Iniciativas não eram bem vistas pelos lojistas locais. Segundo eles, a prática representa uma concorrência “desleal”

Valorizar o comércio local a fim de desenvolver atrativos aos empreendedores e consumidores, associando melhores condições de qualidade, preço e alternativas. Este é um dos objetivos dos Poderes Municipais que buscam fomentar o comércio. Na Serra Gaúcha, tendo como norte este ideal, pautados pelos empresários e reclamações dos cidadãos, que as prefeituras têm tomado medidas, por meio de lei, para coibir a instalação de Feiras de roupas, que vem de maneira temporária às cidades da região, nesta época do ano. Nesta semana, uma reunião foi realizada com lojistas e parlamentares de Carlos Barbosa buscando uma solução, que pressionam o fim das feiras itinerantes.

A vice-presidente de comércio da Associação do Comércio, Indústria e Serviços de Carlos Barbosa (ACI), Adriana Zago, enfatiza que a reunião foi motivada devido reivindicações dos lojistas. “Toda economia local sofre como um todo, mas os comerciantes são diretamente os mais afetados. As feiras praticam uma concorrência desleal”, argumenta.

Adriana ainda reforça que a criação ou alteração de leis pode ser feito apenas pelo poder público, seja partindo do legislativo ou do executivo, e cabe a ACI pressionar para que isso seja feito. “A lei pode dificultar a vinda e instalação das feiras”, espera a vice-presidente de comércio.

Ela ainda critica a atitude do poder público frente as fiscalização. “Com a lei atual que temos aqui em Carlos Barbosa já conseguiríamos dificultar muito a vinda das feiras, se a fiscalização atuasse com mais rigor. Não falo somente da municipal, mas também da estadual e federal. Não há emissão de nota fiscal, tem pirataria, isso já foi comprovado inclusive com reportagens. O próprio trabalho escravo de imigrantes, o qual já foi denunciado”, ressalta Adriana.

Questionada sobre a arrecadação do comércio local frente a concorrência ao período com feiras, a vice-presidente da ACI observa um reflexo de baixa de vendas e aumento da inadimplência.
Perguntada sobre a efetividade destas feiras e, se na opinião da ACI, haveria pontos positivos da sua instalação, Adriana aponta que não há motivos para estas serem vistas como benéficas para a população ou município. “Não somos contra as feiras itinerantes, somos contra a concorrência desleal, somos contra a prática dos atos ilícitos no comércio, contra o empobrecimento do município causado pela prática ilegal de comercialização”, destaca.

Adriana ainda aponta empecilhos que levam as feiras de volta à cidade ano a ano. “A população num geral apoia. Este vem sendo o grande problema. Pois para o município e região os estragos na economia são incalculáveis e a população não vê isso, apenas querem comprar as mercadorias baratas, vendo o comércio local como um vilão explorador”, pontua.

Ela complementa, que “as pessoas não veem o trabalho escravo, trabalho infantil, a sonegação de impostos, a falsificação, e o quanto isso impacta negativamente na economia e neles próprios”, disse. Adriana conclui, “cabe às autoridades, tomarem providências para evitarem os estragos causados na economia local”, finaliza.