A falência dos executivos – a maioria – no Brasil, a começar pela União, continuando por estados e municípios é noticiada, reclamada, exposta e falada diariamente. Centenas das mais de 5.500 prefeituras do país estão enfrentando sérias dificuldades. Estados estão comendo o pão que o diabo amassou para pagar o básico, o elementar, que são seus funcionários e fornecedores. Prefeituras mendigam migalhas junto aos seus estados e a União para poderem fazer, igualmente, o básico. E o que se ouve a respeito disso, dito por setores da imprensa (Comprometida? Remunerada?), políticos e “bem informados em geral”? Que “arrecadam muito e gastam mal”! Mas, não é interessantíssimo esse raciocínio? Não é uma conclusão “brilhante”, digna de registro, quiçá merecedora de “portaria de louvor”, “menção honrosa”, “medalha de mérito”? Sim, claro que merece! Afinal, os que chegaram a essa conclusão devem ter estudado muito, passado noites sem dormir, dedicação exclusiva de seu tempo para poder prestar tão relevante informação. Por acaso você, sozinho, que trabalha muito e não tem tempo para esses “estudos avançados”, conseguiria chegar a essa conclusão: “governos arrecadam muito e gastam mal”? Mas, que genialidade! Como que essas pessoas, dotadas de tanto discernimento, perspicácia ainda não foram indicadas para receberem um Prêmio Nobel? Pois é, aqui, no Brasil, as pessoas dotadas desse “notório saber” não são reconhecidas. Talvez, nos seus velórios, apareça alguém para destacar seus “relevantes serviços prestados”. Agora, que o povo brasileiro já foi brindado com tão importante revelação – “os governos arrecadam muito e gastam mal” -, talvez surjam outras mentes privilegiadas que nos informem o que é “gastar mal”. Que nos informem, para que possamos cobrar de prefeitos, governadores e presidente, onde eles devem “cortar gastos”. Assim, quem sabe, o povo poderá pressioná-los e fazer com que passem a “gastar bem”. Obviamente, esses “jênios” não irão dizer que deverão ser cortadas verbas para a saúde, educação, segurança pública, programas sociais, construção e manutenção de rodovias porque é para usufruir disso, no mínimo, que pagamos tantos impostos federais, estaduais e municipais. Assim, quem sabe esses “jênios” busquem junto a outros “jênios” da grande imprensa gastos nos quais pode haver cortes sem prejudicar a população? Que precisa haver redução de gastos nos vários setores de serviços públicos – executivo, legislativo e judiciário – até os pombos da Marechal Deodoro sabem, graças aos “jênios”. Agora teremos que torcer para que eles nos digam onde essas reduções, esses gastos devem ser reduzidos. Será que eles terão coragem para apontá-los e os responsáveis efetuá-los? É esperar para ver e torcer para que seja antes que algum outro “jênio” invente novos impostos, taxas, contribuições, etc.