E a seriema se foi. Cansou de chamar pelo companheiro, abatido por um idiota qualquer, numa terra que não era a sua. Ela cantou o quanto pôde, mas a solidão e o exílio acabaram com sua alegria de viver. Feito gente.
Dizem que a tresloucada desceu rio abaixo nesta última cheia… Uma pena! Mal sabia ela que faria tanta falta não só para os que estavam acostumados com sua melodia, mas também para os que ansiavam ouvi-la…

Não tive tempo de conhecer nosso inquilino. Na verdade, não arranjei tempo para incursões pelo passado… (Para quem não sabe da história: a ave escolheu morar nos arrabaldes de nossa casa paterna, após a perda do seu companheiro).

A história da seriema é tão incrivelmente humana, que mexe com as emoções. O resultado é uma viagem pelos sentimentos… Lá vamos nós…

Primeiro, o filme Diário de uma Paixão, de 2004, que conta a história de um casal de idosos que vive num asilo. Ela, porque está com Alzheimer; ele, para ficar junto de seu grande amor. Diariamente o homem lê para a mulher um capítulo de um lindo romance, que é na verdade, a história dos dois, numa desesperada tentativa de acender uma luz no cérebro doente da amada. No último capítulo, a mulher tem momento de lucidez e então reconhece o marido. Ambos se abraçam emocionados e depois, num pacto silencioso, deitam-se lado a lado, dão-se as mãos e fecham os olhos para o mundo, numa viagem sem retorno.