“Se está ruim pra você, imagina pra quem descarregou um caminhão de brita em casa errada.” Recebi essa mensagem agora mesmo através do WhatsApp, aplicativo com quem eu ando meio brigada por incompatibilidade de gênios. Mas valeu o esforço, porque ri bastante, o que é positivo nesta conjuntura tão negativa.

O problema é que o pessimismo é uma doença lenta e fatal. Tudo bem, a marolinha de anos passados virou um tsunami, provocado por uma série de questões dentre as quais a ambição desmedida daqueles que detêm o poder – social, econômico, político…, em todas as esferas (até no universo da “redonda” mais amada do Brasil), em todos os ângulos, do côncavo ao convexo. Em resumo: Diógenes, nos tempos atuais, procuraria gente honesta com um facho de luz no lugar da lanterninha. Mas “não podemos se entregar pros home, de jeito nenhum, amigo companheiro…”.

Olha só no que deu o tal de “zapzap”: acabei surfando em outra onda! Meu foco pra hoje é outro, mas não menos inquietante. Trata-se de pesquisa feita por uma universidade sobre a matança de bichos que o bicho homem provoca nas estradas brasileiras, especialmente nas rodovias que cruzam áreas de proteção ambiental. Segundo o estudo, cerca de cinco milhões de animais de pequeno, médio e grande porte são mortos por ano, inclusive de algumas espécies ameaçadas de extinção. Ou seja: a cada minuto, são atropelados em torno de nove animais. Pode?!

Felizmente neste mundo quadrado, ações exemplares mantêm o equilíbrio, como o fato ocorrido em Boston, que, segundo o talentoso David Coimbra (o cara está cada vez melhor), é corriqueiro no trânsito de lá. Ele conta em uma de suas crônicas, que uma família de patos – mamãe pata, papai pato e uma dúzia de patinhos – em fila indiana, resolveu atravessar a rua na hora do rush, em direção ao parque. O gaúcho ficou arrepiado antevendo a tragédia, mas os bostonianos, orientados pela sua consciência ecológica, foram diminuindo a velocidade de seus veículos até pararem completamente, e a família de patos pode assim cruzar a avenida sã e salva.

Não é bonito isso? Se fosse por aqui, acho que daria… daria o sinônimo de Bostom.

E a viagem continua (V)

Então a gente estava em Veneza, a cidade mais singular do mundo, percorrendo suas ruas e tentando entender sua história. Ouviam-se línguas e sotaques diversos, mas só a italiana ousávamos arranhar.

Curtíamos, certa feita, um “papo cabeça” com o dono do hotel em que nos hospedamos, quando, de repente, ele mudou o rumo da conversa. Ao perguntarmos o nome de um rio, ele simplesmente citou um filme chamado “Pó”. “Poeira em alto Mar”, pensei com meus botões. Estava ainda surpresa com a quebra do pensamento, quando o veneziano nos questionou sobre um importante filme brasileiro que não lembrava mais o nome. De imediato, respondi com meu “talian”: “Due fioli de Frantchesco”. E ele, coçando a cabeça:

-San Francisco… Ma due fiumi con lo stesso nome?

PS: “fiume: rio”