Neste domingo, 26, comemora-se o dia dos avós no Brasil. Uma data especial para lembrar daqueles que são pais duas vezes, além de carregar consigo grande sabedoria por causa das experiências da vida. No momento de pandemia, é importante lembrar o cuidado que se deve ter com eles, especialmente aqueles que já chegaram à terceira idade.

De acordo com Isacir Lúcia Strapassom, 76 anos, ser avó é melhor do que ser mãe, por ter mais tempo com as crianças após a aposentadoria. “Não tive tempo com meus filhos, mas sim com meus netos. Acabei aproveitando com eles o que não pude por conta do trabalho”, lembra.

Como Isacir não gosta de sair de casa, para ela a pandemia não mudou a rotina, pois continua realizando atividades normalmente. “Acordo cedo, alimento nossos bichos, vou na roça, faço o almoço para a família, de tarde descanso e depois vou para a horta”, explica.

Com os cuidados de toda a família voltados para a bisavó, junto ao costume de ser caseira, as chances de contato com o vírus diminuem. “Meus netos vão no mercado. Fiz uma conta conjunta com meu filho e ele recebe a minha aposentadoria para mim. Só saí de casa uma vez para ir ao médico. Sei que é perigoso”, afirma Isacir.

A aposentada exercita o corpo fazendo as atividades diárias. “Meu exercício é na roça, com os meus afazeres. Também gosto de costurar e assistir à missa”, conta.

Devido à vida difícil que levou, trabalhando junto do marido para quitar o terreno onde toda a família vive hoje em dia, Isacir não costumava cuidar da saúde. “Na minha juventude e fase adulta tive que trabalhar na colônia e ainda trabalhava fora, não conseguia me cuidar e até faltava tempo de comer, tudo para pagarmos a nossa terra. Hoje meu filho e minha nora cuidam da minha saúde marcando médicos e separando medicamentos. Cuido muito mais da minha alimentação, não forço muito meu corpo, não faço mais o que fazia antes, pois sei que iria me prejudicar”, conta.

Idosos precisam manter-se saudáveis

Para preservar a saúde física e mental durante a pandemia, é interessante zelar por uma rotina de atividades para os idosos. Segundo o geriatra André Moschetta, visando uma mente saudável, pode-se praticar “atividades que os levem a se concentrar, como palavras cruzadas, jogos de mesa ou computador, leitura, cuidado de plantas e animais, montagem de quebra-cabeças, costura, qualquer tipo de artesanato, pintura. Para o corpo, entrar em contato com a luminosidade natural até mesmo através de uma janela por duas ou três horas por dia”, afirma.

De acordo com a coordenadora dos grupos da terceira idade em Bento Gonçalves, Andréia Antonini, é interessante para os idosos manterem uma rotina diária, praticando até mesmo exercícios físicos como “alongamentos, danças com as músicas de preferência, uma caminhada pelo ambiente, exercícios com cadeiras, bastões ou cordas, que não deixem de se movimentar”, aponta.

Com o intuito de que os idosos façam exercícios corretamente, o médico explica que “o ideal seria contratar profissionais que atendem em domicílio com toda segurança de prevenção contra a Covid-19, das áreas de educação física e fisioterapia. Uma forma prática e barata é buscar vídeos no YouTube com orientações de exercícios para pessoas idosas, basta fazer uma busca sobre “exercícios para idosos”, a maioria é de opções para fazer dentro de casa, sem necessidade de aparelhos especiais”, orienta.

Andréia diz que é essencial evitar locais com aglomeração de pessoas, entretanto, também não é recomendado que eles fiquem totalmente sozinhos. “Além de ter alguém saudável por perto, é muito importante que a família se mantenha presente, converse muito, mostrando que tudo irá passar. Essa é a hora de usar o celular, possibilitando a eles, matar a saudade dos filhos, netos e bisnetos também”, explica.

Quem nasce em Bento Gonçalves tem a terceira idade de maior expectativa de vida do Rio Grande do Sul, de acordo com Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão. Os dados apontam que a Serra Gaúcha tem média de vida de 79,40 anos.

Moschetta afirma que não existe segredo para a longevidade. “Aproximadamente 80% de nossa saúde está sob nosso controle, isso é muito. As doenças que mais matam e debilitam – cânceres, infarto, derrame, Alzheimer, diabetes, dependem enormemente do estilo de vida de cada pessoa. Dormir bem, de sete a nove horas por dia, ter bons amigos, alimentar-se de comida de verdade, manter-se fisicamente ativo até o fim, não fumar, moderar na ingestão de bebidas alcoólicas e, talvez o maior desafio de todos, não se estressar”, conclui o geriatra.