Com indícios semelhantes, pode parecer difícil distinguir uma doença da outra. Há sintomas, porém, que deixam claro as particularidades entre uma inflamação e outra

A chegada da primavera e a brotação de belas flores é sinônimo de beleza para alguns, mas de agonia para outros. Quem tem rinite alérgica, por exemplo, passa longe de cheiros diferentes e do pólen das flores para evitar coceira e secreção nasal. Além desta, outra doença que preocupa muitas pessoas é a sinusite. Os dois problemas, entretanto, podem ser confundidos.

Afinal, qual a diferença entre rinite e sinusite?

A médica Roberta Gerber, especializada em otorrinolaringologia, explica que rinite é quando ocorre uma inflamação da mucosa que reveste o nariz do ser humano. Na sinusite, entretanto, acontece uma inflamação da mucosa dos seios paranasais. “São cavidades que a gente tem dentro dos ossos do crânio e da nossa face. Elas normalmente são preenchidas com ar. Quando tem uma secreção dentro delas chamamos de sinusite”, explica.

Os motivos do desenvolvimento dos problemas podem variar entre questões anatômicas, funcionais ou infecciosas, tanto do nariz como dos seios da face. Muitas vezes há uma confusão entre o que é rinite e sinusite pelas manifestações semelhantes. “Sintomas em comum são congestão nasal, rinorreia (secreção nasal) e alteração de olfato”, pontua.

Mas também existem indícios que permitem distinguir entre uma inflamação e outra. “A sinusite dá mais sintomas de dor e peso na face, secreção, muco purulento (com pus), geralmente de um lado só do nariz. O principal diferencial, porém, é a história e a evolução da doença. Quando o médico conversar com o paciente, vai ver alguns detalhes do tipo: quando tu tens um sintoma de gripe que piora depois do 5º dia ou passaram 10 dias de um quadro gripal e não está melhorando, a gente começa a pensar em sinusite”, ressalta a médica.

No momento delicado vivenciado por todo o mundo atualmente, diante do coronavírus, é aconselhado procurar assistência médica. “Deixando muito claro que nesse cenário de pandemia, sempre que tem esses sintomas gripais é preciso investigar para a Covid-19”, recomenda.

Rinite alérgica?

A mais conhecida das rinites, a alérgica, se manifesta ainda mais no período de polinização, por isso, as pessoas com esta patologia têm seus sintomas agravados. Existem, também, outros tipos da doença. “Acho importante salientar que a imensa maioria das pessoas entende que quando a gente fala em rinite, estamos falando da alérgica e isso não é verdade, pois existem vários tipos dessa inflamação da mucosa do nariz, que muitas vezes acaba predispondo um quadro de sinusite”, realça Roberta.

A patologia tem um nome técnico e abrangente, que também engloba as condições não alérgicas. “Quando a gente pensa em outras situações que podem despertar quadros existe a rinite gestacional, vasomotora, que é causada por mudanças de temperatura; medicamentosa, desenvolvida por pacientes que fazem uso crônicos de alguns medicamentes no nariz e isso piora sintomas. Existe também a emocional, atrófica, viral e bacteriana. Não há só um tipo e nem toda a rinite é alérgica”, enfatiza.

Sinusite aguda ou crônica?

Como a rinite, também não há apenas um tipo de sinusite. A otorrinolaringologista explica que quando há sintomas até três meses é chamada sinusite aguda. “Quando passa esse período, começamos a pensar em uma sinusite crônica, isso precisa ser melhor avaliado pelo otorrino. Diferente do que muitas pessoas pensam, não precisam necessariamente de exames complementares como raio X dos seios da face, nem tomografia na fase aguda, mas uma conversa com o médico. Tem alguns sintomas muito clássicos que uma boa conversa, associada a um bom exame físico do nariz, pode trazer um diagnóstico correto e o melhor tratamento”, conclui.