Vendas por WhatsApp, Instagram e Facebook estão se tornando cada vez mais normais, desde o isolamento social. É preciso entender como as plataformas digitais funcionam para realizar um bom atendimento ao cliente

Com a pandemia, novas formas de empreender e dar continuidade aos negócios já existentes surgiram. Porém, é primordial compreender como as redes sociais podem ser utilizadas para promover um negócio.

A diretora de uma agência de marketing local, Bruna Maria de Moura, afirma que é necessário pensar na comunicação como um todo. “Marketing Digital, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não se faz apenas nas redes sociais, temos muitas frentes para ‘defender’ como canal de comunicação com o público”, garante.

As plataformas de sociabilização são apenas uma das vertentes, entretanto, mas utilizá-las de forma correta é um fator de extrema importância. “É uma rede de pessoas que precisa se comunicar com outras, ou seja, tonar o meio corporativo o mais humano possível, isso fará toda diferença. É preciso entender que as redes sociais, antes que possa resultar em vendas, é um meio de relacionamento com o consumidor. Isso exige presença, manutenção e retornos em respostas”, explica.

Como começar?

No caso de quem trabalha apenas com vendas físicas, a melhor maneira de começar a comercializar produtos virtualmente é o empresário pensar que o digital é uma extensão do negócio físico dele. “Ambos precisam ter uma comunicação alinhada e clara para chegar ao consumidor com a mesma linguagem, esse seria o principal entendimento e ponto de partida. Um não chega ao resultado proposto sem o outro, hoje em dia”, recomenda Bruna.

Segundo a empresária, após isso, deve-se fazer um estudo do público, com o objetivo de avaliar qual a melhor ferramenta a ser utilizada para o negócio. “Site, redes sociais, marketplace, WhatsApp, Telegram ou e-mail marketing? Cada um chegará ao seu público-alvo por meio de ferramentas corretas, ou seja, onde o seu público ideal vai estar presente e consumir o produto”, pondera.

Meios digital e físico: qual vende mais?

Dependendo do negócio, pode ou não vender mais online do que pessoalmente. “Uma loja de calçados, que tem anos de experiência física e retorno positivo para o empreendedor, estar presente nas redes sociais e vender por meio dela com dinamismo e agilidade só somará ainda mais para os resultados da loja física. O que não dá para acontecer é anunciar vendas online e não prestar o mesmo atendimento que presta na loja física, como deixar ele esperando por retorno, não realizar uma boa abordagem com opções de mercadorias que podem ser apresentadas em fotos, vídeos e explicações dos detalhes dos produtos”, salienta.

De acordo com Bruna, não necessariamente é preciso ter um ambiente físico para todos os negócios. “Todos precisam estar presentes no digital se quiserem prosperar. É uma oportunidade de abrir mais um canal de vendas para o estabelecimento. Quem não é visto no universo digital, tende a desaparecer com o tempo. Quando se busca por um produto, qual o primeiro lugar em que se realiza uma pesquisa? Possivelmente no Google e nas redes sociais”, exemplifica.

Conteúdo: O que publicar?

preendedor pode avaliar o que chama a atenção dele na internet. “Depois eu diria para buscar um profissional que entenda das ferramentas e possa auxiliá-lo no conteúdo. Ser útil e estar ao alcance das pessoas já não são mais diferenciais, são obrigações de quem tem um negócio e atende online”, alerta Bruna.

Sobre a variação de postagens, a profissional de marketing afirma que o ideal é que seja no mínimo três vezes por semana, mas que, se possível, seria importante fazer todos os dias. “Mas é essencial tomar cuidado, pois apenas postar não resolve nada. É muito melhor um post de qualidade e que realmente engaje e traga resultados para o teu negócio, do que cinco vagos, sem conteúdo, só para trazer volume. Tudo dever ser avaliado sob olhar estratégico. Números são apenas números em uma rede social, o que realmente importa é o relacionamento, o socializar, com poder de comunidade e engajamento”, finaliza.

Isolamento impulsiona compras virtuais

A sócia-proprietária de uma loja de roupas, Roberta Milani, percebeu que a mudança era necessária em meio à pandemia. Apesar de já fazer atendimento pelo WhatsApp e redes sociais, tinha o intuito de apenas divulgar os produtos, não de vender por esses meios. “Percebemos a necessidade quando, no dia 20 de março do ano passado, tivemos de fechar nossa loja. Passamos cerca de 15 dias achando que logo voltaríamos e que as coisas iriam retomar da mesma maneira, mas, em função de todos os cuidados e preocupações que o nosso cliente precisava ter, a gente não tinha mais contato com ele. Então, percebemos a necessidade de buscar novos canais para conseguir manter o nosso negócio de pé, e ao mesmo tempo, manter o contato e continuar o relacionamento com o consumidor, porque se não ia se perder no caminho todo o trabalho que havíamos tinha feito até então”, conta.

