São perto das dez horas da noite e estou em casa sozinho. A casa está quieta como uma igreja. Somente o motor da geladeira costura a bainha do silêncio. Levanto do sofá e meto-me a revirar gavetas a procura de alguma coisa que nem mesmo sei o quê.

Minha mão colhe com cuidado, como se fora uma flor, uma velha fotografia. Gasto alguns minutos olhando a imagem que me sorri. Sim, você adivinhou. A fotografia é de uma mulher.

Uma mulher muito bonita, por sinal.

É com este tema na cabeça que venho para frente do computador deixar a minha homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Uma mulher bonita passa uma sensação de liberdade do sentido de mover-se livremente.

Uma mulher bonita carrega um toque de canção e de poesia em seu olhar.

Uma mulher bonita não corre contra o tempo, nem corre com o tempo; apenas caminha com o tempo.

Uma mulher bonita não se preocupa em parecer bonita; ela simplesmente é bonita.

Uma mulher bonita é bonita mesmo quando levanta da cama pela manhã de rosto limpo e com o exército de cabelos desgrenhados declarando guerra ao pente.

Uma mulher bonita tem na sensualidade natural uma roupa que lhe cai incrivelmente bem.

Uma mulher bonita é como música: ela que rege o cotidiano.Sem ela, o mundo desafina. Sem ela, o mundo emudece. A mulher é música e a música é a voz de Deus.

Uma mulher bonita multiplica afetos, sonha a paz e ensina a viver e amar.

Uma mulher bonita é como a previsão de tempo bom: ensolarado como a felicidade, brilhante como o otimismo e quente como o coração da amizade.

Uma mulher bonita é matemática faz-de-contas; é história de conto-de-fadas; é geografia tonta de amor; é química da paixão desenfreada; é português sem regras, sem nada.

Uma mulher bonita não nutre um ódio mortal contra as balanças de farmácia e nem faz das tabelas de calorias, impressas nas embalagens de produtos alimentícios, seus novos mandamentos de vida.

Uma mulher bonita faz valer os seus direitos com inteligência e graça e não aos gritos, como se fora um clarin de guerra.

Uma mulher bonita não vive pedindo para que o homem diga que as amigas dela são feias e sem graça.

Uma mulher bonita não costuma meter o nariz, parte do corpo que espirra e coça, onde não é chamada.

Uma mulher bonita é bonita pelo que diz no silêncio.

Uma mulher bonita tem algo de mistério no equilíbrio de sua beleza.

Uma mulher bonita tem um sorriso que vai se espalhando em roda dela como as ondas produzidas por uma pedrinha atirada na água de um lago.

Uma mulher bonita transmite os sentimentos do querer, do ciúme, da saudade, da insegurança e o mais bonito e valioso de todos, o do amor, com naturalidade.

Uma mulher bonita tem luz própria, assim como minha avó da fotografia que tenho nas mãos, que ilumina a sala, não obstante todas as lâmpadas estejam apagadas.

 

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