Ligação pelo número 188 e do seu site, projeto busca diminuir incidências de suicídios por falta de apoio psicológico

 

Para muitas pessoas, falar de seus problemas, ansiedades, medos e angústias se torna algo fácil, mas para outras, isso causa uma série de constrangimentos, principalmente quando pode ser identificada em público. Por vezes, a falta de uma conversa e desabafo podem chegar ao extremo, como autoflagelamento, depressão e até mesmo cometer suicídio. Para as pessoas que necessitam tenham um maior apoio para expor suas necessidades e se evite a perda de uma vida, o Centro de Valorização a Vida (CVV), ampliou suas campanhas e seus atendimentos em nível nacional desde o início deste mês, através do 188 e até mesmo pelo site.

Esse tipo de atendimento se torna imprescindível quando observamos os números de suicídios. Atualmente, é registrado no Brasil uma média de 5,5 a cada 100 mil habitantes. Segundo dados do Ministério da Saúde, em média, 11 mil pessoas tiram suas próprias vidas no País a cada ano. Entre as faixas etárias mais vulneráveis, estão os idosos. Em Bento Gonçalves, em 2017, segundo o setor de Vigilância Epidemiológica, ocorreram 371 suicídios. nos últimos 39 anos. Em média, dez bento-gonçalvensescometem suicídio todos os anos. O problema é a 15ª principal causa de morte da população.

Para a psicóloga especialista em teoria, pesquisa e intervenções em luto e perdas, Franciele Sassi, programas como o CVV, tem grande importância. “O CVV é hoje, que tem auxiliado muitas pessoas que nem sempre podem se beneficiar de um espaço terapêutico presencial. Através do CVV, as pessoas podem ampliar possibilidades de compreensão para reavaliar determinados aspectos da vida, além de aprimorar estratégias de enfrentamento de adversidades. Tem uma atuação mais pontual e direcionada, sendo uma alternativa acessível e complementar, que contribui para a reconstrução de crenças por vezes disfuncionais, mas de forma alguma anula ou isenta a necessidade de outras modalidades de cuidado em relação à saúde física e mental”, analisa.

Ainda segundo a profissional, a corrida contra o tempo, sob prazos, pressões, provas, testes, torna as pessoas frágeis e necessitando de auxílio. “Nesta rapidez com que as coisas acontecem diariamente, cada vez mais reduzimos as possibilidades de sentir como expressões naturais da condição humana. Não é a toa que a resistência das pessoas em expressar emoções vem pelo medo de fraquejar. Quem expressa o que sente, abre também margem para julgamentos externos como uma tentativa de explicar as razões para determinadas emoções”, diz.
Por isso, também, o anonimato de programas com o CVV acaba sendo uma válvula de escape importante para essas pessoal, conforme Franciele. “ Espaços seguros de escuta acabam se tornando fontes viáveis de compartilhamento de experiências intensas e dolorosas, justamente pela disponibilidade afetiva e emocional que é oferecida por alguém também preparado para acolher, em meio a tanta falta de empatia “lá fora”. São meios que as pessoas podem utilizar como válvula de ajuda, sem ser visto e julgado por sentir”, avalia.

Tempo de espera para atendimento

Após a mudança da dimensão para todo o Brasil através do 188, o número de atendimentos saltou para quase 12 mil chamados diários. Com isso, o tempo de espera pode chegar até 40 minutos.

Como ser voluntário

Embora a ampliação do alcance do serviço seja positiva, um entrave para que seja realmente eficaz ainda preocupa: a falta de voluntários para atender tantas pessoas que precisam de ajuda.
Para fazer parte do apoio de atendimentos voluntários, a pessoa interessada deve ser maior de 18 anos e ter pelo menos quatro horas disponíveis durante a semana para realizar o trabalho. Além disso, devem participar de um curso de orientação e preparação oferecido pela rede de voluntários, que é gratuito e está marcado para Porto Alegre, no dia 28 deste mês, das 9h às 11h30min. As inscrições e outras informações podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].
Quem já é profissional da área de psicologia também pode participar de forma voluntária-especialista. Para isso, deve entrar em contato pelo comunicaçã[email protected].

Alternativas no Cvv e no munícipio

Através do site https://www.cvv.org.br/, a pessoa que busca auxílio tem dois caminhos. Uma opção é o chat e outro caminho disponibilizado é o atendimento presencial, das 16h às 23h, em Garibaldi, que um dos pontos de ajuda, localizado na Rua Júlio de Castilhos, 254.
Além disso, Bento Gonçalves conta com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que também da assistência social, com atendimentos diários.