De tudo um pouco

Do que é que vocês querem que eu fale? Do jogo de “to be X fora” entre o Governador e Prefeitos? Do estranho silêncio do Presidente Bolsonaro? Da “morte” da operação Lava Jato? Do “eu te mato, tu me mata” que resulta no extermínio de gente (bandidos?) em Bento? Do jogo “tu é culpado, não, o culpado é tu” entre Caxias e Bento sobre a invasão do vírus? Do “silêncio mortal” com que se reveste o processo eleitoral em Bento? Das dúvidas, incertezas, desemprego, dificuldades financeiras que esse “bruta bestia” do Corona está trazendo? Das “transgressões” da juventude que “não tem medo de nada” e continua fazendo festas em sítios e residências, à revelia de pais coniventes? Dos dois bilhões de reais que o Presidente Bolsonaro destinou para que, em dezembro, tenham 15 milhões de vacinas produzidas para combater a Covid-19? De que, na minha visão, a Câmara de Vereadores de Bento vai sofrer uma renovação de 40 a 50% dos Vereadores? De que, nos três primeiros meses do Corona, 9 milhões de brasileiros, entre não qualificados e informais, perderam ocupação? De que a pandemia bateu novo recorde em Porto Alegre nesta quinta-feira e que a média de óbitos diários no estado cresceu 10%? De que, ao terminar o GRENAL, que assisti num estado de “matar cachorro a grito”, vítima da crise, olhei para a televisão e disse “por Deus que me dá mais vontade ainda de vender fora tudo”?

A “minha pandemia”

Não aguento mais esse mundo ADULTO e a Pandemia que o envolve, no meio da qual há os que “faleceram”, os que estão sofrendo e os que tiraram extraordinária vantagem com o vírus. Não aguento mais a classe política de Brasília que, em troca de dar governabilidade a Bolsonaro acabou com a Lava Jato. Não aguento mais os que se intitulam Deuses do Poder, os Ministros do Supremo. Todos deveriam estar em tratamento psicológico ou melhor, psiquiátrico, em prisão domiciliar, quem sabe até no Hotel do Jaime Farina, que é psiquiatra, assim teriam uma prisão “5 estrelas”. Nem falo no nosso presídio municipal, este é para mim, já parei em Hotel pior que o novo presídio onde, a partir do segundo dia, me adaptei facilmente. Diga-se “en passant” que o nosso novo presídio é melhor do que o IBIS, considerando-se inclusive e, fundamentalmente que, além de tudo ser novinho, é tudo de graça. Por Deus que pensei em morar lá, tenho 50 empregos diretos para pagar salário, pago impostos, me considero um cidadão do bem (há controvérsias?) sofro os efeitos da Pandemia, “o que é que eu tô fazendo aqui que não tô no presídio com casa, comida, lazer e recreação de graça”? Lá no Jaime Farina quem não paga é “Deputado”, eu tenho que pagar, assim só me resta recitar Castro Alves “OH Deus, onde estás que não me ouves, embuçado nos céus, há dois mil anos mando meu grito que embalde então corre o infinito”? (colocação complementar: tive que decorar poesia de Castro Alves, de castigo contra as paredes do Colégio Aparecida, foi ruim!).

