A estreia do Sindmóveis Bento Gonçalves no São Paulo Design Weekend vem marcada por iniciativas voltadas ao posicionamento do design brasileiro no mercado externo – ações desenvolvidas em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Além da mostra de produtos premiados e finalistas do Prêmio Salão Design, o espaço da entidade no Jockey Club São Paulo abriga a primeira mostra do Projeto Raiz, destinado às exportações do serviço do designer. Como parte dessa ação, 18 estúdios participaram de uma edição inédita de Projeto Comprador entre designers brasileiros e compradores norte-americanos.

Foram mais de 50 rodadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, que devem gerar negócios nas áreas de licenciamento de projetos e exportação de produtos assinados. O lojista Vas Kiniris, de São Francisco, Califórnia, teve sua primeira experiência com designers brasileiros e se declarou impressionado com a maturidade do design brasileiro e a experiência que muitos deles têm na fabricação – diferente do que ocorre nos Estados Unidos.

Sua loja tem 25 anos e valoriza o design autoral, vendendo peças de produção local e também importadas de países como Inglaterra, Suécia, Dinamarca e Japão. Negócios com o Brasil devem surgir a partir das rodadas de negócios. Segundo ele, o Brasil tem um perfil único e está no seu melhor momento para internacionalizar o design. “O design brasileiro está pronto, o preço é adequado e há muitos talentos. Tudo é uma questão de posicionamento, pois, nos últimos 10 anos, as empresas daqui se focaram somente no mercado interno. Mas, agora, o mercado internacional está cansado do design escandinavo e minimalista. Há grandes oportunidades”, frisa.

Por que investir em design

O design tem papel fundamental como elo entre a indústria e o mercado e, de acordo com o Diagnóstico do Design Brasileiro feito em 2014 pelo Centro Brasil Design, faz?se necessário colocá?lo como fator potencial de competitividade na agenda estratégica da economia nacional. O design contribui para a elevação da taxa de exportação na medida em que desenvolve produtos que oferecem um nível de qualidade e desempenho percebido como superior.

O estudo defende a correlação entre a balança comercial positiva de um setor e seu alto grau de investimento em design, que representa um papel importante na fase secundária da inovação, bem como na fase de conceito de inovações radicais e na política de qualidade para melhorar produtos, ampliando a capacidade competitiva de um país. O design é uma das estratégias mais importantes, decisivas e determinantes para o sucesso comercial e econômico empresarial – não pela simples adição da estética, mas pela capacidade de desenvolvimento e implementação de projetos complexos.

De acordo com a coordenadora-geral de Mercado Externo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Renata Carvalho, o setor serviços é considerado pela CNI aquele que promoverá competitividade para o país nos próximos anos. Em função disso, os serviços estão sendo comercializados internacionalmente de forma crescente, alcançando a cifra de US$ 4,7 trilhões no ano de 2013. “Design não está relacionado apenas a produtos, mas à identidade, ética, exploração de novos materiais, sustentabilidade – todos conceitos que contribuem com a estratégia de exportação das empresas”, explica.

Os setores de serviços mais dinâmicos entre 2008 e 2013 foram o de computação e informação, com mais de 9% de crescimento anual médio no período, seguido pelo de serviços pessoais, culturais e de lazer, com quase 9%, e por outros serviços profissionais e de negócios, com 7%. Nessa, última categoria enquadram-se os serviços de design. O presidente do Sindmóveis, Henrique Tecchio, pontua que a entidade vem investindo no design como ferramenta de diferenciação para o setor moveleiro desde 1988, com a criação do Prêmio Salão Design, o mais tradicional concurso do segmento no país. “Mais recentemente, a partir de 2012 e em parceria com a Apex-Brasil, estamos desenvolvendo um projeto de exportações do serviço do designer que já conta com 50 estúdios brasileiros”, destaca.

O DW! São Paulo Design Weekend encerra neste domingo, 16 de agosto. Em sua primeira participação no festival, o Sindmóveis teve um espaço de 500 metros quadrados no Art Design Village, ação localizada no Jockey Club paulista.