Opa! Um tema que mexe com as paixões. No mínimo, os olhos já se arregalaram, e o sistema límbico se inflamou diante do título polêmico. As coisas esquentam quando posições contrárias se encontram. Afinal essa dicotomia é bem antiga. O cérebro ainda traz o DNA da polarização, que é do tempo do homem das cavernas, quando as chances de sobrevivência dependiam da força dos grupos. De lá pra cá, tudo mudou, menos o desejo humano de sentar no ladinho das suas conveniências. Como estamos sob o mesmo teto, não havendo equilíbrio, ele pode ruir sobre a cabeça de todos indistintamente.

O equilíbrio é fundamental para a estabilidade. Eu, por exemplo, sou destra, o que limitou a minha mão esquerda. A falta de protagonismo deixou-a bem travada, não conseguindo chegar a lugares estratégicos, nem desempenhar tarefas elementares como pentear e maquiar. Mas desde que a Ciência anunciou a perspectiva de prevenção da doença de Alzheimer, através da mudança de paradigmas, passei a praticar atividades do dia a dia com a mão que menos obedece minhas ordens. Assim estou exercitando também os neurônios.

Essa prática demanda tempo e paciência, duas qualidades desenvolvidas durante a pandemia. Bom, nem sempre dá certo, mas quanto mais tentamos… com menos cabelos ficamos. Isso aconteceu comigo dia destes, quando exigi que minha mão esquerda usasse a escova rotativa. Meio lerda, ela não conseguiu dominar a ferramenta que acabou se enrolando nos cabelos até a raiz e não quis mais soltá-los. Prontamente, a direita foi em seu socorro, mudando a rotação da escova. Mas aí os dois lados se estranharam, e a confusão se armou. As cerdas em movimento alcançaram o colar de pérolas falsas, e o fio teria me esganado se não fosse vagabundo. O resultado foi um “crek” e um monte de bolinhas deslizando pelo chão.

Mas não desisti. Agora estou me dedicando aos membros inferiores, onde pequena desigualdade estrutural entre os dois lados precisa ser trabalhada, o que vai me render algumas boas sinapses dos neurônios. De modo que estou forçando a barra – na barra – para que a direita ganhe flexibilidade, e a esquerda, equilíbrio. Faço isso nas aulas de alongamento, que, por sinal, já me devolveram um centímetro dos que me foram roubados pelo sedentarismo de quase toda uma vida.

Enfim, é preciso praticar para que o vinho não entorne. Mas se a coisa ficar feia, junte as duas mãos e faça uma prece.
O cérebro agradece.