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Os médicos Guilherme Parisotto Sartori e Virgínia Nóbrega tiram as dúvidas sobre os principais sintomas e formas de tratamento
O câncer infantil, embora raro, representa um importante desafio de saúde. Segundo o oncologista clínico Guilherme Parisotto Sartori, do Hospital Tacchini, os tumores mais comuns em crianças são leucemias, tumores cerebrais, linfomas e sarcomas. Juntos, esses tipos correspondem a mais de 80% dos casos registrados. “Cada um deles possui tratamentos específicos, que podem ser apenas cirurgia ou associar cirurgia com radioterapia e quimioterapia em determinados casos. Para alguns casos não há tratamento de cirurgia, há intervenção somente de quimioterapia, como a determinados linfomas, então o tipo de tratamento vai depender do tipo de câncer que o paciente tem”, salienta.
Causas e fatores de risco
As causas do câncer infantil não são bem definidas. Sartori explica que fatores genéticos, síndromes hereditárias, infecções virais (como o vírus Epstein-Barr), exposição à radiação e substâncias tóxicas estão entre os fatores de risco conhecidos. No entanto, em grande parte dos casos, não há uma causa específica identificável.
Sinais de alerta para os pais
O especialista ressalta a importância de os pais estarem atentos aos sinais e sintomas, que variam conforme o tipo de câncer. “Principalmente ficar de olho quando a criança apresenta fadiga inexplicada, surgimento de hematomas e sangramento fácil. É crucial que os sintomas sejam identificados rapidamente e que as crianças sejam encaminhadas para avaliação médica o quanto antes. O tempo entre o surgimento dos sinais e o diagnóstico varia entre duas e dez semanas, dependendo da gravidade e especificidade do quadro”, destaca Sartori.
Tratamento e chances de cura
O tratamento do câncer infantil pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação desses métodos, conforme o tipo e estágio do tumor. Centros especializados, como o Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) e Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), oferecem suporte integral às crianças e suas famílias, incluindo apoio psicológico e nutricional.
Apesar das limitações em novos avanços terapêuticos, o câncer infantil apresenta altas taxas de cura. Cerca de 80% dos pacientes alcançam a remissão completa. Contudo, cerca de uma em cada cinco crianças pode enfrentar uma recidiva, onde o câncer volta a se manifestar. “Não existem tantos avanços, é importante deixar isso claro. Como o câncer infantil é uma doença mais rara, ele acaba não tendo um número muito grande de novos tratamentos que tenham sido aprovados recentemente, essa inclusive é uma crítica que é feita, que poucos tratamentos modernos ou mais novos são aprovados para o câncer infantil, bem diferente do que a gente vê no câncer de adultos”, frisa.
Falta de medidas preventivas específicas
Diferentemente de alguns tipos de câncer em adultos, não há estratégias de rastreamento ou medidas preventivas específicas para o câncer infantil. Sartori reforça que o foco está na conscientização dos pais e no diagnóstico precoce, que é essencial para aumentar as chances de cura.
A mensagem final do oncologista é clara: “O papel da família na identificação dos sintomas e na busca por assistência médica é vital. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as chances de um desfecho positivo”, evidencia.
Apoio além do tratamento médico
No Tachinni há uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), que está vinculada ao SUS e ao Instituto do Câncer Infantil (ICI).
O ICI assiste crianças com câncer há quase 30 anos visando aumentar os índices de cura e a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares. A instituição proporciona consultas médicas, assistência integral e multidisciplinar nas áreas: oncologia pediátrica, fisioterapia, psicologia, pedagogia, odontologia, psicopedagogia, nutrição, fonoaudiologia, treinamento funcional, serviço social, apoio jurídico e terapias alternativas como reiki e musicoterapia; benefícios assistenciais como: vestuário, calçados, cestas básicas e materiais de higiene e limpeza, além de apoio com transportes, medicações e exames especiais. Atividades de lazer e cultura, festividades, atividades de recreação e entretenimento para amenizar o período de internação também serão fornecidas.
Além da assistência, o ICI é referência em projetos de Pesquisas Científicas dedicados aos avanços de novos tratamentos e geração de conhecimento científico com parcerias nacionais e internacionais. Desde sua criação já foram atendidas 2.500 famílias.
Segundo Virgínia Nóbrega, médica hematologista pediátrica e consultora do ICI, há em torno de 450 casos por ano de novos diagnósticos no Rio Grande do Sul. “As crianças são divididas principalmente nos seis centros habilitados para o tratamento do câncer aqui no estado. A gente sempre recomenda que a criança e o adolescente com câncer vá para centros de referência. Como não há centro em Bento, há pouca informação, mas acreditamos que há em torno de oito casos por ano aqui. É um caso para cada dez mil nascidos”, ressalta.
A médica comenta que muitas famílias precisam sair de suas cidades. “Por isso há muitas políticas públicas para melhorar acesso aos tratamentos”, pontua.
A profissional finaliza alertando sobre a importância das pessoas ficarem atentas aos sinais do câncer. “Os sintomas não são tão específicos e se misturam com outras doenças. O câncer é uma doença grave, então uma criança que está doente e que passa a ter um sintoma muito persistente, uma dor óssea que demora mais de 20 dias e não passa, uma febre por mais de 10, 20 dias se torna preocupante. Dessa forma, essas manifestações devem ser avaliadas por um médico; nem sempre indicam câncer, mas é essencial considerar a possibilidade para um diagnóstico adequado”, finaliza.