Em junho de 1907, o Sr. Lourenço Monaco, enólogo formado pela “REAL ESCOLA SUPERIOR DE VITIVINICULURA” de CATÂNIA-ITÁLIA, e que dirigiu durante sete anos importantes estabelecimentos vinícolas em Mendoza, República Argentina, visitou o Estado do Rio Grande do Sul, tendo ocasião de observar o primitivismo da vitivinicultura no Brasil.

Nessa oportunidade, conheceu o Dr. Ricardo Machado, então Diretor Geral de Higiene, que o apresentou ao Dr. Borges de Medeiros, Presidente do Estado, para quem o Sr. Lourenço Monaco trazia a carta de apresentação do ministro plenipotenciário Assis Brasil, chefe da legação brasileira em Buenos Aires. O Dr. Borges de Medeiros dispensou a melhor acolhida ao visitante, oferecendo-lhe o cargo de enólogo fiscal da Diretoria de Higiene do Estado, para os municípios de Caxias, Bento Gonçalves e Garibaldi.

Bem impressionado com as possibilidades que encontrara no Brasil o Sr. Lourenço Monaco, juntamente com sua família, transferiu residência para a nossa Pátria, em 1903. Assumindo o posto que lhe confiara o governo do Estado, iniciou uma série de conferências sobre viticultura, demonstrando aos colonos que acorriam a ouvi-lo em grande número, a inferior qualidade da videira Isabel, por ele cultivada. Passou também a escrever, para os jornais de Porto Alegre, convincentes artigos, em que a péssima forma de cultivo dessas uvas. Recriminando a falta de higiene na vinificação, afirmava que 50% dos vinhos produzidos naqueles tempos se deteriorariam completamente.

O Sr. Lourenço Monaco, que se fizera acompanhar ao Brasil por seu pai, José Monaco, e por seu irmão Horácio, resolveu fazer a distribuição do trabalho, a fim de atender a todos os que solicitavam os seus serviços. Desta forma, o técnico Horácio Monaco assumiu a responsabilidade da vinificação na Adega de Oreste Franzoni & Cia, em Monte Belo, no município de Bento Gonçalves, sendo a primeira Indústria de Vinho, ao Sr. José Monaco coube dirigir a vinificação na Adega Pedro Andreazza, em Caxias do Sul.

O vinho resultante causou excelente impressão, pois pela primeira vez no Brasil eram postos em prática na vinicultura a técnica ensinada nas escolas superiores deenologia da Itália e a experiência adquirida em sete anos de prática em Mendoza por Lourenço Monaco, melhorando muito o tipo de vinho nacional.

Assim, o precursor dessa indústria consegiu introduzir nas diversas adegas as primeiras esmagadoras de uva, acabando com o velho costume de esmagá-las com os pés. Introduziu as primeiras bombas de transfegar vinho. Instalou os primeiros filtros e colocou os primeiros aparelhos para analisar o mosto de vinho. Introduziu a forma de garantir a conservação dos vinhos.