ladroagem, os malfeitos entre “os meus” e os “dos outros”. Chegamos ao suprassumo de achar que não respeitar vagas para idosos, deficientes físicos, sonegar impostos, furar filas e outros tantos delitos que caracterizam desvios de condutas “faz parte”. Chegamos ao cúmulo dos cúmulos de tornar a célebre frase de Rui Barbosa não em exceção, mas na regra. Disse ele: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra; de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. ” Hoje, quando se a lê, não temos o sentimento de distância. Olhamos ao redor e a constatamos escancarada, verdadeira bofetada naqueles que estão quase “desanimados”. Todavia, resta-nos a esperança de que é possível, sim, virar o jogo. E ele pode ser virado desde que a população dita “de bem”, faça a sua parte e se una contra os que atentam contra a honra e a justiça. E a população somos cada um de nós. Unidos, somos invencíveis e podemos mudar esse estado de coisas. Vamos começar, com outra frase de Rui Barbosa? Esta: “Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.”