Com o aumento populacional, local tem sido uma escolha para diversos empreendedores abrirem seus empresas. Segundo moradores, isso facilita para que não seja necessário o deslocamento até a área central

São Roque fica localizado na Zona Norte da cidade, região que tem crescido exponencialmente nas últimas décadas. Com o aumento no número de habitantes, Bento Gonçalves passou a se desenvolver nos bairros, fazendo com que os locais criassem o sua própria área central. Por conta disso, é possível encontrar um vasto comércio, escolas, universidade, Pronto Atendimento de Urgência e Emergência, entre outros.

Pioneiros no comércio

Um dos primeiros empreendimentos a fortificar o bairro foi um comércio de frutas que começou de forma modesta, por volta de três décadas atrás. “Ivo Troian e um sócio começaram juntos o negócio, mas após um tempo o sócio foi embora e ele permaneceu. O trabalho iniciou em um depósito de frutas, que era um barracão de chão batido, onde eles vendiam mamão. Com o passar do tempo e com a necessidade do bairro, ele foi começando a vender outras coisas. Mais frutas, diferentes tipos de verduras, e se iniciou a fruteira. O foco sempre foi esta parte de hortifruti, mas foi crescendo e hoje o nosso carro chefe é o açougue”, explica coordenadora de Recursos Humanos, Giovana Costa.

Dos diferenciais, Giovana acredita que seja a forma de carinho que todos ali criam com os clientes e vice-versa. “Somos um mercado de bairro, de família, conversamos com os clientes e criamos afinidades. Temos alguns que vem toda a semana e querem ser atendidos pelo mesmo funcionário, nós criamos laços, esta é a nossa missão. As pessoas vêm aqui bater papo, se encontram com vizinhos e até mesmo amigos”, declara.

Por conta da valorização dos clientes, a Fruteira recebe, todos os dias, diversos consumidores. Independente da hora que for, o local estará movimentado. “Nós gostamos de ter um mercado acessível, temos promoções diárias, em média de dez a 15”, afirma.
Ela aponta como tem visto o bairro e seu crescimento, principalmente para aqueles que pensam em escolher o lugar para empreender. “O plano diretor da cidade está voltado para este lado, o São Roque tem crescido muito e bairros ao redor também, como o Aparecida, Zatt, Ouro Verde e de forma rápida. Hoje em dia, se tornou um Centro, pois tem banco, comércio, faculdade, exército, e nós crescemos juntos, fomos beneficiados por este crescimento populacional”, expõe.

Além disso, enxerga como é importante para outras localidades também crescerem, facilitando, principalmente, a vida de quem naqueles locais. “Empreender no bairro é importante, fugir do Centro e do trânsito, fazer com que se tragam mais melhorias para o lugar. Quando iniciamos aqui não tinha nada, nenhum comércio, aos poucos foram sendo colocadas farmácias, bancos, academia. Antes a cidade era muito centralizada, mas o Centro não comporta tantas pessoas como estava tendo”, alerta.

Um sonho que deu certo

Anadir Demarco, atualmente, é comerciante. Após trabalhar muitos anos em um hospital, decidiu ir em busca de um sonho antigo e ter o próprio negócio que, desde o seu começo, é localizado no bairro São Roque. “Meus filhos, na época, acharam um absurdo. Mas dei o primeiro pontapé e comecei a comprar os produtos para revender, e a partir disso peguei o gosto”, relembra.

Ela sente que a economia costumava ser melhor antes da covid, e vem notando algumas dificuldades para vender. “Veio a pandemia, troca de governo, e o aluguel anda muito caro. Esses fatores tem dificultado bastante, mas tenho clientes muito bons, aqueles fiéis e alguns de fora também. Os dias tem variado muito, há alguns em que é ótimo e outros que são péssimos. Outro fator que prejudicou é que fez pouco frio, e por conta disso, muitas pessoas não renovam o guarda-roupa e as mercadorias ficam paradas”, destaca.

Mas Anadir não se arrepende do bairro que escolheu para montar o seu negócio, muito pelo contrário. “A localidade é muito completa, cresceu bastante, pouco vou no Centro, só se for médico, porque até dentista já tem. Quando iniciei, o São Roque não era grande desse jeito, e escolhi porque moro aqui e fico pertinho de casa”, exalta.

“São Roque é um bairro maravilhoso”

Marli Cargnelutti sempre trabalhou com comércio, mais precisamente no ramo farmacêutico, e foi a partir disso que começou a pensar em empreender e no que poderia. “Sempre pensei em ter uma loja, mas não sabia que ramo, nem que local, nada. Como trabalhei muito tempo em farmácia, comecei a perceber o quanto as pessoas precisavam de uma loja com produtos mais saudáveis”, argumenta.

