A expectativa de vida da população tem aumentado consideravelmente e, este processo de envelhecimento acaba elevando a freqüência de transtornos psiquiátricos, como a depressão. Este é um dos distúrbios psiquiátricos mais comuns na população idosa.

A depressão é muito mais do que um sentimento ou emoção. Sentir-se triste é comum diante de alguns eventos da vida, como por exemplo, uma perda ou uma decepção. A doença denominada depressão, é algo muito mais grave, caracterizada pela falta de controle do estado emocional. Ela é uma doença mental grave, que compromete o indivíduo, ao ponto de interferir em vários aspectos do seu dia a dia.

Esta enfermidade caracteriza- se por humor deprimido ou diminuição de interesse/ prazer em quase todas as atividades da pessoa. Podem ocorrer também, sintomas como perda ou aumento de apetite, insônia ou hipersonia, sentimentos de inutilidade, culpa e sentimentos recorrentes sobre morte.

Ela acaba elevando a probabilidade do indivíduo de desenvolver incapacidade funcional, desencadeando um problema de saúde pública, na medida em que inclui tanto incapacidade individual como problemas familiares em decorrência da doença.

Estudos recentes destacam algumas características que podem estar associadas à depressão: variáveis demográficas, como idade avançada e ser do sexo feminino (mulheres costumam ter expectativa de vida maior do que os homens), condições de saúde, como o declínio do estado funcional, doenças crônicas, prejuízo cognitivo, bem como condições sociais precárias, estão entre as principais características associadas à depressão.

Cabe destacar que este transtorno não costuma ser um problema com uma única causa. As pessoas podem ficar deprimidas por circunstâncias extremas adversas intensas e prolongadas como problemas familiares, luto mal resolvido, desemprego, frustrações, violência, abandono ou por algumas adversidades físicas transitórias ou crônicas, como infarto, acidente vascular cerebral, câncer, entre outras.

Sendo assim, os idosos estão mais vulneráveis para quadros depressivos, já que viveram mais e estiveram mais expostos as situações de risco mencionadas e pelas alterações que ocorrem no organismo, deixando-os mais vulneráveis às alterações cerebrais que estão associadas à depressão.

Na população envelhecida, esta doença é na maioria das vezes pouco diagnosticada, porque não se apresenta com os evidentes sintomas de perda de prazer pelas atividades que até então eram prazerosas, alterações do sono e apetite e tristeza marcante. Nos idosos estes sintomas não necessariamente estão presentes, mas outros podem ser encontrados tais como: sentimentos de inutilidade e desesperança, sintomas físicos “sem uma explicação” mesmo os exames sendo considerados normais, lentificação dos movimentos e raciocínio, apatia, alterações da memória e concentração, irritabilidade, inquietação, indecisão, baixa estima, cansaço, sentimentos de culpa, etc.

A depressão e outros transtornos do humor, como alterações ansiosas, são transtornos mentais que, em muitos casos, expressam-se através de uma ampla variedade de transtornos físicos e funcionais na senilidade.

Esta é uma doença que requer muito cuidado e atenção. O tratamento passa pela farmacologia e psicoterapia. A primeira atuando do ponto de vista neurofisiológico e a segunda ajudando o paciente a trabalhar as relações disfuncionais, construir novas representações e a reencontrar um nível funcional de atividade, na sua relação com o mundo.

Um dos mais adequados modelos de abordagem da depressão na terceira idade é o modelo biopsicossocial que congrega os fatores orgânicos, psicológicos e sociais como fatores necessários para produzir e manter o quadro depressivo.

Podemos observar que a presença de certos traços de envelhecimento, as suas limitações e seus efeitos nas vidas das pessoas, bem como a marginalização social geram problemas psicológicos, afetando o equilíbrio interno dos indivíduos.

Desta forma, destaca-se a importância de dar qualidade ao tempo, de cuidarmos de nós mesmos no decorrer dos anos. Pessoas que mostram êxito no seu envelhecimento reduzem a probabilidade de doenças, em especial as que causam perdas de autonomia, mantém um elevado nível funcional nos planos cognitivo e físico e a conservação de empenho social e bem estar subjetivo.

Fonte: Sheila Bertoldi