Apesar de raro, o câncer pediátrico representa a primeira causa de óbito por doença tanto nos países desenvolvidos quanto no Brasil, entre jovens com idade entre 1 e 19 anos. Por isso, o diagnóstico precoce é a melhor arma na luta contra a enfermidade, que pode ter sintomas semelhantes a outros problemas e doenças comuns da infância.

Cerca de 12 mil novos casos de câncer infantil são registrados no Brasil a cada ano, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O número é alto, mas não deve ser motivo para alarde. Isso porque o câncer em crianças e adolescentes é considerado uma doença rara – no mundo, apenas 3% do total de casos de neoplasias malignas acometem jovens de 0 a 15 anos e a maioria deles acontece na primeira infância. Dados do Inca também apontam que, a cada um milhão de crianças de 0 a 5 anos, temos 200 casos; na faixa dos 5 aos 10, a média cai para 100.

Além disso, a taxa média de cura do câncer pediátrico no Brasil é de cerca de 70% – alguns tipos da doença chegam a ter índices ainda mais elevados. No entanto, para obter esses números, é essencial que o diagnóstico seja feito precocemente, com um tratamento realizado em centros especializados. O problema é que nem sempre a doença é descoberta no seu estágio inicial, principalmente porque alguns sintomas – como febre persistente, manchas rochas pelo corpo, gânglios e dores nos ossos ou no abdômen – podem se confundir com os de outros males muito comuns na infância. O importante é ficar atento caso o problema não desapareça uma semana após a visita ao pediatra.

Origens da doença

As causas do câncer infantil não são totalmente conhecidas. O que se sabe é que ele é causado por alterações em células embrionárias primitivas e imaturas, isto é, ainda em fase de crescimento, o que faz com que a evolução da doença geralmente ocorra de forma mais acelerada nos pequenos do que em indivíduos mais velhos. O tumor no adulto pode demorar anos para crescer. Nesta fase mais avançada da vida, em geral, o surgimento de neoplasias está associado ao estilo de vida e a fatores de risco ambientais, ao contrário do que ocorre com o câncer pediátrico. Entre as crianças, na maioria das vezes não há uma causa hereditária para a doença. Mas existe um componente genético nas células do organismo daquele indivíduo que predispõe ao aparecimento do câncer.

Tratamento promissor

A escolha do tratamento depende do grau de evolução da doença, do tipo de tumor e da idade do paciente. Pode ser quimioterapia, radioterapia ou cirurgia, combinados ou não, mas a radioterapia é bem pouco usada em crianças, pois produz mais efeitos colaterais a longo prazo.

Como os tecidos do organismo da criança afetados pelo câncer ainda estão em fase embrionária, elas respondem melhor à quimioterapia – o tratamento mais usado nos mais novos – e são mais tolerantes a ela. Por isso, podem receber doses altas e se recuperam bem mais rapidamente. Vale destacar que, com a diminuição da toxicidade da quimioterapia e a evolução dos remédios usados para diminuir seus efeitos colaterais, hoje as crianças sofrem muito menos com o tratamento e os efeitos tardios são muito menos frequentes do que eram antigamente.

De qualquer forma, como a quimioterapia diminui a concentração das células de defesa do corpo, durante o tratamento a criança não deve comer comidas cruas, nem usar a piscina ou tomar muito sol. Uma gripezinha ou infecção que podem ser simples de curar para uma criança em condições normais, é bem mais complicada para quem está com as defesas do corpo baixas. A quantidade de plaquetas, que são os componentes sanguíneos que ajudam a conter sangramentos, também cai, mas cerca de três semanas após o término do tratamento o indivíduo já pode voltar a levar uma vida normal.

Outro fator que conta a favor dos pequenos é que, diferentemente dos adultos, é rara a ocorrência de comorbidades, como diabetes, hipertensão e obesidade, que prejudicam a evolução do tratamento. Por outro lado, o grande problema é que não é possível fazer uma prevenção primária do câncer infantil. Os adultos podem, por exemplo, evitar o cigarro e a exposição excessiva ao sol, que estão entre os causadores de alguns dos principais cânceres na fase adulta, mas as chances de influências ambientais ocasionarem um câncer infantil são muito menores.

Fonte: mdemulher.abril.com.br