O peralta Henrique Alfredo

Henrique era o nome do meu avô por parte de pai e Alfredo era o nome do meu avô por parte de mãe. Assim nasceu a ideia do nome ‘híbrido’ Henrique Alfredo. Quando eu tinha 8-9 anos cheguei a morar com a minha avó materna, a Dileta. Meu avô tinha um mini moinho.  Em algumas manhãs me tocava levar o café da manhã cujo cardápio era “pane e vino”. Eu ficava olhando aquilo, meu avô molhando o pão no vinho e eu “becs”, pensando “estará aí surgindo um novo normal”? Aquela observação me serviu porque além de ser um amante do vinho estou seguindo à risca o preceito daquele médico que afirmou “o vinho afoga o vírus”. Ele só não esclareceu se o vinho é brasileiro, italiano, espanhol, chileno ou argentino. Estou pesquisando. Bem, mas voltemos à minha “pandemia de guri”, era mais saudável do que a que está em moda. Minha vida, continuando, no “Barracão City”, se dividiu em duas fases. A primeira até os 8 anos, quando minha família morava com meu avô, éramos onze morando num casarão. Esta fase foi muito boa, carrinho de lomba, viera, 5 marias, esconde-esconde, mini caçadas, roda de jogar conversa fora, estudo. Minha pandemia se resumiu em tornozelo danificado pelas rodas do carrinho de lomba (ovelha não é pra mato!) e mais dois marcantes episódios. Minha avó Irene fazia as calças das fatiotas que meu avô e meu pai faziam e, eu ali, observando, por dias e dias. Um certo dia, cheguei chegando e…..cadê minha vó? Não tava ali e a máquina dando sopa. Assumi o controle da “bicha” e, como eu era fã de Juan Manuel Fangio, o multicampeão de fórmulas, acelerei (no pedal), acelerei, acelerei e, com as mãos eu imitava minha avó costurando. De repente eu me atrapalhei na pedalada, olhei para minha mão direita e, no dedo indicador estava espetada a agulha da máquina, a cabeça do lado de cima e o restante do lado de baixo. Saí corredor afora com aquele braço esticado, não doía nada, nada mesmo, até que alguém descobriu, não foi fácil explicar. E o meu avô, logo veio com aquela alicate dele pra cima de mim, sinceramente tipo agente da SS, a polícia secreta do Hitler e, com aquela filosofia que lhe era peculiar “se há problema que se resolva”. Só que “não era com o dedo dele”. E assim, longe dos holofotes e de qualquer ser humano pensante na solução do problema, vaguei pela casa durante três dias. Quando eu ia rezar, antes de deitar, o sinal da cruz era prejudicado pela presença da agulha naquele lugar estratégico. Ao dormir o braço direito ficava levantado. Ao tomar café, bendito Santo Deus, sorte minha que eu era canhoto embora meu avô fizesse guerra psicológica dizendo que “pessoa canhota não vai ser nada na vida”. Graças à “influência” dele hoje eu sou canhoto e destro, “recebo dinheiro com a direita (onde está o dinheiro?) e gasto com a esquerda (está desativada)”. Bem, verdade é que no terceiro dia os ninhos das galinhas caipiras acumulavam ovos, não havia bolo, nem biscoitos e eu tive então que não mais resistir aos encantos do “torturador” e seu alicate. A “extração” da agulha foi um acontecimento familiar. Eu só ouvia “povereto”, “vá pian Rico (codinome do meu avô)”, mas tava ali, firme que nem palanque em banhado, meu avô pela segunda vez – sempre tem uma segunda vez – havia prometido  que não doeria. Mão num dedo, alicate no outro, eu de olhos fechados e, lembrando das palavras frequentes da minha avó “virgine Maria”. Partiu…….não vi nada, desmaiei de dor, uma dor inimaginável, não ouvi, duas horas depois, ao “voltar à vida”, minha mãe diz “dor coisa nenhuma, tu não conhece as dores do parto”. Bem, foram dez dias de uma dor insuportável, meu avô num andar eu no outro, cortei as relações, mas aprendi o significado de “su co’le reche” (levanta as orelhas, confia desconfiando, “se tem tosse ou espirro pode ter o vírus”!). O meu dedo hoje? Está azulado, manicure passa longe dele e, quando bato com ele em algum lugar “vejo estrelas”.

Outro episódio pandêmico

Sabem como é que era ou, como é que ainda é, o ritual da colônia. Sábado de manhã faxina na casa, roupa no varal depois do tanque e, à tarde, o trato no corpo, roupinhas especiais, cabelos ao vento em frente de casa e em meio a “chácolas” ou lembranças, saudades, espera “por quem vai vir”. Calça curta, suspensórios, cheirosinho de sábado à tarde, lá fui eu de encontro a um amigo. Ele estava atrás da casa dele capinando em meio aquele lamaçal de água saída da pia da cozinha. Mão no bolso, cheguei perto e, inconsequente, falei “capina trouxa!” Ele virou a enxada e com a cabeça dela atingiu, raivoso, a sobrancelha do meu olho direito. Ela caiu em cima do olho, segurei com a mão direita “sem o dedo indicador” e, “buá…buá…buá…” saí correndo chorando pra casa. Antes de subir a escada me recompus um pouco, parei de chorar, mas meu estado era de um “lesionado de guerra”. Aprendi a primeira grande lição da minha vida: humildade. Respeite a condição social das pessoas. O meu dedo ficou “rosado e dolorido”, o meu olho direito tem um “sulco” acima da sobrancelha, marcas da minha “pandemia” de criança, até os 8 anos. Feliz dia, papai! Bom “findi” leitores!