Batatinha é um “sujeito” ousado. Dono de um par de olhos nem sempre azuis e de bigodes extraordinariamente sensoriais, não só detecta o perigo antes de ele se materializar, como encara a situação de frente… ou de ladinho. Ele vai com tudo pra cima do problema… ou pro meio. É muito mais habilidoso do que o personagem de Nicolas Cage, em “O Vidente” que consegue enxergar só dois minutos antes da consumação do fato.

É verdade que seus atributos físicos também contam. O macho tem pelos aveludados típicos da linhagem persa e um rabo sempre empinado, que roça pelas pernas da gente com suavidade. Acrescentando a isso sua manha explícita, temos um “cara” charmoso e sedutor. Ninguém resiste, nem mesmo o inimigo…

Pois bem! Tendo descido de paraquedas a fim de curtir um happy hour com a galera, o “fulaninho” tratou logo de descobrir quem era quem. E sua intuição não falhou: precisava tomar cuidado com o outro macho, aquele sem bigodes.
Mas o peludo começou a assediar o pelado, numa estratégia nada convencional. Comendo pelas beiradas enquanto estudava o terreno, ele foi ganhando espaço até que… “puf” no colo do cidadão.

-Sai, sai, sai! – foi a reação imediata do importunado. Afinal, sendo avesso a bichos dentro de casa e acabar como poltrona, já era um acinte.

Batatinha é mais persistente do que a maioria dos humanos. Poucos são os que não se esmorecem com a repetição do fracasso. Me lembrei agora de Abraham Lincoln, que se frustrou em todas as suas tentativas profissionais e, mesmo assim, não pendurou as chuteiras. Concorrendo às eleições, venceu e se tornou o melhor presidente dos Estados Unidos.

Retornando ao Batata: Sem um “miau”, ele repetiu a operação por inúmeras vezes, não se intimidando com a cara feia do outro, conquistando, enfim, o seu colo, onde ronronou em baixa frequência, durante boa parte do domingo.


Do Baú

Folhas velhas
Falhas imperceptíveis
Calhas cheias
Diversos matizes
Veia que verte
Poema que voa
Verão que vai
Outono que vem…
Eterna reprise…