A sucessão de erros que culminou na tragédia do final de semana em uma boate em Santa Maria e que, até ontem, já havia tirado 234 vidas em uma noite macabra que marcará para sempre a vida dos gaúchos matou um pouco cada um de nós, dos que frequentam baladas até quem espera filhos retornarem para casa depois dos agitos noturnos. Matou um pouco da esperança em uma vida melhor e mais feliz, matou a ingenuidade que faz acreditar que nada de ruim vai acontecer. Mas é preciso que essas mortes também permitam nascer uma nova postura da sociedade, em que o lucro não seja o principal ingrediente das relações humanas e que a vida ganhe novos sentidos.

A tragédia que enlutou o Rio Grande do Sul deve servir de lição para que não se repita em lugar algum. A primeira reação de apoio às vítimas e de total solidariedade a seus familiares e amigos deve vir acompanhada de rigorosa investigação e responsabilização criminal, sim, mas é preciso ir além, não tratar o caso de forma isolada ou como fatalidade e tirar lições para a vida. Afinal, o incêndio na boate Kiss poderia acontecer em qualquer lugar do país, onde a legislação é frágil, a fiscalização deficiente e o interesse por ganhos econômicos fáceis não prioriza a segurança e a vida. É só olhar para os lados, aqui, ali e acolá, e perceber que o risco é verdadeiro. Quem apostaria que em casas noturnas de Bento, de Caxias ou Farroupilha o resultado seria diferente?

Muitos falharam em Santa Maria. São muitas as perguntas que ainda precisam ser respondidas, mas há fortes indícios de que houve negligência. Da boate que não teria alvará, saídas de emergência e materiais não inflamáveis, da banda que não teria adequado suas pirotecnias para o local, dos bombeiros que vistoriaram o lugar, exigiram reformas mas não teriam indicado a interdição e até do Poder Público, que permite o funcionamento de um local irregular. Não é só lá, em um país onde muita coisa é legalizada fora da legalidade.

Ainda que o estado esteja tomado por uma tristeza imensurável, é necessário ir além do luto e fazer da tragédia uma referência para revisar as normas que permitem que casas noturnas se transformem em armadilhas mortais, como fizeram Rhode Island, nos EUA, e Buenos Aires, na Argentina, após episódios idênticos em 2003 e 2004. Mas também é preciso conscientizar as pessoas para que não paguem fortunas para serem tratadas como gado nos espaços públicos em nome de ambições mesquinhas. Muito já foi dito, mas nada conforta, e as palavras não compreendem a dor. Mas, se a morte trancada na garganta nos deixa sem ação, a reação que precisa advir é cuidar, cada vez mais, da nossa tão frágil vida.

Otimismo atento

Mesmo com o fim da alíquota zero sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria moveleira anunciado para amanhã – até junho, o setor paga 50% do total do imposto –, o setor deve obter um crescimento real de 5% este ano contra 2,8% do ano passado. Ivo Cansan, presidente da Movergs, acredita que o cenário é positivo, mas garante o empenho da entidade para continuar lutando para ampliar a competitividade e a melhoria do acesso ao mercado. Hoje, o dirigente se reúne com a direção da Abimóvel para definir uma agenda comum. Para Cansan, em março o setor deve avaliar o impacto da volta do IPI para definir as políticas que serão defendidas junto ao governo federal.

Em destaque
O momento é positivo, e acreditamos que a demanda reprimida pode fazer com que este seja o ano do móvel. Ivo Cansan, presidente da Movergs, otimista com o cenário do mercado para o setor moveleiro.

Melhorar o Samu

A possibilidade de redução dos trabalhos do Samu levantada pela prefeitura suscita um debate mais amplo do que a simples transferência de responsabilidades para a prefeitura ou mesmo para os bombeiros. Os altos custos de manutenção do serviço e a dificuldade de resposta imediata das equipes merecem um debate amplificado. Não é apenas Bento Gonçalves que sofre com as mazelas de um serviço essencial mas que ainda não encontrou um modelo eficaz de regulação. É exatamente isso que deve ser discutido entre gestores de saúde de todos os níveis. Penso que acabar com o Samu é um retrocesso, mas manter o serviço como está também não é possível. É preciso estabelecer um modelo em que as chamadas sejam locais, o que poderia diminuir o tempo de resposta para as chamadas, principalmente da UTI móvel. Afinal, a saúde não pode esperar e, muitas vezes, poucos minutos podem salvar vidas.

Para Vila Oliva sair do chão

Em meio aos debates sobre a construção de um novo aeroporto para desafogar o Salgado Filho e as especulações que chegam a apontar até a desativação do aeroporto da capital (o que, na opinião nada técnica deste escriba, seria um retrocesso), o secretário de Infraestrutura e Logística gaúcho, Caleb de Oliveira, garantiu que o novo aeroporto regional da Serra vai integrar o plano de prioridades que o Estado deve apresentar nas próximas semanas ao governo federal para ser contemplado no anunciado programa de investimentos em aeroportos, que pretende estimular a aviação regional e promover melhorias nos aeroportos do país. Boa notícia. Mas, para que o novo aeroporto serrano, que será construído em Vila Oliva, tenha vida útil para o transporte de passageiros, será preciso que as passagens sejam mais acessíveis. Hoje, viajar da Serra para Porto Alegre, por exemplo, sai quase o mesmo valor de ir da capital gaúcha a São Paulo. Entre as medidas anunciadas no programa do governo federal, está o subsídio de até 50% nos assentos ocupados. Será que decola?

5 QUESTÕES JANUÁRIAS

O primeiro mês do ano encerra com algumas questões em aberto. Confira:
1 Quando a comunidade será chamada para debater o futuro da Fenavinho?
2 E a audiência do trem regional, dessa vez sai ou não sai?
3 As tantas obras paradas na cidade serão concluídas? Quando?
4 Quem vai assumir o ônus da qualificação do parque de eventos? A Fundaparque?
5 Estaria não já na hora da Câmara ampliar o número de sessões ordinárias?

Ponto
Por conta da realização da Fimma, a Movergs vai transferir sua sede para o parque de eventos no dia 15 de fevereiro e fica por lá até 5 de abril.

A Unicasa Móveis é a única empresa de Bento a compor o ranking Campeãs da Inovação, realizado há nove anos pela Revista Amanhã, em parceria com a consultoria Edusys e com o apoio técnico da Fundação Dom Cabral.

Na próxima semana, a prefeitura deverá fazer um levantamento técnico das obras inacabadas nas praças dos bairros São Roque, Maria Goretti e São Bento.

A empresária hoteleira Maria Alice Farina assumiu ontem a presidência do Bento Convention Bureau prometendo dar continuidade aos trabalhos de captação de eventos que fortalece o setor hoteleiro da cidade.

A Vinícola Aurora passa a figurar entre grandes marcas mundiais no catálogo oficial da Peter Justesen até junho de 2014, para 160 países.

A cooperativa bento-gonçalvense é a primeira brasileira a fazer parte de campanhas de vendas da empresa.

O empresário Jacir Fronza assumiu esta semana a presidência da Associação de Fornecedores para Indústrias de Madeira e Móveis, a Affemaq.

Ele fica no cargo até 2014 em substituição ao empresário Euclides Rizzi.

O principal desafio para a nova gestão será buscar novas oportunidades para o grupo das 18 empresas que fazem parte da associação.