Um problema que já se arrasta por quase seis meses. Assim é possível definir a situação enfrentada por moradores do bairro Vila Nova, na rua Carlos Dreher Neto. Uma denúncia feita pela comunidade ao Semanário expôs que uma empresa de galvanização está soltando, por meio de uma chaminé baixa, próxima ao nível das casas, uma fumaça espessa, que estaria causando incômodos e acarretando problemas de saúde aos moradores. Denúncias foram feitas à Patrulha Ambiental (Patram) e à Secretaria de Meio Ambiente do município.
Um dos moradores, que preferiu não se identificar, relatou que, em muitos casos, a fumaça é expelida durante o dia inteiro. Segundo ele, no início da manhã, por volta das 8h, a densidade é ainda maior, tornando difícil, inclusive, enxergar a extensão do terreno da casa, vizinho à empresa.
A situação torna-se ainda mais grave porque pode estar causando problemas de saúde aos vizinhos. Em uma das casas, a janela do quarto de uma moradora de 83 anos fica exatamente de frente para a chaminé. Ela relata que, desde que a fumaça começou a ser expelida com mais frequência, passou a se alimentar menos e apresentar náuseas e tontura. Ela emagreceu três quilos no período. “A gente entende que as empresas precisam funcionar, mas elas têm que nos respeitar também”, afirmou a idosa, que preferiu não se identificar.
Moradora do local há mais de 60 anos, ela afirma que nunca tinha passado por uma situação como essa. Há dois meses, os problemas de saúde pioraram, e ela inclusive teve de passar por exames médicos para verificar a existência de problemas respiratórios.
As casas permanecem praticamente o dia inteiro com as janelas fechadas. Nas frestas, alguns moradores optam por colocar panos para evitar que a fumaça entre nas residências. Além disso, todos os moradores com quem a reportagem conversou apresentavam sintomas como tosse e até sangramento nasal. De acordo com eles, isso iniciou após a fumaça tornar-se uma realidade no dia a dia da vizinhança.
Outros moradores também relataram o problema. Em uma casa vizinha, os moradores relataram que até as plantas morreram depois que a fumaça começou a ficar mais frequente. Diversas árvores laranjeiras no terreno não resistiram à poluição jogada contra as residências.
Denúncia encaminhada para Fepam
De acordo com o chefe de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente, Luís Espeiorin, foi realizada uma vistoria no local na quarta-feira, 21. No entanto, por ser licenciada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), a obrigatoriedade de fiscalização é desse órgão. O resultado da visita foi transformado em um relatório, já encaminhado para a Fepam em Porto Alegre na quinta-feira, 22.
Ainda segundo ele, um ofício sobre a mesma empresa já havia sido encaminhado à Fepam no ano passado. Na época, uma vistoria foi feita, e as adequações solicitadas foram realizadas pela empresa. De acordo com Espeiorin, tudo que estava ao alcance da Secretaria do Meio Ambiente já foi feito. “Por força da lei, podemos notificar, mas a parte burocrática é de responsabilidade da Fepam”, ressalta.
A expectativa, de acordo com Espeiorin, é que a Fepam se posicione em menos de uma semana a partir da data de envio da vistoria. A partir disso, será feita uma nova vistoria. Caso conste novas irregularidades, pode acarretar desde autuação ou até o embargo da atuação da empresa. O Semanário tentou contato com os responsáveis pela empresa, mas até o fechamento desta edição não havia obtido resposta.
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