Clube inicia etapas de captação de recursos através de programas governamentais para otimizar trabalho de formação


 

“Um clube será grande somente se criar a identificação de sua história com o jovem através de uma categoria de base fortificada”, assim disse o presidente do Clube Esportivo Bento Gonçalves, Anderson Zanella, na coletiva de imprensa realizada na sede da agremiação na terça-feira, 19. No encontro que serviu para confirmar interrupção do futebol profissional neste segundo semestre, o dirigente também informou sobre investimentos nas categorias de base e na estrutura que beneficiarão o departamento amador do clube.

Para ampliar a área de atuação dos times formadores, o Esportivo busca a captação de recursos através dos projetos públicos. No Pró-esporte (estadual) e pela Lei de Incentivo ao Esporte (federal), o clube teve cadastro aprovado. A partir deste passo, iniciou-se a captação de recursos que podem chegar a R$1,4 milhão.

Hoje, com diversas equipes nas categorias de base, o Esportivo trabalha com aproximadamente 150 crianças e adolescentes. Com a aprovação dos projetos, a expectativa é de que esse número aumente para, pelo menos, 300 integrantes — de acordo com o departamento de futebol amador. “A partir deste projeto poderemos captar jovens e oferecer a eles acompanhamento médico, nutricional e demais necessidades. Ou seja, um programa completo de clube formador de atletas”, afirma o presidente Zanella.

Se o montante financeiro for captado e levantado com sucesso pela diretoria do Esportivo, significaria elevação no patamar do clube no cenário de formação de jogadores. Entretanto, para conseguir finalizar o processo e obter o valor autorizado pelos mecanismos do Poder Público, a agremiação precisa honrar compromissos. Segundo o mandatário, será necessário seguir o trabalho de organização do clube e ter ainda mais compromisso com a gestão. “A partir do momento que não for pago um mês de imposto, por exemplo, perdemos o projeto. Precisamos ter compromisso para não prejudicarmos um trabalho grandioso”, afirma.

Estruturalmente, ainda neste ano, os times de jovens deverão contar com o campo suplementar, anexado ao Parque Esportivo Montanha dos Vinhedos a partir de setembro. Em fase final de construção, o espaço poderá melhorar as condições de treinamentos dos jogadores que, por vezes, encontram dificuldades nos trabalhos, segundo avaliação do coordenador técnico de categoria de base, Marcio Ebert. “O campo extra vai nos ajudar a desafogar as demandas, entretanto, precisamos entender que poderá haver treinos do profissional, do Sub-17 e possivelmente ocorram jogos também. Precisaremos ter um cronograma bem elaborado”, afirma Ebert, que ainda acredita na necessidade de espaços fechados para dias sem condições climáticas adequadas.

Ampliação do programa

Com a possibilidade de acréscimos consideráveis no que diz respeito às finanças para formação de jogadores, o projeto de categorias de base do Esportivo já é executado há três anos, sob a coordenação geral de Acácio Egres. Desde 2016, o trabalho é feito com planejamentos de curto, médio e longo prazos. Alguns já foram atingidos, como a aplicação de um modelo de jogo para todos os times, resultando na mais fácil adaptação do jogador mesmo que este, por ventura, mude de categoria.

Um dos principais objetivos ainda não concretizados é a criação de uma equipe Sub-19. Para o coordenador técnico da base, a chegada desta categoria poderia significar a sequência de trabalho na lapidação de promessas. “Na nossa visão, a Sub-19 é de fundamental importância, já que a categoria de base precisa ser funcional. Ou seja, atingir o objetivo final que é formar jogadores profissionais para serem utilizados no time ou para possíveis vendas e aumento de receitas”, avalia Ebert. Para ele, o Esportivo ainda possui a deficiência de formar jogadores para outros clubes — como Douglas Kemmer, hoje no Juventude e o goleiro Arthur de Marco, no Novo Hamburgo, que trabalharam com Ebert.

Ainda segundo análise do grupo de gestão da base, a continuidade gera benefícios diretos e indiretos, uma vez que pode auxiliar no processo de formação de um grupo menos oneroso do futebol profissional e, consequentemente, a receita direta com negociações.

Em caso de transferências de atletas do Esportivo para clubes maiores, de forma direta, o alviazul não dependeria das pequenas porcentagens de negociações futuras oriundas através do mecanismo de solidariedade da Fifa. Na última temporada garantiu boa receita após a venda do prata-da-casa Andrei Girotto, para o Nantes da França.

A fim de aperfeiçoar a gestão do clube e as relações de um time de formação e o profissional, a expectativa da diretoria é de que para 2019 o time Sub-19 seja efetivado. Parte do valor a ser levantado através do projeto iria para as equipes de alto-rendimento (que incluiria este time, o Sub-17 e, possivelmente, uma equipe Sub-15).