A partir disso, além do aplicativo de mensagens, páginas no Instagram e no Facebook foram criadas e a loja começou a interagir com o consumidor. “A gente foi se aperfeiçoando. Naquele momento, deixamos de ter uma loja física e buscamos fazer a venda por esses canais, entregando na casa do cliente. Até porque ele ainda tinha necessidade da compra, mas a nossa loja estava fechada, se não tivéssemos esse método de negociar, ele não conseguiria falar conosco”, relata.

Na época, com o comércio presencial proibido por conta do decreto que fechou a loja, o digital foi o caminho para manter alguma dinâmica, mesmo que baixa, nas vendas. “Atualmente se intensificou muito mais, o nosso cliente vê a gente nas redes sociais e interage conosco. Muitos que visitam a nossa página não tem o cadastro na loja, eles entram em contato e concretizamos a venda”, reitera.

Esperança para 2021

Apesar disso, não houve um crescimento nas vendas. “Pelo menos nós, no ano passado, não tivemos um aumento. Pelo contrário, o faturamento caiu. O que a gente conseguiu foi manter o nosso negócio aberto, em um primeiro momento. Talvez, agora, com a vacina vindo, as coisas se encaminhem um pouco melhor, com todos conhecendo mais sobre esse vírus, estabilizando a pandemia, dê para agregar e ter um aumento nas vendas. Teremos um espaço físico onde as pessoas vão poder sair de casa com mais tranquilidade, apesar de todos os protocolos que eu ainda acredito que vamos precisar ter. Adquirimos esse outro canal onde vamos conseguir, talvez, agregar ao nosso negócio”, afirma.

Se em 2020 deu para manter a loja aberta, a expectativa para 2021 é o aumento de procura pelo consumidor. “Como trabalhamos bastante com trajes para casamento, formaturas e festas, tem muitas coisas que ainda precisam ser retomadas para que consigamos agregar faturamento em cima da venda física e também da online”, explica.

Para Roberta, o momento atual é de reinvenção de todo varejo. “Se percebe que o cliente está aberto e interagindo às novas propostas. Acredito que isso veio e vai ficar, é um mecanismo de venda, muitos adoram isso, perceberam a praticidade, agilidade e comodidade. Nosso cenário mudou um pouco, antes a gente pensava que só tinha como vender daquela forma, olhando nos olhos das pessoas, agora percebemos que tem como ter um relacionamento com eles por meio do virtual”, acredita.

E-book auxilia nas vendas pelo WhatsApp

O Sindicato do Comércio Varejista de Bento Gonçalves (Sindilojas-BG) divulgou oito e-books para ajudar os comerciantes a aperfeiçoarem o comércio virtual. Segundo o presidente da entidade, Daniel Amadio, a adoção deste tipo de ferramenta pelo varejo foi uma das alternativas encontradas para enfrentar o momento vivido, reforçando a relação com os clientes e, desta forma, permitindo que as vendas, mesmo com lojas fechadas ou abertas com horário reduzido e todas restrições que o momento exige, continuassem se concretizando. “Assim, os negócios conseguiram se manter vivos, mesmo que com muitas dificuldades. O uso do WhatsApp já era uma realidade que ganhou força durante a pandemia”, salienta.

Dessa forma, o Sindilojas Regional Bento, percebendo a importância do uso correto da ferramenta, desenvolveu e-Books com o intuito de ajudar a potencializar as vendas a partir deste canal. “Quem já usava, aproveitou o conteúdo para aperfeiçoar suas práticas. Quem não, encontrou no material dicas práticas para dar início a um trabalho de relacionamento que vai além do tradicional. Temos certeza de que ajudamos muito a olhar para esta possibilidade com outros olhos, quebrando paradigmas, tirando dúvidas e mostrando que esta é uma realidade inerente ao momento atual. Vamos superar essa fase, a pandemia vai passar, mas as formas de relacionamento e de venda nunca serão estáveis, sempre virão novidades para atender a um consumidor cada vez mais bem informado e convicto do que procura”, ressalta.

Além de orientações para WhatsApp, o uso eficiente do Instagram também foi ensinado por meio dos e-books, disponibilizados gratuitamente para todos os associados. O consumidor, de acordo com Amadio, talvez tenha sido o grande incentivador do varejo a adotar os meios digitais. “Cuidadoso com os riscos da pandemia, ele está usando cada vez mais a Internet para encontrar o que procura. O aplicativo de mensagens acaba sendo uma alternativa ágil, próxima e que permite fortalecer o relacionamento. Por isso, desenvolvemos os conteúdos, para que os empresários saibam o poder que ele tem e consigam tirar o maior proveito possível, sem gerar incômodo aos clientes, mas sim sendo um aliado na prestação de serviços, no esclarecimento de dúvidas e na entrega de produtos de qualidade”, conclui.

Para Roberta, a orientação divulgada pelo Sindilojas foi uma inspiração para trabalhar de maneira correta. Dessa forma, a empresária buscou outras fontes de conhecimento para aprimorar o novo método de comercializar produtos. “Curso Administração e fiz uma cadeira voltada ao Marketing Digital, onde eu aprendi também. Então a gente foi buscando alguns meios para desenvolver a nossa venda online”, frisa.