Último mês do ano passado voltou a demitir mais do que contratar e faz o ano da pandemia terminar com redução no saldo positivo do mercado de trabalho em Bento

Os últimos 30 dias do ano passado, justo o das festas de Natal e virada de ano, não ajudaram a manter o ritmo do crescimento no número de postos de trabalho ocupado na Capital Nacional do Vinho. O total de pessoas formalmente empregadas em novembro, em Bento, era de 40.285, volume que caiu para 40.104 no mês seguinte por causa das demissões que superaram as contratações. Foram empregadas 1.214  pessoas e dispensadas 1.395, um saldo negativo de 131 postos de trabalho desativados.

O comportamento do mercado de trabalho no município seguiu a tendência verificada no Rio Grande do Sul e no Brasil, que também encerraram o último mês de 2020 com saldos negativos, interrompendo a linha na geração de empregos que vinha em ascensão desde abril, o pior dos 12 meses. Foi quando aconteceu o menor número de contrações e o maior de demissões, consequência das duras medidas de restrição à atividade econômica adotadas pelos governos do estado e do município na intenção de conter a expansão do vírus causador da Covid-19, o coronavírus.

Para o Rio Grande do Sul os números divulgados nesta quinta-feira, 28, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do governo federal, também foram de queda no número de trabalhadores que tiveram Carteira Profissional assinada. Uma diferença pequena, de 131 demissões a mais que as admissões, foi anotada no estado, mantendo o saldo do ano na marca de 20.220 posto de trabalho fechados e uma população formalmente ocupada de 2.492.661 pessoas.

No Brasil o quadro só foi diferente porque, enquanto Bento Gonçalves fechou o ano em queda acentuada e o Rio Grande do Sul amargou índices negativos, o estoque (pessoas empregadas) se manteve elevado, beirando os 40 milhões de trabalhadores. Isso, mesmo dezembro voltando a registrar saldo negativo na relação admissões-demissões, depois de cinco meses em crescimento contínuo. No país, o último mês do ano da pandemia encerrou com quase 68 mil pessoas demitidas a mais do que o total de contratações do período.

Covid-19 por ter influenciado queda

Para o professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e membro do o Observatório de Economia (OECON) do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), Fabiano Larentis, o aumento das dispensas e a redução das contratações podem ter motivações diferentes. Desde a rotatividade da mão de obra, que é uma característica do período, até os receios que as pessoas têm diante do cenário de pandemia da Covid-19. “O mês de dezembro interrompeu uma alta na geração de empregos de cinco meses consecutivos em Bento Gonçalves. Isso se deve principalmente ao saldo negativo da indústria e de não ter havido geração de empregos nos outros setores”, reforça Larentis.

Entretanto, segundo ele, “ainda não está claro se os números (de Bento, -181, em dezembro) representam os movimentos de rotatividade de empregos característicos do período ou se estão mais atrelados às incertezas oriundas do aumento de casos e de mortes relativos à Covid, identificados no mês em questão”. O professor lembra que os resultados de dezembro não constituíram um fenômeno local. Além de várias cidades da região terem registrados números negativos, como Caxias (-726) e Garibaldi (-191), no Estado e no país a situação foi a mesma.

Ele quase comemora, porém, os dados relativos ao ano que passou, em Bento Gonçalves, com saldo positivo de 409 empregos gerados nos 12 meses. “O número de empregos totalizou 44.686, quase 1% a mais do que em 2019, mesmo com a pandemia e seus diversos efeitos”, lembra ele. Conforme Larentis, se a tendência de crescimento de geração de empregos desde junho permanecer, mesmo com a queda que houve em dezembro, a previsão é de superarmos o patamar de fevereiro de 2020, pré-pandemia, em fevereiro de 2021.

Abril se confirmou como o  pior mês para a geração de empregos em Bento, em 2020. Foi o mês em que as empresas menos contrataram (531) e mais demitiram (2.008), gerando um saldo negativo de 1.477 postos de trabalho desativados.