Pouco mais de um ano foi o tempo suficiente para aumentar a procura pelos programas sociais do Governo Federal em Bento Gonçalves. Relatórios da Secretaria Municipal de Habitação e Assistência Social (Semhas) dão conta de que em 2016, cerca de 5,5 mil pessoas foram atendidas pelos departamentos da pasta na busca por benefícios como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), entre outros. A Semhas confirma o aumento da demanda, principalmente de imigrantes haitianos e senegaleses que chegam à cidade em busca de um futuro melhor e acabam sendo surpreendidos com outra realidade.

Conforme o secretário Márcio Pilotti, os números de atendimentos apontam que, atualmente, cerca de 1450 famílias recebem o benefício Bolsa Família. Na visão de Pilotti, fatores como o agravamento da crise econômica e o desemprego obrigam famílias em situação de vulnerabilidade social procurarem ajuda. Em comparação ao final do ano passado, o número de beneficiários cresceu cerca de 35%. Ele explica que muitas pessoas, principalmente imigrantes, chegam à cidade iludidas com a forte economia local, mas esquecem de que o país vive um momento de recessão e que em Bento não é diferente. “Infelizmente, sabemos que a questão do desemprego engloba todo o Brasil. Ainda existem pessoas que acham que nossa cidade é uma ilha, que sobram vagas de trabalho. A gente pode ver pela questão dos imigrantes haitianos e senegaleses, em especial, que começaram a vir em pequenos grupos e hoje são centenas. Eles vieram com a ilusão do emprego fácil e todos nós sabemos que em qualquer lugar do país há sérias consequências, originadas da crise econômica”, afirma.

Conforme a diretora geral da Semhas, Simone Menegotto, houve o aumento da quantidade de cadastros elegíveis na realização de cadastros no sistema do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), principalmente de imigrantes. “Cerca de 200 famílias haitianas e senegalesas recebem o benefício hoje, em Bento. É um número bem expressivo”, salienta. Dados do MDSA, apontam que em 2016, o programa Bolsa Família beneficiou cerca de 1,4 mil famílias, totalizando o repasse de mais de R$ 2,5 milhões. No primeiro trimestre desse ano foram 1450 responsáveis que receberam o benefício, representando uma cobertura de 91% da estimativa de famílias pobres em Bento Gonçalves. Em média, as famílias ganham cerca de R$ 157 e o valor total transferido pelo governo federal em benefícios alcançou pouco mais de R$ 681 mil no trimestre.

Investimentos na área

Em paralelo, a Semhas possui três Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que realizaram, em 2016, cerca de cinco mil atendimentos com psicólogos, assistentes sociais e auxiliares administrativos. Nos primeiros três meses desse ano, foram aproximadamente 1,5 mil. Já o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), que oferta serviço especializado e continuado a famílias e indivíduos em situação de ameaça ou violência física, psicológica, sexual, tráfico de pessoas, cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, situação de risco pessoal e social associados ao uso de drogas, realizou pouco mais de 2,7 mil atendimentos. Em 2017, o número beira os 800. Em relação aos Centros de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ceacris), que prestam serviços dirigidos a crianças e adolescentes, em turno inverso ao da escola, onde são executadas atividades voltadas à garantia de direitos, promoção, proteção, desenvolvimento e socialização com a família, escola e comunidade, Pilotti informou que, até o momento, estão sendo atendidas 362 crianças e adolescentes.

Criança Feliz

Lançado em outubro do ano passado pelo MDSA, o programa Criança Feliz, que objetiva acompanhar o desenvolvimento de crianças de até três anos, auxiliando mães e famílias na preparação para o nascimento da criança, desde a gestação, além de atender crianças com deficiência até os seis anos de idade está sendo implantado em Bento Gonçalves. Conforme Pilotti, o município assinou o termo de adesão ainda em fevereiro e já começou a receber os recursos. No entanto, a pasta ainda aguarda capacitação, sob responsabilidade do governo do Estado. “Nós iremos receber, mensalmente o valor de R$ 50 por pessoa participante do projeto. Nesse primeiro momento poderemos atender até 200 pessoas. Cabe salientar que esse recurso não é repassado aos participantes e sim, para a manutenção do programa em Bento Gonçalves”, salienta.

Expectativas

Até que a situação não volte à normalidade no país, Pilotti mantém a equipe voltada para atender as demandas da população que procura pelos serviços. “É inegável que houve retração nos investimentos de assistência social nas três esferas do governo. Sabemos que grande parte do problema se deve à crise. Aqui em Bento Gonçalves primamos pela qualidade da oferta e dos serviços”, garante. Quanto à continuidade dos investimentos na área, ele afirma que independente dos problemas, a secretaria deverá manter todos os atendimentos, “priorizando todas as famílias em situação de vulnerabilidade social”, finaliza.