Texto de Cristiane Grohe Genrich Arroyo
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Todo mundo tem suas esquisitices de vez em quando. O ser humano costuma seguir padrão de normalidade, mas todo mundo faz umas coisas estranhas. Segundo uma pesquisa apresentada no site da revista Exame, o motivo para isso é muito simples: nós somos humanos, e humanos podem ser assim. Rir em situações inapropriadas. Vontade de morder e apertar coisas fofas. Fascinação por psicopatas (tanto que séries tipo Dexter e filmes como Hannibal fazem sucesso). Mas todos esses comportamentos que nós mesmos achamos diferentes e às vezes nos envergonhamos, são cientificamente explicados. Ainda bem!

Sabe aquele momento em que não conseguimos segurar a risada quando vemos um tombo alheio? Na verdade, segundo a ciência, quando vemos a cena, nosso corpo passa por um estresse emocional e usa a risada para aliviar um pouco a tensão. Essa também é uma forma de informar à nossa tribo que, apesar de a pessoa estar envergonhada, ela não se machucou muito e que está tudo bem. São apenas nossos instintos agindo.

Ainda bem que os bebês não entendem tudo o que nós falamos. Se entendessem, provavelmente fugiriam para um lugar bem seguro e ficariam longe das ameaças como “vou morder essa coisa fofa”, ou “vou apertar taaanto, mas taaanto”. Vale o mesmo para filhotes de qualquer outra espécie. Existem duas hipóteses para essa reação. A primeira delas é que as redes de sensação de prazer estão se cruzando no nosso cérebro. Quando vemos uma coisa fofa, o cérebro solta uma descarga de dopamina, a mesma de quando comemos alguma coisa deliciosa. A outra hipótese tem a ver com os nossos antepassados pré-históricos. Brincar de morder é um hábito comum entre mamíferos. Essa brincadeira é uma forma de estreitar os laços sociais. Isso pode explicar a nossa vontade de morder coisas com as quais temos laços afetivos.

Se nós não adorássemos os psicopatas, os filmes do Hannibal Lecter, Psicose e a interminável série de Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado não teriam sido metade do sucesso que foram. Sabendo mais sobre eles, nós saímos da nossa própria consciência e entramos na mente de alguém que só pensa estritamente em si mesmo. Nossa queda por esses lunáticos é similar à nossa atração por filmes de terror ou por montanhas russas: às vezes, só gostamos de tomar uns sustos, que soltam uma descarga de neurotransmissores, liberando uma sensação de prazer.

Dos itens mostrados pela pesquisa tem um que é bem familiar. Sabe quando estamos numa reunião ou numa conversa informal e não entendemos nada do que as pessoas estão falando? A nossa tendência é de assentir com a cabeça e fazer cara de quem está entendendo tudo. Na maioria das vezes não sabemos do que se trata. Quando alguém nos pergunta se a gente sabe alguma coisa, nosso cérebro imediatamente começa a concluir e até inventar explicações e teorias sobre o assunto. A conversa acaba ficando sem pé, nem cabeça.

E ficar em silêncio com estranhos? É muito desconfortável. Mas parece que não no Japão. Uma pausa na conversa, principalmente quando a pessoa está refletindo sobre algo, é um sinal de respeito. Mas, para nós, essa dificuldade de lidar com o silêncio também remonta às nossas origens primitivas de pertencer a um grupo. Quando a outra pessoa fica em silêncio, nós achamos que ela não está gostando da conversa. Já quando o diálogo flui, avaliamos que está tudo bem. Será que a ciência explica porque sempre falamos sobre o clima no elevador?