Não é de hoje que se reclama do Plano Diretor de Bento Gonçalves. Porém, pouca movimentação produtiva foi feita para modificá-lo de forma coerente e dentro dos padrões exigidos por lei. Este jogo de empurra-empurra se arrasta há vários anos e nenhuma atitude era tomada.
O que se via era cada um puxando a brasa para o seu assado, sem que houvesse um entendimento. Os ambientalistas pensando em proteger os maninciais e as áreas verdes, mas não apresentando nenhuma solução plausível para que tivéssemos um crescimento sustentável. Como se o “não construir” fosse suficiente para dirimir as questões ambientais.
Em um outro lado, estava o empresariado que, na sua maioria, se queixava da morosidade do poder público em mudar a legislação e da impossibilidade de expandir seus negócios em direção à Bacia do Barracão e também nos bairros Santa Helena, Santa Marta e Santo Antão. Porém, também pouco faziam para mudar esta realidade.
Precisou um grupo destes mesmos empresários, com empreendimentos nos bairros Santa Helena e Santo Antão, cansar de esperar e se mobilizar para reivindicar uma postura mais ativa do poder público. Foi só a partir daí que alternativas começaram a aparecer e uma luz no final do túnel surgir.
Todos já estão carecas de saber, há anos e mais anos, que sem um estudo técnico embasado, feito por profissionais idoneos, e uma empresa com credibilidade no mercado, o Plano Diretor jamais será alterado. A pressão da comunidade, dos órgãos de imprensa e, principalmente, através de ações do Ministério Público, impediriam a chamada “mudança goela abaixo”.
Está claro para todos que medidas desta natureza não podem ser tomadas de forma abrupta e precipitada. O anúncio da contratação de um estudo técnico é uma demonstração de sensatez e equilíbrio da prefeitura, que acaba acalmando a gregos e troianos.
Finalmente uma voz surgiu para dizer que é preciso pensar em mudanças que sejam de comum acordo e que beneficiem a comunidade como um todo e não apenas uma parcela dela. Demorou, mas a voz da razão parece ter ecoado sobre as cabeças das nossas lideranças. Antes tarde do que nunca.
Chega de discursos demagógicos, criação de comitês de discussão, fóruns que não levam a lugar nenhum. A palavra de ordem agora é uma só: AÇÃO. Nossos políticos precisam parar de jogar para a torcida. Nossos empresários, que movimentam a nossa economia, precisam mostrar o quanto estão preocupados com o futuro de nossa cidade e com a possibilidade de um crescimento sustentável. Se continuarmos nos escondendo atrás das críticas vazias, Bento Gonçalves não irá a lugar algum. Vai ficar parada no tempo e no espaço.
A realidade é que nosso espaço físico é muito limitado e a cidade não tem mais para onde crescer. Ou fazemos algo inteligente e que sirva de modelo para outros municípios, ou então ficaremos assistindo as coisas acontecerem em Farroupilha, Caxias e Garibaldi, até que alguém seja o último a descer do trem da inércia e da morosidade.
Que o estudo técnico do Plano Diretor não fique somente no anúncio. que ele saia do papel e seja feito com a maior coerência e responsabilidade possível.