Município detém o título de cidade com o maior número de empreendimentos familiares do Estado

A agroindústria foi um dos setores menos afetados economicamente pela pandemia da Covid-19 no país. Mesmo que tenha passado por uma queda na produção de março e abril de 2020, já está se recuperando, segundo o Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro), apresentado mensalmente pelo Centro de Estudos do Agronegócio (Fundação Getúlio Vargas Agro – FGV).

A relação de produtos de matéria-prima para o beneficiamento de frutas na produção de doces cremosos se mantém estável em Bento Gonçalves. “Alguns produtores buscam frutas fora do município para o processamento, principalmente as pequenas, como mirtilo, amora e framboesa. No entanto, quando se trata de frutos da nossa região, podemos destacar o processamento de doces de figo, uva, morango, pêssego, marmelo, goiaba, bergamota, laranja e maçã. A maior parte delas são encontradas na cidade, na propriedade das agroindústrias, com exceção da maçã, que normalmente é trazida do município de Vacaria”, esclarece a engenheira agrônoma da prefeitura, Sheila Carvalho. Apesar disso, um pequeno aumento foi constatado na viticultura.

A pandemia da Covid-19 não afetou a produtividade. Contudo, houve uma quebra na produção de pêssego e ameixa, devido às condições climáticas, como geada na floração e estiagem na maturação. No entanto, a Secretaria aponta que é cedo para estimar o quanto foi perdido. “Seguimos os mesmos índices médios do Rio Grande do Sul. Nossos frutos possuem grande aceitação dentro dos varejos do município, assim como nas feiras livres, bem como, no mercado externo, onde são abastecidos supermercados, distribuidoras e fruteiras em todo o país”, afirma Sheila.

Sofremos com a quebra na produção de pêssego e ameixa, devido às condições de geada na floração e estiagem na maturação. Sheila Carvalho, engenheira agrônoma

Frutas são comercializadas também fora do Estado

Todos os frutos são vendidos no município. Contudo, a uva —, utilizada principalmente para o beneficiamento na elaboração de vinho e suco —, além do pêssego, ameixa, laranja e bergamota, também são comercializadas no estado. Destaca-se a venda externa de frutas como pêssego e ameixa, principalmente para os estados da região Sudeste e Centro-Oeste, além de Santa Catarina e Paraná.

Agroindústrias contam com vendas online

De forma a manter a comercialização dos produtos, os estabelecimentos, com apoio do poder público e entidades do setor, buscaram alternativas para se manterem no mercado. A partir da união de 50 agroindústrias da Serra Gaúcha e Sebrae-RS uma plataforma de vendas online foi criada, em meados de julho do ano passado.

Produtos coloniais são comercializados na Casa do Vinho, no Centro. Foto: Divulgação

O chamado “Agro em casa” está disponível em oito cidades, além de Bento Gonçalves: Canela, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Gramado e Nova Petrópolis. São mais de 100 opções de produtos, dentre vinhos, sucos, doces, massas, congelados, cestas coloniais, inclusive para quem tem restrições alimentares.

Mais de 35 empreendimentos inscritos no programa municipal

Não é de hoje que famílias bento-gonçalvenses têm encontrado na atividade agro uma fonte de renda extra de sustento. O município tem o maior número de agroindústrias do Rio Grande do Sul. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura (SMDA) são 36 empresas cadastradas no Selo Sabor de Bento e seis em processo de adesão, e, ainda, 37 inclusas no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (PEAF) do Rio Grande do Sul. Em 2020, sete novas foram inclusas no programa municipal.

Prefeitura relata que houve um pequeno aumento na viticultura, a exemplo da propriedade Vistamontes. Foto: Divulgação

Dentre os segmentos, o que mais se destaca é a produção de panificados, com 13 empreendimentos, seguidos por massas e geleias (sete). É importante ressaltar que uma agroindústria pode fabricar mais de um tipo de produto.

A enóloga e proprietária da Vistamontes Vinícola, Geyce Salton, afirma que as vendas caíram no empreendimento, devido à pandemia, em quase 30%. “Trabalhamos bastante voltado para o turismo. Então, no início tivemos uma queda bem grande. Já tínhamos uma loja virtual, mas passamos a dar mais enfoque e foi o que nos manteve. Depois, com a abertura dos empreendimentos, conseguimos melhorar o faturamento nesse período, quase à normalidade”, comemora.

Geyce conta que além dos sucos, vinhos e espumantes também passaram a ser ofertados aos clientes, o que gerou um aumento considerável. “Acompanhamos nas pesquisas que as pessoas que estavam em casa consumiram mais bebidas alcoólicas. Isso refletiu bastante na empresa”, afirma. Já a empreendedora Natalina Bohm Cavalett, da agroindústria Pão Colonial na Palha, no distrito de São Pedro, também comenta que a produção caiu bastante. “Uma por causa do verão e as pessoas acabam não ficando muito em casa, e os que ficam em casa fazem os próprios pães”, observa.