Marli Cargnelutti está em seu segundo ano de empreendimento, e nota que 2023 está sendo um ano mais estagnado

Ela acredita que o bairro tem crescido muito por conta também da população e acredita que o lugar está cada dia mais completo. “São Roque é um bairro maravilhoso, de pessoas muito acolhedoras, não tenho nada a reclamar. Fiz uma pesquisa antes de abrir a loja para ver se tinha algum comércio parecido como o meu e não tinha, e por isso achei que era uma boa ideia abrir, porque as pessoas tinham necessidade destes produtos aqui”, reitera.

Por ser a única com este tipo de produto no bairro, seus clientes são praticamente todos dali. “A maioria são daqui do São Roque, ou de bairros próximos. Mas existem pessoas que vem de bairros bem distantes. Também ocorre de muitas pessoas não conhecerem a loja, faz dois anos que estou aqui, e acredito que as pessoas acabam passando com pressa por causa do dia a dia e não a veem. Mas depois que conhecem, sempre voltam”, afirma.

Ela está em seu segundo ano de negócio, e está sentindo agora a diferença da economia no comércio. “Foi um ano difícil 2023, ano passado senti bastante crescimento. Já esse cresceu até maio, e depois deu uma estabilizada. Está um pouco caro para comprar os produtos, logo preciso aumentar o valor para o consumidor final. Mas as pessoas que compram os meus produtos seguem”, esclarece.

“Os imóveis estão com o preço alto”

Angélica Damian trabalha como funcionária de uma loja de presentes e flores, e em relação ao bairro, anda notando que as pessoas preferem ir até o Centro. “Estou sentindo muito fraco o comércio, o pessoal tem ido mais para o Centro, e acredito que isso seja uma cultura de Bento. Claro que tem as pessoas que preferem ficar aqui, por causa do trânsito ou do estacionamento, fora a facilidade de ser mais perto”, analisa.

Quem frequenta a loja física são os próprios residentes dali, entretanto, existem também os compradores de outros lugares. “Muitos moradores vêm aqui, a gente tem pessoas de fora porque trabalhamos com tele-entrega, principalmente por causa das flores, mas que vem no nosso espaço físico são pessoas daqui e dos arredores do bairro”, constata.

Para ela, a economia está estável, momentos bons e outros nem tanto, mas o preço dos imóveis no bairro anda a preocupando. “É um ano de fases, datas específicas são melhores, então tem meses bons e outros ruins. Nossas melhores datas são dia das mães, dia dos namorados e dia dos finados. Fora que o aluguel aqui no bairro está muito caro, as vezes no Centro se encontra imóveis mais baratos com o mesmo tamanho desta sala mais barato. Já até pensamos em nos mudar para o Centro, mas como trabalhamos em parceria da floricultura resolvemos ficar porque fica pertinho”, confirma.

Escola Integral

e passou a ter a Escola Integral de Ensino Municipal Professora Nilza Covolo Kratz, que abriga 625 alunos, e atende crianças e adolescentes do primeiro ao nono ano. A partir do sexto, as crianças tem aula no Bloco J da UCS. “A escola já iniciou com ensino integral, em outubro de 2014, e a proposta é que os alunos tivessem mais acesso a atividades diferenciadas como: música, arte, dança, literatura infantil, educar para o pensar, outros acessos”, enumera, Valéria Scussel, orientadora da escola.

Vice-diretora, Cecília De Oliveira e Orientadora da E.M.E.T.I Professora Nilza Côvolo Kratz, Valéria Scussel, acreditam que o ensino integral faz com que as crianças tenham melhor desenvolvimento

Por ter nove anos, o colégio ainda não precisou de reformas, mas ainda assim, algumas mudanças já estão sendo pensadas, principalmente na questão de ampliação. “Nossa escola não passou por reformar de fato, claro que pequenas melhorias, parte elétrica, colocação de ar condicionado e data shows, mas só nessas questões mais tecnológicas. Mas precisaríamos de um refeitório maior, temos que fazer intervalos intercalados. E claro, que se aumentamos o refeitório, o auditório também precisaria crescer. Fora que gostaríamos de ter salas de arte e de teatro separadas”, considera.

