Considerada a maior produtora de pêssego para consumo in natura do país, Pinto Bandeira, município que recentemente conquistou o título de Capital Estadual do Pêssego de Mesa, deve encerrar a safra desse ano com alegria entre os produtores e bons resultados para a economia local.
Dentre os cerca de três mil habitantes, o município conta com 550 produtores rurais que trabalham voltados para o cultivo de frutas de caroço. Em 1.160 hectares, das 450 propriedades, todos os anos são produzidas cerca de 18 mil toneladas de pêssego. Ainda assim, o carro-chefe econômico da cidade é a uva, que tem produção média de 30 mil toneladas anuais. Ao todo, são 595 famílias envolvidas no processo que ocorre em 1.730 hectares de terra.
O prefeito Hadair Ferrari, reforça que o município é agrícola e que as empresas locais também são voltadas para o pêssego. “São indústrias de embalagens, que produzem caixas de madeiras ou de plásticos. E em relação a uva, contamos com três vinícolas. Essa é a base da nossa cidade”, aponta.
De acordo com Ferrari, em 2018, o município arrecadou mais de 13 milhões de reais. Embora ainda não tenha os números finais de 2019, o prefeito acredita que foi superior. Com isso, a expectativa para esse ano é positiva. “Em 2020 vai crescer também e vamos conseguir fazer obras com recursos próprios, desenvolver a cidade e manter o nosso agricultor no campo dando qualidade de vida para todos eles”, projeta.
Mercado consumidor
O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Alexandre Froza, afirma que o principal mercado consumidor do pêssego de Pinto Bandeira é São Paulo. Outros Estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro também consomem valor significativo.
De acordo com Froza, a safra do pêssego geralmente inicia em outubro, com as variedades super precoces e a expectativa é que esse ano seja finalizada no dia 25 de janeiro com as variedades tardias.
Resultados
Com uma safra considerada positiva, os produtores comemoram. É o caso do vereador do município e produtor de pêssego, Adair Rizzardo, que com 27 hectares de terra em Pinto Bandeira, produz cerca de 500 toneladas da fruta anualmente.
Trabalhando com produção e comercialização do pêssego há 31 anos, o produtor define a safra desse ano como excelente. “A venda de pêssego mesmo acontece em dezembro, final do ano e a fruta chegou muito boa justamente nessa época. Teve anos que a gente segurou a fruta 30 dias para ser vendida no Natal, mas quanto menos ela ficar na câmara fria, melhor. Dessa vez não teve descarte, problema de devolução e nem recusa de mercadoria. Por tudo isso foi uma safra diferenciada para a economia da cidade”, assegura.
O resultado também foi sentido com as vendas que ocorreram durante a 5° Festa do Pêssego. Com um estande para comercializar as frutas no local, a expectativa inicial era vender 2 mil quilos de pêssego, mas foi muito além. “Só a nossa empresa vendeu em torno de 8 mil quilos. Estamos com uma fruta diferenciada”, comemora.
Preço
Em relação ao preço da fruta, o engenheiro Alexandre Froza antecipa que pode ocorrer um aumento em virtude da falta de ameixa. Considerada mais sensível às condições climáticas, a fruta sofreu com o clima seco no período de floração e não teve a polinização adequada. “Tivemos queda grande na safra de ameixa, que geralmente vem do pêssego. Por isso pode ser que o mercado, na falta de ameixa, busque o pêssego e com isso suba um pouco o preço”, explica.
Na avaliação do Presidente da Associação dos Produtores de Frutas de Pinto Bandeira (Asprofruta), Vagner Spadari, o valor da fruta está sofrendo variação. “De outubro até o Natal, o pêssego estava com preço muito bom. Perto do final do ano baixou um pouco e agora reascendeu. É tudo oferta e procura”, afirma.
Já o produtor Rizzardo, acredita que mesmo que o valor do pêssego aumente, não deve ser significativo. “Não vai subir tanto assim, até porque o consumidor vai muito pela fruta da estação e agora estamos entrando forte na época da maça”, avalia.
Fotos: Suelen Krieger e reprodução