É difícil ser essencialmente bom, com o agravante de viver em um mundo onde tornou-se quase um aspecto cultural se autoafirmar através da depreciação do próximo. Quem tenta sabe. Nem sempre pelo estereótipo forjado do que ser bom significa, mas por perceber que é visto como falsidade, interesse ou submissão, mesmo quando é feito com verdade.
É preciso lutar contra todos os dias. Quem nunca falou alto demais ou sem pensar, que atire a primeira pedra. Conviver com indiferença, distância, deboche, maldade, preconceito como pingos ácidos de uma chuva de verão, tentamos correr sob qualquer marquise mais próxima. Quem tenta sabe, é difícil ser bom. Além de tudo e de todos, quase sempre que consguimos ser, a recíproca não é verdadeira. E também por isso que é difícil.
A negatividade me faz um mal desgramado, impossível ficar perto de pessoas pessimistas convictos ou cheias de “não-me toque (fecha aspas – tapa umbigo). Vivemos em sociedade e é difícil não alimentar ou não repercutir essa chama de desvios, atrolhadas como lenha seca em uma fogueira beira mar.
Fato que sou mais realista do que qualquer outra coisa, mas quando se trata de ter esperança, mesmo que calejada eu to ali segurando a porta antes de deixar fechar, pensando que vale a pena deixá-la aberta, mesmo sem saber o que tem lá.
Fato também, que vez ou outra (ou muitas (tapa umbigo), a gente dá a mão e o outro decepa. Escancara a porta e encontra o monstro do armário, salva a mocinha que não queria ser salva. Chuta o pau da barraca e grita um DANE-SE bem alto. A gente erra, dá uns beijos no bandido e estraga toda lição de moral. A gente vira fitness e continua fumando uma carteira por dia, começa a se perder nas curvas. A gente se sabota dizendo que não pode ajudar o próximo porque também está numa pior. A gente faz igual porque já fizeram com a gente. O importante é que todos os dias, você luta para ser uma pessoa boa. É difícil, quem tenta sabe. A gente sai da linha e como todo “bom (fecha aspas -tapa umbigo) ser humano, aprende mais na dor do que no amor. Contanto que aprendamos, tenho fé que ‘tá” valendo…