Desde o princípio, o formato do colégio foi pensado em dois turnos, portanto, os alunos não poderiam escolher participar de apenas um. “Nossa escola é de período integral, então não tem como escolher frequentar só um turno. Os nossos discentes se acostumam aos poucos, no início eles sentem muita diferença, principalmente quanto mais velho eles entram. Mas com o tempo eles vão ficando mais calmos, eles fazem parte da nossa vida e nós da deles”, orienta.

Ela também traz que os responsáveis das crianças conseguem ficar mais tranquilos, já que muitos tem que sair para trabalhar. Fora que é notável o quanto os alunos tem aprendido neste formato de ensino. “Para os pais é ótimo do filho estar em uma escola de turno integral, fora saber que os filhos estão sendo bem cuidados durante o dia, essa criança lá na frente terá oportunidades melhores. O próprio desenvolvimento dos nossos alunos é muito bom, eles começam estranhando um pouco, mas depois, devido ao vínculo, o desenvolvimento deles passa a ser grandioso”, exalta.

E a orientadora traz que sente que os alunos voltaram da pandemia bastante diferentes do que saíram. “Muita diferença, percebemos os discentes mais agitados, deprimidos, com medos do dia a dia, do contato. E ainda estamos em um processo de adaptação com estes alunos, fora a defasagem escolar. Embora os professores estivessem sempre em contato com eles, acabaram passando muito tempo isolados”, lamenta.

E destaca que os pais e responsáveis se fazem bastante participativos na vida escolar dos filhos. “É uma comunidade presente, tem sim as diversidades, mas é uma comunidade que participa. Apesar dos alunos estarem em um ensino integral, eles levam o caderno final de semana para casa”, finaliza.

Saúde 24 horas

O bairro conta com um serviço semelhante a UPA 24 horas, com a diferença de não ter exames laboratoriais, desde 2016. Em média, são atendidos 180 pacientes por dia, mas que pode chegar a 230. “São três clínicos que atendem durante o dia, e a noite são dois clínicos. No final de semana como as unidades básicas estão fechadas, nós assumimos as demandas de curativos, administramos medicamentos, essas cosias mais eletivas”, explica a enfermeira coordenadora, Gessica Sanfelice.

Atualmente, o serviço de urgência e emergência não trabalha com exames, tanto os laboratoriais, quanto o de raio x, mas este é um sonho. “Nós conseguimos atender muito bem a população, claro que futuramente o projeto é se tornar uma UPA, tendo exames laboratoriais, sala de internação e observação. Mas, atualmente, nós damos um bom atendimento para este zoneamento que é bem grande”, opina.
E ela pontua os feedbacks recebidos pelos pacientes. “Que é um serviço ágil, que atendemos rápido. Mas claro que quando a demanda está maior, eles sentem também. Temos um retorno muito bom, pela questão da agilidade, da resolutividade, nós temos ambulância e conseguimos deslocar eles se necessário”, expõe.

Opinião dos moradores

Geni Postal, mora há 40 anos em São Roque, foi morar lá após encontrar um terreno com um preço bom, e desde então vive sua vida no bairro. “Tudo é bom aqui, tem colégio, tem mercados, tem igreja, tudo é maravilhoso. Não trocaria por lugar algum. É muito diferente de quando cheguei, tinham poucas casas, comércio. Não é que nem hoje que não falta nada, fora os vizinhos que são muito gente boa. Aqui é um lugar muito tranquilo, todos os anos que morei aqui nunca me aconteceu nada”, destaca.

Isabel Amarante se mudou do Centro em busca de mais calmaria, mas logo percebeu que o São Roque, principalmente na rua que estava, não entregaria o que ela procurava. “Estava à procura de um lugar mais sossegado que o Centro, mas acabei não encontrando. Aqui é bem agitado, ele é um ótimo bairro para morar, mas não fui feliz na minha escolha. Nesta minha rua tem muito barulho, é corredor de ônibus, tem festas próximas.”, relata.

Mas apesar do desencontro das expectativas, ela acredita que o local é bom de várias formas. “Fora isso, é um bairro muito bom de morar, é tranquilo em questão de segurança. É um lugar completo, temos mercado, farmácia, lojas… O horário do ônibus é muito bom, tem vários, embarco e desço perto de casa, então essas facilidades são ótimas”, pontua.

Éverton Pereira nasceu no São Roque e conseguiu ver as diferenças do local enquanto crescia. “Quando era criança o bairro era muito diferente, poucas casas, carros e comércios, nem asfalto tinha direito. Mas hoje em dia ele está bem mudado e muito melhor. Dependendo, não se precisa nem ir até o Centro para realizar as atividades”, finaliza.