De modo geral, a data passou sem muito alarde – nem homenagens, nem discussões. Os dramas com as enchentes estavam mais em evidência do que o reconhecimento aos professores ou de seus dramas. É compreensível. As inundações desalojam milhares de pessoas e escancaram a dor dos atingidos. Já a educação, historicamente em segundo plano, sofre de dor crônica não explícita, tipo reumatismo ou dor ciática, e a sociedade acaba se contentando com remedinhos paliativos.

Mas assim que o sol mostrou o ar de sua graça, os olhares buscaram outros focos além das cheias. De minha parte, passei a fazer uma reflexão sobre o tema título e suas implicações. Afinal, é por causa da Educação, ou pela falta dela, que advém a crise moral, mãe de todas as outras crises, a exemplo do que estamos vivendo na atualidade.

Já defendi a ideia de que só uma mudança radical poderia salvar a educação e, consequentemente, o país. Hoje aceito que pequenas coisas são capazes de promover grandes transformações. Quem me convenceu não foi Paulo Freire, nem os pensadores mais modernos, e sim o gramado aqui de casa.

Explico:
Depois de uma década tentando manter esse retângulo que ostenta várias tonalidades de verde, livre de trevos, tiririca, inço e de outras ervas invasoras, resolvemos começar do zero. Arrancamos tudo e plantamos mudas novinhas de gramínea. Acontece que, sem os cuidados regulares, não demorou o avanço das pragas. Mais uma década brigando com as danadas, até que optamos, de novo, por uma mudança radical, desta feita com gente especializada. Ao invés de mudas, foram colocados tapetes. Mas, sem os cuidados regulares, tudo ficou novamente dominado. Desistimos de vez. Agora o cortador de grama corta parelho. E, num piscar de olhos, as ervas daninhas ganham altura. Bom para quem cobra o serviço.

Daí a conclusão: mudanças exigem esforços contínuos para a educação não ficar amarrada aos cipós oportunistas e sufocada pela tiririca, pragas sempre atentas aos movimentos da terra. Mas como reformas absolutas não acontecem, podemos apostar nas pequenas coisas que, somadas, podem promover conquistas sociais.

Mas de “blá-blá-blá” todo mundo está cheio. Então vamos ser práticos, sinalizando ações passíveis de serem realizadas. Talvez devêssemos começar eliminando atividades promovidas pelas escolas, que tendem a fortalecer o atual estado das coisas. Um exemplo disso é o concurso de rainha e da boneca viva, competições que, se por um lado reforçam a conta, para atender a necessidades eventuais da escola, por outro, reforçam o conceito de que a aparência é tudo. Não queremos que nossa juventude acredite que “bunda vale mais do que cérebro”, não é verdade? Mostra de talentos, concurso de debates, campeonatos de xadrez, júri simulado… poderiam entrar no currículo.

Outra atividade aparentemente “inocente”, que poderia ser banida, é a famosa cadeia das festas juninas, onde manda prender quem paga e só sai quem tem dinheiro… Alguma semelhança com algo real?
Opa! Estou ouvindo sinais de protesto… Mas, por enquanto, acho que se trata de São Pedro ameaçando abrir novamente as torneiras. Fazer o quê?! Remar contra a maré ou sentar e saborear a pizza gigante que acabou de sair do forno, à moda da casa… da Dinda?