O jovem saía do bar com seu lanche na mão, quando sentiu o olhar reprovador de um menino, cinco anos no máximo. Ele era o último da fila de uma turma de aluninhos que iam em direção ao ônibus que os aguardava após visita à Casa das Artes.

-E aí, cara? – disse o jovem, sorrindo para o garoto.

-Tu não tem vergonha? – foi o retorno imediato do baixinho.

-Vergonha de quê? – perguntou, entre surpreso e divertido, o nosso amigo.

-Com essa barba e esse cabelo comprido? Relaxado! – xingou, com indignação, o pedacinho de gente.

-Yago!

A professora tentou corrigir a situação, mas o “estrago” já fora feito.

Pois é! A onda começou há alguns anos, mas agora até parece que se abriram as comportas das histórias infantis. Um tsunami de personagens vikings, piratas, lenhadores e papais-noéis saíram dos livros, povoando as ruas, escritórios, universidades…, cada qual com seu enredo, mas todos com o mesmo objetivo: estar na moda.

Ok, Ok! Alguns barbudos convictos figuravam na paisagem bem antes desta epidemia. Ou eles tinham um gosto exótico ou eram admiradores de Charles Darwin – que ostentava uma barba de dar inveja ao Black Beard, por acreditar ser ela mostra de maturidade sexual.

Mas a coisa é muito mais antiga do que se supõe. Há alguns milênios antes de Jesus Cristo, os gregos cultivavam barba para exibir sua condição social e sua coragem. Barbudos tinham status; pobres e covardes tinham o rosto raspado.

A barba ia de vento em popa até que Alexandre Magno instituiu o “A.I. 5… mil”, que determinou a total eliminação dos pelos faciais dos seus exércitos. O imperador temia que, no embate corpo a corpo, os soldados barbudos perdessem força, diferentemente do mito de Sansão.

E veio J. C. com seus longos cabelos e… barba. A partir daí, os pelos recuperaram seu prestígio, significando macheza entre os nobres. Logo, os que andavam de cara limpa, ou eram padres – com votos de castidade – ou eram pessoas não muito afeitas ao sexo. Supostamente.

Conta-se que, há 200 ou 300 anos, alguns reis barbados não gostavam dos seus súditos barbudos e, para obrigá-los a raspar a cara e/ou para faturar, instituíram a taxa da barba… Rússia e Inglaterra teriam tido essa inspiração…

Opa! Olhaí a solução para nossos problemas. Vamos imaginar que do total da população brasileira, uns 10 milhões sejam de homens com barba. Instituindo-se um tributo variável de acordo com o tipo dos pelos – compactos ou ralos, lisos ou encaracolados – estaremos arrecadando bilhões de reais e salvando nossa Pátria amada, Brasil.