Penso que jamais, em tempo algum, o Brasil viveu momentos mais críticos que os atuais. A crise econômica – fichinha se comparada com as três havidas nos governos de fhc e desafio alguém provar o contrário com números e fatos – está sendo recrudescida por uma inadmissível crise político-partidária. E essa crise está colocando em cheque a democracia do Brasil, ainda incipiente, diga-se, exclusivamente pelos projetos de poder de alguns partidos e seus adesistas de ocasião. Indubitavelmente, PP, PMDB, PTB, PDT, PPS, PSB, PSD e outros são partidos cujos principais membros são “adesistas de ocasião”. O PP – ex-ARENA – e o PMDB – ex-MDB – são o exemplo escancarado disso. O PP, depois que deixou o poder com a sigla ARENA, tendo o MDB como aliado (muitos “fingiam” ser oposição com medo de terem seus mandatos cassados, o que aconteceu a torto e a direito na época), nunca mais deixaram de ser “os outros”. E agora estão provando isso.

Crise político-partidária II

Quando Sarney, arenista que aderiu ao PMDB, governou, lá estavam ambos – PP e PMDB, lado a lado, fazendo um dos piores governos que a história já contou. Sarney inventou a “Assembleia Nacional Constituinte” cujos membros foram eleitos para serem deputados e senadores, continuando nos cargos após a Constituição estar pronta. Foi o primeiro grande e mortal golpe contra o povo brasileiro. Aquela gente elaborou uma Constituição sob peso e medida para seus “interésses”. O líder do PMDB de então, Ulisses Guimarães, a chamou de “Constituição Cidadã”, quando, na verdade, era uma “Constituição para Parlamentares”, tendo os cidadãos como figuras decorativas.

Colcha de retalhos sob medida

Basta ler a Constituição atual (o que fiz dezenas de vezes, para acreditar no que lia) e constatar isso. Não satisfeitos, os “nobres parlamentares” inventaram mais 88 Emendas Constitucionais (muitas altamente questionáveis, sob o ponto de vista dos cidadãos), além de outras seis Emendas Constitucionais de Revisão e um Ato Internacional Equivalente à Emenda Constitucional. Agora temos mais de 30 siglas partidárias defendendo seus próprios “interésses” e projetos de poder, tendo a Constituição para “legalizar” imoralidades. Produziram uma verdadeira “colcha de retalhos” com ares de Constituição, para suas “próprias camas”.

Compre um computador

Ou um smartphone ou um notebook. Mas não se esqueça de contratar um serviço de internet. Se quisermos saber o que se passa na Câmara de Vereadores de Bento e até mesmo na prefeitura, este será o meio adequado. Sim, porque os “nobres edis” votaram e aprovaram, por maioria (governistas e adesistas votaram a favor), alteração no Regimento Interno da Câmara que elimina a necessidade de serem lidas as reivindicações dos vereadores. Agora, além da população não entender o que está sendo discutido, votado e aprovado nas leis municipais (é aquilo de “modifica o artº nº tal da lei tal, de tal data”, sem que se saiba, claramente, de que se trata), mais coisas só poderão ser vistas pela internet. Se não tens internet, azar o seu. Vai ver que era por excesso de trabalho dos vereadores que eles suprimiram algumas coisas “que tomavam tempo”, como ler “essas coisas” na sessão ordinária. E, também, não podemos exigir muito tempo de trabalho de quem ganha “só” R$ 9.288,61 e tem que esperar três meses para terem aumento de salário (sim, eles têm aumentos trimestrais de salários).