Era 9 horas da manhã e fazia cerca de 20º em Bento Gonçalves. O movimento habitual de carros, no Centro, foi substituído por pedestres, que esperavam o momento do desfile. Enquanto a passeata não começava, os grupos se organizavam em pelotões. Aos poucos, as ruas foram enchendo: eram os pais procurando os filhos com os olhos, espectadores que gravavam tudo com o celular e crianças que abanavam para os Bombeiros.

As comemorações da Independência reuniram cerca de 19 mil pessoas e se prolongaram ao longo de toda manhã de quinta-feira, 7 de setembro. As escolas prestaram homenagens à artistas e intelectuais da educação. Além disso, os 50 anos da Fenavinho foi um tema recorrente, com jovens vestidos de imigrantes italianos, faixas exaltando a feira e imagens do 1º presidente, Moysés Michelon.
Grupos de escoteiros, bandas marciais e trote de cavalos chamaram a atenção dos espectadores na maior parte do evento. Em alguns momentos, bandeiras de países e dos estados brasileiros tomaram a Via del Vino, carregadas por senhores de terno e por estudantes. Os símbolos buscavam representar a união dos povos.

Algumas instituições optaram por trazer elementos diferentes do tradicional: carros alegóricos com referências às descobertas científicas, bandas marciais e pais que desfilaram junto com os filhos. Ao todo, 18 escolas municipais, estaduais e particulares participaram das comemorações.
Palmas acompanhavam os grupos do início ao fim. Quando o ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Francisco Pertile, desfilou em um carro do 6º Batalhão de Comunicações (6º BCOM), uma mãe disse para seu pequeno: “Ele lutou na Segunda Guerra, filho!”. A criança, por um momento, ficou admirada.

Os secretários do governo de Guilherme Pasin, vereadores, autoridades militares e empresários se reuniram em um palanque montado em frente à Prefeitura. O tema nacional abordado no desfile foi o centenário da morte do médico Osvaldo Cruz. O estadual, a chama crioula e, o municipal, os 50 anos de história da Fenavinho. Após o desfile, a chama da pátria foi apagada e deu lugar à chama crioula, marcando os festejos farroupilhas.

Data para refletir sobre o Brasil

Apesar da admiração com o desfile, também predominou o sentimento de decepção, acompanhado de esperança e persistência. A maioria dos entrevistados pelo Semanário pensam que o país deve se reinventar e pouco há o que comemorar no 7 de setembro, inclusive, sinalizam que deveria ser um dia de protesto.

As críticas se concentram na corrupção da política e na dificuldade de construir um Brasil mais justo e igualitário, frente aos problemas éticos nos poderes. Nesse sentido, as pessoas relataram que veem dificuldade em valorizar o patriotismo e, por vezes, sentem-se constrangidas com o país.
Já alguns entendem que, apesar de todos os problemas, o sete de setembro é uma data para lembrar que somos brasileiros. Sendo assim , o sentido de patriotismo é o de valorizar o as virtudes das antigas gerações e passá-las adiante.