A humanidade em seu itinerário de sobrevivência se divide em fases. A primeira: homem parasita da terra. Segunda: homem condutor de rebanhos. Terceira: homem camponês ou agricultor.
Na sequência, chega-se ao ponto fundamental de nossa história. Iniciamos pelo que se passou na Itália no século 18. Deliso Villa , em sua obra, “STORIA DIMENTICATA” – História Esquecida- ressalta que a Itália, depois de penoso processo de unificação, era ainda um estado frágil, desconexo, com tudo por ser feito. Essencialmente agrário, dos 30 milhões de habitantes, ao menos 21 bilhões eram ” CONTADINI” – pobres agricultores que se moviam sobre os campos com passos lentos a exemplo de seus antepassados. Muitos ainda manejavam o arado primitivo. A grande massa de italianos agricultores nascia, vivia e morria sobre o mesmo poder, à sombra do mesmo “campanil”, ligada a hábitos e tabus ancestrais e a duríssimas privações. Viviam do que produzia a terra. Mas esta era insuficiente. E as melhores estavam concentradas nas mãos de poucos “SENHORES” da herança feudal. Nas planícies, os “contadini” eram empregados que trabalhavam para um patrão. Recebendo desse apenas um terço do que produziam. Na região do Vêneto, de onde vieram a imensa maioria das famílias da nossa região, as terras, além de serem montanhosas, eram divididas em pequeníssimas propriedades, insuficientes para as famílias e sem nenhuma alternativas de novas aquisições, uma vez que não possuíam dinheiro para tanto. A falta de alimento até do mínimo necessário, obrigava a todos a fazerem economias desumanas. Em consequência, disso, a “pelagra”, isto é, falta de vitamina, matava mais de 55.000 pessoas por ano; a malária fazia outras 40 mil vítimas fatais; a cólera mais de cem mil… Estatísticas falam em mais de 400.000 mortos por ano; desses, metade crianças de até cinco anos. E para agravar ainda mais a situação das classes populares, para minimizar o déficit orçamentário, o Governo estrangulava a todos com taxas insuportáveis de impostos. E… outras alternativas a Pátria mãe não apresentava aos seus milhões de cidadãos… Morrer ou partir… Nossos antepassados plantaram com muita dificuldade, sofrimento e tenacidade, as raízes de nossas famílias, e com seus exemplos de fé, amor pelo trabalho, luta, tenacidade e principalmente honestidade, bondade e respeito pelo próximo, enxertaram em nós, virtudes que nos tornaram seres especiais, produtores de bons frutos, tanto no campo espiritual, quanto no material. O cultivo desta memória de família, dos exemplos que cada um de nós vive, é alimento básico para a coesão familiar, para a conservação de nossa identidade… Que cada um de nó faça a sua parte como protagonista da nossa História… Estamos em pleno “Bento em Vindima”. A programação nos faz lembrar e valorizar a nossa História… Parabenizo os organizadores e todos os que participam com entusiasmo.