Você sabe como eram feitas as reportagens há 50 anos? Saiba como a profissão evoluiu até os dias de hoje

Quando Johannes Gutenberg inventou a imprensa há mais de 500 anos, por certo não imaginava o quanto revolucionaria o mundo. Com o advento dos tipos móveis, os livros começaram a sair da clausura dos mosteiros e passaram a ser impressos em uma escala cada vez maior. Ao longo dos anos, com o conhecimento se tornou acessível a um número maior de pessoas, começaram a surgir também outros formatos narrativos. Assim, os livros contariam o passado. O jornal chega para relatar os acontecimentos mais recentes. O termo imprensa deixa de ser apenas a “máquina impressora” e passa a designar os meios de comunicação de massa.

No Dia Nacional do Repórter, comemorado em 16 de fevereiro, além de parabenizar a todos os profissionais da área, realizamos um bate-papo com o bento-gonçalvense Itacyr Luiz Giacomello, que há mais de 50 anos foi um dos representantes da classe, além de atuar em prol da comunidade em outros setores.

No escritório, rodeado de fotos, caixas e pastas que guardam as memórias de uma “época de ouro”, Giacomello, aos 82 anos, conta, com brilho nos olhos, que sempre foi apaixonado pelo jornalismo e por escrever. “Procurava produzir a escrita de forma responsável e, muitas vezes, fazia as minhas críticas construtivas pelo bem da população”, destaca.

Itacyr ainda utiliza a máquina de escrever para alguns textos. Foto: Franciele Zanon

Seu primeiro emprego foi aos 20 anos de idade na Companhia Vinícola Rio-Grandense, como auxiliar de escritório. Um ano depois, em 1959, deu partida à carreira de repórter no então Diário de Notícias – fundado em 1925 e comprado pelo embaixador Assis Chateaubriand em 1930, quando passou a fazer parte do império dos Diários Associados –, uma extensão em Bento Gonçalves do jornal em Porto Alegre. Giacomello lembra que as atividades eram intensas. “Tudo era na máquina de escrever. Colocava o material no envelope e enviava, pelos Correios, até a Capital. Despachava em uma segunda-feira e, na quarta, era publicado. Quando se tratava de assuntos urgentes, notícias mais factuais, me comunicava por telefone com a direção do jornal”, recorda.

Multiprofissional

Se hoje as fotografias são feitas por uma câmera digital, pelo próprio jornalista e podem ser enviadas via online, há cinco décadas fotógrafos ou empresas terceirizam as imagens. “A mim eram fornecidas, na época do Diário (de Notícias), por amigos da Foto Pavoni e Foto Planalto. Sempre pedia duas cópias”, menciona. Isso rendeu a ele um grande arquivo de fotografias.

Dentro desse aspecto, o Diário promoveu o Miss Bento Gonçalves em três edições, nos anos de 63, 65 e 67, além da “Mais Linda Prenda do Rio Grande do Sul”. “Procurávamos fazer tudo o que era de interesse da e para a comunidade em todos os setores”, comenta.

Diferente dos profissionais atuais, que têm a função de escolher a pauta, fotografar, filmar, escrever e, muitas vezes, editar o material, Giacomello sublinha que a equipe era formada apenas por ele, “sempre com o apoio da minha esposa (in memorian), companheira assídua”, completa.

O correspondente tem passagem também pelo Correio do Povo, onde permaneceu por quatro anos, Jornal do Comércio por mais quatro e colunista, até hoje, no Jornal Semanário. Além disso, carrega no currículo 32 anos no quadro de funcionários da Vinícola Aurora, vereador, sócio-fundador da Associação do Deficientes Físicos de Bento Gonçalves (Adef), além de participações no Clube Esportivo, CIC, Lions Clubes, APAE, entre outros. Nas palavras dele “sempre procurei servir a ser servido”.

Jornalismo hoje

Do carbono ao xerox. Da máquina de escrever ao computador. Muito anos se passaram, e a paixão por escrever e contar histórias permanecem vivas em Itacyr Giacomello. “A tecnologia veio para evolução do próprio ser humano. Mudou o sistema, mas a forma de fazer jornalismo permanece”, acredita.

Para quem está iniciando na profissão ou pretende, ele aconselha: “tem que ter criatividade, um faro jornalístico, deve ser responsável, assumir os atos e procurar por fontes que possam auxiliar na divulgação dos fatos, até os inéditos”.

Esses caçadores de notícias, direta ou diretamente, estão presentes no nosso dia a dia, compartilhando histórias que acontecem no mundo por meio de uma linguagem clara, objetiva e acessível.