Um inimigo invisível surgiu recentemente e alterou a rotina de muitas cidades, empresas e pessoas por todo o mundo. Em Bento Gonçalves e em toda a região não foi diferente. O novo coronavírus fez com que municípios e estados expedissem decretos que fizeram a maioria dos munícipes – exceto aqueles que atuam em serviços essenciais – ficarem em casa e buscarem alternativas para manterem-se saudáveis. O medo e a insegurança assustam e, neste momento, a saúde mental também fica afetada. Então é necessário proteger, além do bem-estar do corpo, o da mente.

“O momento que estamos vivendo está sendo causado por uma situação inédita e que exige de todos um comportamento incomum: uma pandemia. Por isso, é comum que alguns sintomas aumentem e desgastem o emocional das pessoas”. Isso é o que explica a terapeuta e psicanalista Márcia Corrêa, destacando que, neste instante, apesar de vários sentimentos virem à tona, a ansiedade é o mais predominante. “Primeiro, por conta das incertezas do futuro e o fato de não saber quanto tempo permaneceremos assombrados pelo coronavírus. Além disso, a mudança na rotina e a questão de não ter o controle sobre praticamente nada, acaba piorando, e muito, o quadro de ansiedade”, revela.

Este pensamento é compartilhado pela psicóloga e Coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (Caps-II), Tatiane Valenti Cattani. Ela esclarece que é comum aumentar não somente a ansiedade, mas outros sintomas como irritabilidade, sensação de desamparo, inquietude, entre outros. Porém, elas passam a se tornar um problema e necessitam de auxílio profissional quando interferem na vida diária da pessoa. “Se o medo do contágio desencadear ações de risco, como o uso de produtos inadequados para higiene pessoal, insônia severa e persistente, alterações significativas de apetite, diminuição do limiar de frustração, aumento da irritabilidade ou agressividade, pensamentos obsessivos ou instabilidade emocional, é hora de buscar ajuda”, revela a profissional.

Como aliviar a carga psicológica

Apesar de ser assustador, em um primeiro momento, é hora de manter a calma e entender que esta situação é transitória e tende a aliviar à medida que o cenário externo for normalizando. “O momento atual nos traz muitos aprendizados, dentre eles, a conexão com seu ‘eu’ interno, com seus pensamentos e o entendimento de que nunca estamos ou estaremos sozinhos”, indica Márcia.

Por isso, este é um momento, também, para parar e refletir acerca das incertezas, mas, principalmente, sobre seus objetivos, sonhos e ideais e colocar em prática exercícios mentais que possam auxiliar a passar por esta fase. “Aproveitar para desenvolver habilidades de conexão e autoconhecimento são fatores determinantes para sobreviver ao caos”, aborda.
Além disso, organizar uma rotina que se adapte aos seus gostos e preferências também é viável. Porém, alguns cuidados básicos são necessários, conforme indica a psicóloga Tatiane. “Mantenha a mente ocupada: leia um livro, ouça uma música, faça um curso online, assista bons filmes, faça meditação, exercícios físicos. Aprenda algo novo!”, ensina.
Tatiane também recomenda que as pessoas mantenham uma rotina de sono e alimentação. “Escolha alimentos saudáveis e evite cafeína, principalmente à noite. Da mesma forma, mantenha atitudes que facilitem o sono, como deixar de lado os eletrônicos na hora de dormir. Essas atitudes são ainda mais importantes agora, quando estamos mais preocupados e com a mente sempre ligada”, finaliza Tatiane.